CENA EXTRA

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DANIEL

Estávamos todos reunidos na cozinha, em volta do enorme balcão onde minha mulher preparava seus doces.

Naquele momento ela separava os ingredientes para o preparo de um bolo. Tínhamos tudo em cada tigela já nas quantidades certas.

Seria fácil, apenas colocar em uma bacia, ligar a batedeira, depois assar e degustar.

Simples, certo?

Errado.

Pelo menos quando se tinha três crianças rodeando a mesma mesa.

Assim que Camila colocou o último ingrediente sobre o balcão – a tão temida farinha de trigo – e deu a largada, as crianças grudaram cada uma em um objeto e começou a gritaria.

Lara como já tinha dez anos, ficou responsável pelo eletrodoméstico. E ela se sentia muito adulta por usar a batedeira.

Cristiano e Flor ficaram com a tarefa de despejar os itens na bacia.

Meus gêmeos estavam com três anos, e eram tão espertos quanto eu.

Corria tudo bem, até pegarem a amaldiçoada farinha.

— Isso vai dar ruim — falei baixinho para Camila, que tinha um sorriso enorme nos lábios, tão grande quanto o meu.

— Vai não. Está tudo sob controle. — Ela parecia confiante demais para o meu gosto. Como se já não soubesse os riscos que corríamos.

E dito e feito. Assim que Cristiano jogou a farinha dentro da bacia, encontrando-se com o batedor, uma nuvem branca cobriu a cozinha praticamente inteira.

— Eu avisei que aconteceria isso — eu disse entre tosses.

Mas ao meu redor todos riam, animadamente.

Camila ao meu lado era a mais alegre.

— Eu acho que vou ter que passar os meus segredos mágicos pela milésima vez. Estão preparados? — enquanto dizia, ela abanava a poeira branca que ainda pairava no ar. — E o papai depois limpa a bagunça. Quem topa?

Todas as crianças, juntamente com Camila, levantaram as mãos. As duas.

— Eu acho uma injustiça. Eu queria comprar um bolo pronto desde o início — tentei me defender.

— E pronto de quem? — Camila perguntou, colocando a mão na cintura.

— Ah, de uma boleira aí. A empresa dela se chama Conquistas Delas. Conhece? — brinquei.

— Engraçadinho. Melhor do que comprar o meu, é fazer junto. Vamos lá, mão na massa. Literalmente.

Quando minha mulher começou a preparar as coisas, tudo foi saindo, como em um passe de mágica.

Algumas horas depois, a cozinha estava toda limpa, e estávamos com um bolo enorme sobre a mesa e todas as pessoas que eu amava em volta.

Era um domingo à tarde, e como de costume, nos reuníamos todo final de semana em uma casa, e naquele era na nossa.

Natália estava presente com o seu enorme barrigão de grávida de sete meses. E eu continuava jurando que seriam dois bebês, já que sua barriga estava quase do mesmo tamanho que Camila ficara quando estava grávida dos gêmeos. Mas Natália insistia em dizer que era apenas um. Um menino, que se chamaria Otávio.

Minha mãe também estava presente, com o pai de Henrique, seu novo namorado.

Sim, isso mesmo, minha mãe estava namorando. E o que eu poderia dizer, não é, ela era minha mãe.

Mas eu já havia tido uma conversa de homem para homem, do mesmo nível que tive com Henrique, dizendo que se eles magoassem minhas meninas, eu não pensaria duas vezes em agir.

Eu não queria nem pensar quando chegasse à vez dos meus três filhos apresentarem namorados.

— Mamãe, posso fazer um pedido? — Flor perguntou enquanto encarava o bolo.

Inevitavelmente, todos ao redor riram.

— Não, meu amor. Esse não é bolo de aniversário.

— Mas e se colocar uma vela?

Novamente a risada foi inevitável, e tivemos que realizar o desejo dela. Por sorte, tínhamos algumas velas de aniversário passados, guardadas.

E como sempre, tivemos que colocar três, uma para cada um assoprar e fazer seus pedidos.

Assim eles fizeram, e logo em seguida, pegando um pedaço de bolo para cada. Que modéstia à parte, estava muito bom, à base de chocolate Preferrito.

Aliás, nossa marca era uma das maiores patrocinadoras da empresa de bolo de Camila, que vinha crescendo cada vez mais, juntamente com minha empresa.

— O que você pediu afinal, Flor? — Natália perguntou, enquanto também comia do bolo.

— Eu pedi um skate muito ladical. — Como se fosse novidade. Estávamos começando a descobrir os gostos das crianças mais novas, e alguns desses gostos começava a nos assustar. Flor era muito nova para começar com brinquedos radicais.

— E você, Cris?

— Eu pedi a Abigail.

Novamente todos riram. Meu filho era apaixonado por carros, e a sua verdadeira fascinação era o carro velho da mãe, que ocupava uma vaga na garagem, já que ela se recusara a se desfazer do trambolho.

— E você, Lara, qual o seu pedido?

— Eu pedi apenas para que continuemos sempre assim, felizes e reunidos — minha pequena respondeu, calando a todos.

Os segundos de silêncio se estenderam, e eu podia ver os olhos de cada um brilhando.

Lara desde muito nova tinha o dom de conquistar a todos, e trazer coisas boas. E isso continuava com ela.

— Eu sei que sou muito feliz com as pessoas que me conquistaram. — Lancei uma piscadinha para Lara e logo em seguida uma para Camila. — E pela minha família a quem conquistei.

O clima poderia ter ficado apenas na reflexão e agradecimento, mas Natália não seria ela se não dissesse algo que fizesse todos gargalharem novamente.

— Eu que sou a grávida e você quem fica emotivo, maninho?

Com muita educação a todas as grávidas que habitavam o planeta, eu lhe mostrei a língua.

E assim estava a minha vida, depois de tudo o que havia passado. Tudo o que Camila enfrentara.

E naquele momento com todos rindo e se divertindo, comecei a desejar que cada um conquistasse a sua família, fosse ela como fosse. E que cada um tivesse pelo menos um pouco da minha felicidade.

FIM.

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Oi, amores. Chegamos ao fim, espero que tenham curtido.

E não se esqueçam que temos livro novo começando amanhã, 21/01.

Muito obrigada por mais essa aventura ao meu lado, vocês são demais.

Um CEO ConquistadoWhere stories live. Discover now