Capítulo 4

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DANIEL

E lá estava eu, novamente cumprindo minha rotina, saindo cedo para casa e indo para o trabalho, tocar minha empresa.

Dessa vez entrei no elevador preparado para a bagunça de Natália, eu passaria reto sem olhar para os lados e aquilo não me afetaria.

Eu havia me atrasado alguns minutos para dar tempo dela chegar antes de mim. E isso era um avanço para mim mesmo.

Assim que a porta se abriu, foquei meus olhos lá na frente e comecei a andar. Eu estava determinado a passar reto. Muito determinado.

Mas infelizmente minha irmã não estava disposta a deixar isso acontecer.

— Ei, bom dia. Temos que conversar.

A voz dela invadiu meus ouvidos, e instintivamente me virei em sua direção.

E minha surpresa foi grande ao ver outra pessoa do outro lado da mesa, no lugar antes ocupado por Natália, mexendo nos papéis.

E chocando-me de vez, organizando-os.

— Temos uma assistente, finalmente — falei aliviado.

— É, aparentemente, sim. Mas precisamos conversar. Como assim você tinha uma agenda online e não me falou nada?

Natália continuou falando enquanto eu olhava a moça, que me balbuciou um bom dia, e voltou sua atenção à atividade que já vinha exercendo.

Ela tinha os cabelos negros muito bem presos a um rabo de cavalo e trajava um vestido preto, justo ao corpo, mas muito comportado. E isso era tudo o que eu podia ver com ela sentada atrás de uma mesa. Mas também tudo que eu precisava.

— Você não me perguntou sobre nada — respondi para minha irmã.

— Sim, mas você deveria ter me falado, já que era você quem sabia.

— E como você descobriu sobre a agenda? — Arqueei uma sobrancelha, imaginando a resposta.

— A Camila per... — ela parou a resposta no meio do caminho, encarando-me e também arqueando um das sobrancelhas — Não vem ao caso. Você deveria ter me falado e ponto.

— Está bem. — Deixei minha irmã com um bico de aborrecimento e me virei para a mulher desconhecida. — Você pode me encontrar na minha sala em cinco minutos.

Não havia sido uma pergunta, era uma ordem dada a um funcionário, mas a mulher balançou a cabeça, confirmando o que eu havia dito.

— Parece que vamos arrumar essa mesa, afinal — falei para minha irmã, que me mostrou a língua.

Ela podia ser uma adolescente quase adulta, mas seu espírito ainda era daquela menininha brincalhona que eu amava.

Segui para a minha sala, sem dizer mais nada, fechei a porta assim que entrei, e fui para a minha mesa, iniciando o computador.

Comecei a preparar algumas coisas que deveriam ser feitas, mas meu dia estava um pouco mais tranqüilo.

Após alguns minutos, uma batida na minha porta. Autorizei a entrada, e a mulher que seria minha nova secretária entrou.

Ela era um pouco mais alta do que eu havia imaginado, deveria ter em torno de um e setenta, e muito mais elegante também.

— Senhor, queria falar comigo? — ela soou firme.

— Sim, sente-se. — Apontei para uma das cadeiras à minha frente.

— Antes de tudo, meu nome é Camila Alencar. — Ela me estendeu a mão, que eu apertei. — É um prazer conhecê-lo e trabalhar para o senhor.

— Como já deve saber, eu sou Daniel Marino, CEO da Preferitto chocolates, e para quem você vai trabalhar como assistente. — Ela apenas mexeu a cabeça, concordando. — Infelizmente, a última secretária que tive precisou sair com urgência, e não terei uma pessoa especifica que possa lhe ensinar. Mas como já deve ter percebido, sou adepto a que as pessoas me perguntem o que querem saber, e peço que qualquer dúvida, não hesite em fazer isso.

— Tudo bem, obrigada.

— Minha irmã vai ficar algum tempo com você, mas ela é apenas uma adolescente que quis me ajudar, então não se baseie nela. Espero que Monica já tenha te passado tudo o que seria necessário. E como já deve ter descoberto, minha agenda está em um Drive. E se a viu, sabe que minha manhã está livre, então pouco precisarei de você, fique à vontade para conhecer o andar e como os sistemas funcionam.

— Okay, obrigada. Mais alguma coisa? — ela perguntou, ainda com a voz muito firme.

— Não, apenas isso. Pode ir.

Ela se levantou, ajeitando o vestido preto em torno do corpo, e saiu da minha sala.

Após sair, ela fechou a porta atrás de si. Levantei-me e caminhei até as persianas que ficavam na janela de acesso ao andar.

Observei por breves instantes as duas mulheres conversando animadamente, e logo voltei aos afazeres.

Tomara que ela seja uma boa secretária. Era só disso que eu estava precisando.

***

Camila

Daniel Marino, CEO de uma das maiores empresas de chocolate, era meu novo patrão.

Isso me soava com um daqueles livros gostosos de ler. Mas infelizmente aqui era a vida real, e eu tinha que manter o foco no meu emprego.

Apesar de ser um homem muito bonito, alto, loiro, olhos pequenos e azuis, aparentemente muito musculoso e com uma barba por fazer, ele não era tão simpático quanto a irmã.

Mas ele tinha o desconto por ser o dono daquilo tudo. Tinha que manter a beca na presença de outras pessoas, especialmente de uma funcionária. Eu compreendia aquilo.

Assim que saí da sala dele, fui para a mesa, que seria minha agora e me sentei confortavelmente.

Natália me observava enquanto eu começava a arrumar os papéis em ordem alfabética novamente.

— Ele foi grosso com você? Se foi, é só falar que eu vou lá dar um chute no traseiro dele — ela falou seria enquanto gesticulava.

Não consegui me segurar e comecei a rir. Era incrível como algumas pessoas conquistavam nossa simpatia com poucos minutos de convivência, enquanto outras levavam uma vida inteira e nunca conseguiam isso. Era uma pena pensar que em uma semana eu não teria Natália mais ali comigo, eu já estava gostando dela. Pelo menos até aquele momento. Ela não me parecia ser uma daquelas riquinhas mimadas.

— Não foi não. Foi até simpático. Disse que qualquer dúvida eu posso perguntar a ele — disse a verdade. Ou a meia verdade, porque simpático mesmo, ele não havia sido. Mas eu não iria dizer isso para a irmã do meu chefe.

— Menos mal. Se é assim, vamos agilizar isso que eu quero te apresentar à empresa. Topa almoçar comigo hoje?

Ela realmente era animada e eu gostava disso, porque me identificava.

— Claro, super topo.

— Oba.

Depois de certo tempo, mexendo naquela mesa bagunçada, saímos para almoçar, quando eu fiquei sabendo que havia um refeitório na empresa também, o que me deixou aliviada, pois já começava a imaginar o estilo de restaurante que aquela família frequentava. Se bem que ela estava me acompanhando a um refeitório. Tudo estava conspirando para que eu acreditasse que não eram uma família mesquinha.

Bom, o irmão aparentemente não era tão simpático quanto ela, mas eu torcia para que fosse uma pessoa humilde.

Meu primeiro dia estava sendo legal, e eu estava doida para chegar em casa e contar tudo a Lara. 

Um CEO ConquistadoWhere stories live. Discover now