Capítulo 11

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DANIEL

O dia tinha sido corrido. Não tinha conseguido falar mais com Camila. Mas eu gostava de dias assim.

Dias corridos eram sinônimos de dias cansados, exausto, de deitar na cama e apagar.

Eu gostava de dias assim.

Aquele seria um desses. Já que eu sentia minhas costas latejar enquanto organizava a ultima remessa de papéis assinados, alinhadamente e colocava sobre o suporte para serem arquivados e entregues no dia seguinte.

Uma batida na porta desviou minha atenção, mas pedi para que quem fosse entrasse – mesmo já sabendo quem era.

Camila abriu uma pequena fresta, colocando apenas a cabeça para dentro da sala.

— Deu a minha hora. Precisa de mais alguma coisa?

— Não, obrigada.

Ela fez um meneio de cabeça e estava saindo quando a chamei de volta e ela se voltou para mim.

Mas eu não sabia o que falar. Não tinha nada em mente.

— Manda um... beijo para Lara.

Manda um beijo para Lara?

Mas que porra é essa? Agora eu não estava mais comandando minhas falas?

Ela pelo menos achou graça.

Com certeza ela acharia isso bizarro. Quem manda um beijo para uma criança?

Ainda mais o chefe da mãe dela.

Que idiota que você é, Daniel.

— Obrigada, até amanhã.

Desta vez controlei minha boca para que se permanecesse fechada e apenas confirmei com a cabeça. Ela saiu fechando a porta e eu coloquei o computador para ser desligado.

Geralmente eu ficava um tempo a mais, mas já estava tudo adiantado, papéis assinado, então eu não teria muito mais que fazer ali.

Peguei o paletó no encosto da cadeira e sai da minha sala. A mesa de Camila já estava vazia com tudo desligado, indicando que já havia indo embora.

Desci até o estacionamento, peguei o carro e dirigi até a saída.

Enquanto estava parado na saída, esperando o movimento passar para entrar na via, sobre o silencio do meu veículo, guiado apenas pelo barulho do transito, meus olhos vagaram pelas vias quando algo, ou melhor, alguém, prendeu minha atenção.

Camila estava parada, encostada em um poste, próxima a um ponto de ônibus.

Havia outras pessoas com ela, já que era hora de pico. Mas ela era a que mais prendia minha atenção. Obviamente por ser a única que eu conhecia, pessoalmente pelo menos, já que provavelmente teria outras pessoas que trabalhavam na minha empresa ali, esperando um ônibus.

Sua melancolia estava estampada em seu rosto. Estava afastada de todos, com um olhar perdido.

Ela segurava a bolsa contra o peito, enquanto estava apoiada com um dos ombros.

Perdi alguns segundos observando-a, intrigado e sem tirar da cabeça o hematoma que reparei em seu rosto.

Mas uma buzina logo atrás de mim, tirou-me das minhas divagações.

Pisquei algumas vezes mas engatei a marcha no carro e segui o meu destino.

Por todo o caminho eu tentava apenas não pensar e focar minha atenção total na estrada a minha frente.

Um CEO ConquistadoWhere stories live. Discover now