dezoito

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Marceline

Marceline conseguia sentir seu peito leve e comprimido ao mesmo tempo. Se sentia leve de uma forma que mesmo que tentasse manter sua postura de quem sabia exatamente o que estava fazendo e como conseguir o que queria, não conseguia deixar escapar sorrisos lentos, daqueles que deixam os olhos fechadinhos e as bochechas coradas. Sentia os toques na pele de Bonnie com muita sensibilidade e se maravilhava cada vez que isso acontecia.       

Queria rasgar o próprio peito, queria tirar qualquer pudor que ainda por ventura pudesse possuir. Queria se virar do avesso, queria ser exagerada, queria saciar aquela sede que vinha tão fundo dentro de si. Queria roubar Bonnie para ela, ao mesmo tempo em que queria lhe pertencer e o fato de ter constatado isso em tão pouco tempo a deixava mais assustada como nunca esteve antes. Ainda estava traumatizada pelo seu relacionamento passado e imaginava que aquela divindade em seu colo, dona de lábios doces que beijavam suavemente e com urgência os seus, também estava. Sentia o coração da loira batendo forte, a respiração descompassada e o tanto que parecia que estava sem tantos pensamentos quanto ela. Como ela parecia leve e apenas leve.      

- Tudo bem, Marcy? – Bonnie tinha parado de beijá-la e tentava recuperar o fôlego. Adotou uma expressão preocupada.      

- Estou bem – Marceline sorriu – estava pensando no quanto te acho linda.      

Não era totalmente mentira. Bonnie sorriu e colocou uma mecha loira atrás da orelha.      

- Desculpe, me expressei errado – Marceline murmurou e começou a depositar beijos na curva de seu pescoço – No quanto você é linda, Bonnie. Não importa minha opinião.      

- Bom – Bonnie suspirou – para mim importa. Não é todo dia que alguém está disposto a me ver.      

- Te ver?      

- Sim – Bonnie sorriu – alguém que esteja disposto a me enxergar de verdade e não só minha aparência... supondo que me ache linda não só pelo meu rosto e corpo, claro.      

Marceline sorriu e concordou. Bonnie de fato era muito mais inteligente do que ela tinha imaginado.      

- Seu exterior é só um bônus, Bon... – Marceline segurou com força a bunda da loira e de maneira cuidadosa, porém pouco gentil, a levantou e a colocou deitada em cima do sofá.      

Com o impacto de suas costas no tecido do sofá, Bonnie soltou uma gargalhada. Não estava esperando por esse movimento, aparentemente e se assustou. Marceline tentou rir também, achar graça, mas estava ocupada demais prestando atenção no quanto aquela voz, aquele timbre... A despertava algo. A deixava cativa. A deixava quase febril de incendiada. Aqueles olhos grandes e castanhos escuros, brilhando para ela, olhando para ela. O formato dos dentes, quadrados e pequenos. Os cachos dourados pós chuva emoldurando seu rosto, jogados de maneira simples no estofado do sofá. Aquele cheiro tão parecido com canela, inebriando seus sentidos... queria grudar o aroma no próprio corpo.      

Engatinhou por cima de Bonnie, sem tentar ser atraente como normalmente ela faria em momentos como aquele. Pouco se importava com a sua aparência, ela precisava apenas sentir, apenas ter aquela mulher ali. Bonnie tinha parado de rir, embora seus lábios ainda estivessem moldando um sorriso travesso e feliz. Parecia vestida com aquele sorriso. Parecia invadir Marceline.      

na ponta da língua (Bubbline)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora