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MARIA CLARA PÉREZ
Vidigal, Rio de Janeiro.

Arregalo os olhos quando passo pela porta da sala da casa do Adamovich.

— Liz está entrando, acho melhor você subir. — me refiro ao PH que estava batendo maior papo com o Igor.

— Vocês não iam fazer compras? — Adamovich bufa.

— Vim aqui pegar dinheiro. — PH ri e eu o fuzilo com o olhar. — Tá esperando o que? Vai se esconder filho, se a Liz.

— Se eu o que? — diz passando pela porta e eu vejo Adamovich engolir em seco.

— Adamovich não quer dar dinheiro pra gente fazer compras, ia mentir falando que você não iria gostar de saber disso. — dou de ombros e a morena ri.

— Sabe que não precisamos do dinheiro dele. — meu primo arqueia a sobrancelha. — Qual foi, eu tenho dinheiro guardado sem contar que tudo o que era dos meus pais agora é meu.

— Mas eu não, então me dá logo o seu cartão Adamovich. — peço impaciente e ele revira os olhos puxando a carteira do seu bolso.

— Não abusa. — sorrio. — Estou falando sério Maria. — dou de ombros.

— Tchau pra vocês. — falo girando meus pés.

— Calma ai, preciso bater um papo com a Liz. — reviro os olhos e caminho até o sofá me jogando no mesmo. — Bora ali na cozinha. — Liz assente e o segue, me deixando sozinha com o PH.

— E aí. — fala e eu permaneço em silêncio e de braços cruzados. — Não vai falar comigo?

— Você não me manda mensagens, porque eu deveria falar com você? — pergunto debochada e ele suspira.

— Sabe que eu não posso me arriscar, já é difícil manter contato com os meninos e vir pra cá, não posso dar bobeira em ficar trocando mensagens com você. Aliás, tu nem deve sentir tanta falta, tá namorando o Pezin.

— E o que isso tem haver? — ele da de ombros e eu nego com a cabeça. — Você é meu melhor amigo, deveria me mandar notícias.

— Mas eu mando.

— Através do meu primo. — ele ri seco.

— Você está sendo egoísta, sabe disso né? — fico em silêncio. — Estou em uma missão, e você sabe que não tá sendo fácil e você sabia que as coisas seriam diferentes quando eu fosse pra Rocinha, sei que somos melhores amigos, mas não posso arriscar tudo só pra falar exclusivamente com você. — se levanta do sofá.

— Você realmente me falou isso?

— Sim Maria Clara, eu falei, e aí? — me encara. — Para de pensar só em si, o mundo não gira em torno de você, se liga. — um nó se forma em minha garganta, ele nunca havia falado comigo assim.

— O que fizeram com você? — ele me encara confuso. — Você está diferente. — ele nega.

— Continuo sendo o mesmo, eu só cansei. Cansei de fazer tudo do seu jeito, tu poderia pelo menos entender que eu não posso me arriscar ou invés de ficar de marra pro meu lado.

— Eu entendo, é só que. — suspiro. — Eu sinto sua falta. — minha voz sai embargada e ele engole em seco.

— Também sinto sua falta, Mazinha. — me puxa para um abraço. — Tu só precisa entender pô.

— Mas eu entendo.

— Entende mesmo? — não respondo. — Não é fácil pra mim ter que ficar longe de ti, sem falar contigo então é pior.

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