Capítulo 16

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DANIEL

Eu estava lá, mas ao mesmo tempo, não.

Conseguia ver as duas pessoas mais importantes da minha vida. Eu queria pode agarrar, abraçar e beijá-las.

Mas não estava possibilitado de fazer isso. Eu sabia que aquilo não era real.

Barbara dirigia o carro enquanto nosso filho estava no banco de trás, com os devidos cuidados, preso em seu bebê conforto e pelo cinto. Barbara também estava de cinto.

Ela ria e se divertia com a música que tocava, que na minha mente era a nossa música. Já que eu não poderia ter certeza do que aconteceria naquele exato dia, por não estar com eles.

Eu podia sentir o clima leve e a felicidade no ar, menos por minha presença, que era como a treva em meio à claridade.

Eu sabia o que iria acontecer e tentava gritar para que ela parasse aquele carro. Que não saísse de perto de mim, voltasse e ficar comigo naquele dia para viajarmos juntos. Mas minha garganta tinha um bolo que me impedia de respirar e pronunciar qualquer palavra que fosse.

Estava começando a me agitar, querendo gritar e chutar tudo.

Meu filho ria, minha mulher cantava.

O clima estava feliz.

Eles eram tudo para mim.

Até que veio a escuridão. O breu total.

Fui acordado por um par de mãos gentis que me sacudiam e me chamavam em desespero.

Por alguns instantes pensei que poderia ser Barbara me acordando de um terrível pesadelo, ela brigaria comigo por ter falado algo e a assustado enquanto dormia, eu a abraçaria e voltaríamos a dormir até a hora de amamentar nosso pequeno que dormia tranquilamente no quarto ao lado.

Mas nada disso aconteceu. O que me deparei assim que abri os olhos, foi com Camila visivelmente assustada.

— Desculpa, eu... estava tendo um pesadelo.

— Tudo bem. Eu entendo. Quer conversar sobre?

Passei as mãos pelo rosto que estavam suados e... aquilo era uma lágrima?

— Eu estou bem. Não se preocupe, foi apenas um pesadelo mesmo.

Sequei meu rosto como podia. Não queria deixar transparecer aquele momento de fragilidade, e me sentei no sofá.

— Posso? — Camila apontou para o sofá, perguntando se podia sentar ao meu lado.

Claro que podia, afinal eu era o intruso ali.

— Acordei a Lara? Eu não queria trazer transtornos.

— Não, ela ainda dorme tranquilamente.

— Que bom. Desculpa ter te acordado, então.

— Eu nem tinha dormido. Você chamava por um nome... Barbara. Quem era?

Eu não queria mesmo falar sobre aquilo. Era um assunto que eu não gostava de lembrar, de mencionar, de recordar. Nada.

E provavelmente Camila notou pela minha cara, já que mudou de assunto.

— Tudo bem. Vamos falar da... Do que você quer falar?

— Qualquer coisa, só não... me deixe sozinho neste momento.

Saiu como uma súplica. Talvez uma revelação.

Eu estava acostumado a ficar sozinho, já tive aquele tipo de pesadelo, várias vezes.

Então de onde vinha aquela vontade súbita de não querer ficar sozinho?

Um CEO ConquistadoOnde histórias criam vida. Descubra agora