vinte

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Bonnie

Bonnie não conseguia parar de cheirar o próprio cabelo. E tocar nele também. Depois que saiu do banho, estava quente demais para que ela usasse o secador, então preferiu deixá-lo ao natural, mesmo que isso implicasse alguns cachos fora de ordem assim como o frizz fora de controle. Para ser bem sincera, ela duvidava que seu cabelo fosse ficar menos do que irritantemente perfeito sem muito trabalho, já que todos aqueles produtos que ela utilizou eram maravilhosos, assim como caros demais para seu orçamento mensal.

Além dos produtos de cabelo e dos sabonetes, Bonnie também achou um frasquinho pequeno de perfume em uma das gavetas do banheiro, assim como uma escova de dentes ainda na embalagem, que Marceline a deixou usar. Somado tudo isso e a camiseta emprestada do Bon Jovi, a loira estava exalando tanto o cheiro da vocalista, que era difícil segurar sua vontade de sair fungando por tudo. Pelo cabelo, pela roupa, pela pele, pelo carro no qual ela estava no momento e por que não? Na própria dona daquela fragrância que estava sentada ao seu lado em frente ao volante.

Antes de saírem do apartamento, trocaram mais inúmeros beijos. Muito mais do que apenas beijos também e era difícil não se sentir impelida em direção uma a outra. Mais difícil ainda segurar os próprios impulsos de se chocarem uma na outra.

- Já estamos chegando? – Bonnie perguntou por cima da música alta dos alto falantes nas laterais do carro.

Marceline subiu os óculos de sol escuro para o topo da cabeça, levando os cabelos para trás como se fosse uma tiara.

- Sim – respondeu – mas acho que vamos acabar tomando chuva.

- Por quê? – Bonnie questionou.

Marceline abriu um sorrisinho mas não respondeu, ao mesmo tempo em que estacionou o carro em uma vaga aberta, que ficava no acostamento do que parecia ser uma praça circular, no meio do quarteirão.

A chuva não estava tão forte quanto na noite anterior, embora ainda estivesse vindo em parcelas, ao que parecia. O céu fechava em um cinza aberto e as gotas caiam violentamente pela cidade de Nova Lisboa, depois parava e abria uma pequena fresta entre as nuvens para uma passagem tímida do sol ao mesmo tempo que gotas fracas continuavam seu percurso vertical. Típicas chuvas de verão.

- Pronta? – Marceline sorriu travessa.

Bonnie devolveu o sorriso. Adorava a forma como Marceline sorria nesses momentos, como uma criança travessa, pronta para desbravar o mundo com olhos de inocência e coragem.

- Pronta!

Marceline saiu do carro e deu a volta. O vento açoitando seus longos cabelos para trás e para o lado e os óculos de volta em seus olhos deixando Bonnie sem folego apenas com a visão.

Ela abriu sua porta e estendeu a mão para que Bonnie segurasse.

- Vossa alteza.

Bonnie riu. Uma risada aberta de olhinhos fechados quando aceitou sua mão. Os autofalantes do carro ainda ligados, em volume alto enquanto tocava Fairytale, de Alexander Rybak na lista de reprodução. A chuva em seu momento salpicada pelos raios de sol, deixando pequenos arco-íris visíveis sobre pequenas poças de água que estavam acumuladas na praça e rua.

- Quer dançar? – Marceline perguntou de repente.

- Ué, dançar? – Bonnie perguntou.

- Vem – ela a puxou pela mão, deixando a porta aberta e a levando alguns passos para dentro da praça.

A puxou pela cintura com força e começou a dançar com Bonnie, no meio da chuva, no mesmo momento que a música atingiu seu ápice de cordas de violino e palmas. Bonnie riu e aceitou o embalo. Giraram uma a outra, as duas juntas, rodando em um circulo de dança completamente fora de ritmo ou qualquer compasso. Marceline também estava rindo.

na ponta da língua (Bubbline)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora