vinte e dois

1K 115 19
                                    

Bonnie

- Querida, eu vou lá com a sua avó procurar nossas cadeiras, tudo bem? – Disse Rebecca.

Sua mãe parecia melhor hoje, Bonnie pensou. Embora seus olhos não estivessem tão brilhantes quanto havia sido outrora, ela ainda conseguia identificar quando aquele azul se iluminava. Hoje em especial, ela havia se arrumado muito mais do que o costume, talvez por influência de sua sogra, avó paterna de Bonnie. Até mesmo seus cachos estavam mais definidos, descendo como molas emoldurando seu rosto.

- Tem certeza de que sua amiga vem? – sua avó perguntou logo em seguida – Está quase em cima da hora.

Anelita, apesar da idade, era uma mulher de aparência impecável e olhos acolhedores. Era a pessoa cujo traços Bonnie mais puxou em seu DNA. Tinha o cabelo em um tom de caramelo e olhos tão castanhos quanto os do pai dela e os dela. Era como olhar para ela mesma no futuro.

- Sim – Bonnie respondeu para a mulher, sorrindo – Podem ir na frente, assim que ela chegar encontramos vocês duas!

- Tudo bem, querida – Anelita lhe deu um beijinho na bochecha – Nos vemos lá dentro.

E de braços dados, as duas mulheres entraram pela porta principal do auditório, junto com mais uma pequena multidão do público que estava esperando pela liberação, deixando Bonnie sozinha no saguão.

Ela mal teve alguns minutos naquele dia, para pensar nos últimos acontecimentos de sua vida; assim que chegou em casa, sua avó já estava aguardando. Estavam ela e sua mãe na mesa da cozinha, tomando café e comendo alguns doces e pães caseiros. E assim que Bonnie viu a matriarca da família, correu em sua direção para lhe abraçar e estalar um beijo em sua bochecha.

Bonnie se sentou na poltrona e cruzou as pernas para esperar a vocalista então, vendo conforme o saguão começava a esvaziar. Marceline não era dada a atrasos e Bonnie começou a se preocupar se ela de fato vinha ou se tinha acontecido alguma coisa.

Puxou o celular de dentro da bolsa mas antes que pudesse abrir na conversa e mandar uma mensagem, viu Marceline passar pela porta. E ela estava mais linda do que nunca.

Vestia calça jeans de lavagem clara, coturnos pretos e uma camiseta branca simples; enganchado em seu dedo no ombro, estava pendurada uma jaqueta de couro preta. Além disso, a morena ainda estava vestida com um sorriso simples. Caminhava em direção a loira com passos suaves e confiantes e não desviou o olhar esverdeado nem por um segundo.

Bonnie, sem perceber havia se levantado da poltrona e no segundo seguinte estava nos braços de Marceline, em um abraço apertado, como se elas não tivessem se visto poucas horas atrás. Seu perfume pareceu a atingir como uma bala no peito, aquele cheiro tão característico dela... Algo cítrico ou mentolado, ela não sabia bem como explicar. Sentia sua cintura formigar no ponto onde ela apertava e não queria que aquilo acabasse.

- Desculpe o atraso, alteza - Marceline sussurrou em seu ouvido, lhe causando arrepios no couro cabeludo.

- Tudo bem - Bonnie sorriu - estou feliz que veio.

Marceline devolveu o sorriso e tirou a jaqueta dos ombros, a acomodando em seu braço direito; se curvou suavemente na poltrona e pegou a bolsa de Bonnie, a colocando no próprio braço também.

- Vamos? - pediu e segurou novamente sua cintura, para que andassem lado a lado desse modo em direção ao anfiteatro.

- Minha mãe e minha vó já estão sentadas - Bonnie murmurou baixinho quando entraram no salão, o vento do ar-condicionado atingindo seus cabelos loiros - vamos por aquele corredor...

Ela se soltou dos braços de Marceline mas segurou sua mão, caminhando em sua frente.

Tentava não tropeçar ali, não com tudo o que estava remexendo e revirando dentro de si. Não sabia por que tinha ficado tão nervosa assim, embora estivesse se concentrando em não olhar naquele rosto atrás dela.

na ponta da língua (Bubbline)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora