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IGOR ADAMOVICH
Vidigal, Rio de Janeiro.
20:25PM.

— Vai tio, já pode começar a falar. — apoio os cotovelos na mesa.

— Tenha modos, menino. — tia Vanda me dá um tapa na cabeça. — Deixa o PH comer em paz, depois ele te conta tudo o que precisa saber.

— É Adamovich, me deixa comer pô. — brinca e eu lhe dou o dedo do meio. — Não acho certo a gente conversar sobre isso aqui. — me encara levando uma garfada de comida até a boca. — Tava morrendo de saudade da tua comida, tia Vanda. — puxa o saco da véia que lhe dá um beijo na bochecha.

— Vou deixar os dois a sós, até porque agora eu vou namorar.

— Tá namorando quem, dona Vanda?

— O advogado da Liz.

— O bom que se a gente for preso, vamos sair fácil fácil. — fala e eu gargalho.

— Vai sonhando. — nega com a cabeça. — Beijo pra vocês, avisa a Maria tá? — me encara e eu assinto. Tia Vanda se despede de nós dois com um beijo no rosto e sai da cozinha, nos deixando a sós.

— Vai desembucha. — PH revira os olhos. — Enrola não, tio.

— Se liga Adamovich, preciso falar quando tiver todo mundo junto né caralho. Assim geral já fica ligado nos bagulho. — bufo. — Agora tu já pode me contar, o que quer que eu descubra quando eu voltar pra Rocinha de novo.

— Termina de comer aí, não posso dar bobeira nesse assunto aqui onde qualquer um pode aparecer.

— É serião mermo? — assinto. — Vish.

Fico mexendo no meu celular enquanto esperava esse puto terminar de comer, assim que o mesmo acabou tudinho fomos para os fundos da casa, onde era praticamente um local de lazer, saca?

— Manda o papo. — pego um baseado no meu bolso e o levo até a boca. — Bagulho é sério mermo, pra tu passar a visão enquanto queima um.

— Liz é adotada. — PH arregala os olhos.

— E ela sabe disso? — nego. — Adamovich.

— Só me ouve demoro? — PH concorda. — Alberto e eu estamos tentando descobrir quem provocou o acidente dos pais dela. — acendo o cigarro de maconha. — O cara além de ser amigo antigo da família, ele é advogado e tem acesso a todos os documentos dos pais da Liz, procurou tanto que achou o registro de nascimento dela.

— Não me diga que ela é filha do FR.

— Lá só mostra o nome da mãe, Aurora Santos. — dou um trago no baseado.

— E o que isso tem haver com o FR?

— É isso o que tu vai descobrir pra mim, porque nada faz sentido. Ele já tentou pegar a Liz duas vezes, e eu tenho certeza que não é pra me atingir, ele deve ter algum envolvimento com a morte dos pais dela.

— Ou ele pode ser o pai biológico dela. — dou mais um trago no cigarro de maconha.

— Isso aí não, fora de cogitação. Só tenta descobrir do envolvimento dele com o acidente dos pais da Liz.

— Não vai ser fácil descobrir ou fazer com que ele me fale.

— Confio em tu, mas isso fica entre nós demoro? — ele assente. — Não quero envolver ninguém nos meu b.o.

— Melhor tu falar a verdade que ela é adotada, sabe o que aconteceu na última vez que escondeu os bagulho dela. — suspiro.

— Isso é sério demais PH, preciso saber de tudo antes de ir falar com ela.

— Bom, tu que sabe. — puxa o beck da minha mão e o leva até a boca. — E a tua prima? — dou um sorrisinho para ele.

— Tu é todo gamado nela, né? — ele nega. — Não fode PH, tô ligado já parça.

— Pô é..

— PABLO HENRIQUE. — dou um sobressalto ao ouvir o grito da doida da Maria Clara.

— Se fude Maria, quer me matar do coração é? — pergunto e ela me ignora, correndo em direção ao Ph pulando em seu colo. — Deixa o Pezin ver uma cena dessa, maluco surta.

— Somos amigos, Pezin sabe disso. — vejo de relance o olhar de decepção do PH, tá foda pro lado dele. — Aliás, vai atrás da tua mulher que tá toda bravinha tive que segurar pra ela não sair no tapa com uma cliente. — gargalho.

— Vou lá, domar a fera. — me afasto dos dois.

Entro para a parte interna da casa e já vou logo em direção a escada, subo a mesma rapidamente e entro no quarto da morena sem bater na porta mesmo.

— Inferno. — arremessa uma caneta em minha direção e eu desvio.

— Quanta agressividade. — brinco e ela me fuzila com o olhar. — Só tô brincando, nem vem descontar em mim.

— To sem cabeça pra brincadeira, Igor. — respira fundo. — Um.. dois.. três..

— Tá fazendo o que?

— Contando pra ver se o estresse passa. — rio e ela me encara com a sobrancelha arqueada. — Que foi? — cruza os braços cheia de marra e eu caminho até a sua cama.

— A cura pro teu estresse é carinho. — ela faz uma careta.

— Odeio grude. — reviro os olhos e me sento ao seu lado na cama, a puxando para os meus braços.

— To ligado, mas tu não é de ferro que não sente nada. Pode negar, mas carinho faz falta e tu tá precisando disso agora. — fala enquanto acariciava sua costa lentamente. — Fecha os olhos e aproveita o momento, se quiser pode me contar o que tá pegando.

— Sabe como eu fico quando estou naqueles dias.

— Oh se eu sei. — falo ao me lembrar da briga boba que tivemos ontem por causa de uma toalha molhada encima da cama, a mina virou o capeta, papo reto.

— Esse ano minhas férias vão ser em agosto, e os afazeres da escola estão me matando, muita coisa pra fazer e eu não dou conta disso e de cuidar do salão da tia Vanda. — suspira. — Sem contar que tem umas clientes sem noção, que fala muito da vida alheia e isso me estressa.

— Por isso que a Maria te segurou pra não sair no tapa com uma delas? — Liz olha pra cima me encarando com sorriso de canto nos lábios. — Morena, tu tem que se controlar. — fecha a cara no mesmo instante.

— Vai ficar contra mim? Beleza Igor, pode sair. — se solta de mim cruzando os braços.

— Só tô te aconselhando, isso não quer dizer que tô contra você. — ela da de ombros sem me encarar. — Tá vendo como tu é? Tá sendo infantil, tu precisa aprender a ignorar certas coisas que só vai te trazer estresse.

— Devo te ignorar então? — me encara debochada e eu reviro os olhos.

— Tô falando sério, Liz. Nem vale a pena se estressar com fofoca alheia, faz o seu lá no salão e nem dá moral pra esse tipo de coisa.

— Essas dias estão foda. — suspira. — Sinto falta da minha mãe. — fala baixo e eu suspiro, sei bem a onde isso vai dar.

— Vem cá, marrenta. — seguro seu rosto com as minhas mãos. — Saudade é foda porque nunca passa e não tem cura, tua mãe pode não estar entre nós, mas tu sabe exatamente o que ela iria te falar em uma situação como essa, não sabe? — Liz assente. — Então pô, faz o que ela iria te falar.

— Ela falaria pra eu mandar todo mundo pra puta que pariu. — fala e eu não aguento, acabo rindo o que faz a morena rir também.

A observo rir, o som da sua risada soava como música para os meus ouvidos, seu sorriso de alguma forma me prendia a ela, morena me laçou legal.

— Eu te amo. — Liz me encara nos olhos e eu sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiar. — Não se sinta na obrigação de..

— Eu também te amo. — corta a minha fala e eu sorrio largo. — Tudo aconteceu muito rápido e de uma forma intensa, mas não posso fugir desse amor que estou sentindo por você. — gruda nossas testas.

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