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JÚLIA CASTANHA
Vidigal, Rio de Janeiro.

— Não rolou nadinha? — Mariana pergunta.

— Não consigo dar no primeiro "encontro". — dou de ombros. — Só demos uns beijinhos e nada de mais.

— Garota, se tu me falar que estava com vontade e não foi por medo.

— Não é medo de dar, saca? É só que.. a forma como meus pais me criaram foi um tanto rígida, já sou maior de idade e ainda morro de medo deles. — reviro os olhos. — Você não tem noção de como é ser filha única de duas pessoas que sofreram muito no passado e me tratam como se eu fosse uma boneca de porcelana.

— Tenho noção sim. — ri sem humor. — Quando meus pais descobriram que eu me relacionava com um bandido era como se isso fosse um bicho de sete cabeças para eles, tudo pela reputação do sobrenome Araújo, sempre tivemos muito dinheiro e de fato não cairia bem que a única filha do casal fosse mulher de traficante. — revira os olhos. — Mas fazer o que, a gente não manda no coração e eu escolhi o que me fez feliz, que é o Cobra.

— Vocês se amam demais, né? — Mariana assente sorrindo. — Vejo isso na forma como se tratam, minha meta é o relacionamento de vocês.

— Gabriel é um bom partido.

— Não quero me apegar. — suspiro. — Na verdade eu não quero me submeter a isso.

— Isso o que? — me encara brevemente e volta a sua atenção para a carne em que estava pondo o tempero.

— Sei lá, ser mulher de bandido não deve ser fácil e você mesma é a prova disso né? — Mariana assente. — Já me preocupo demais com os meus pacientes, agora ficar o tempo todo na neura com medo de que o homem que está comigo pode ou não chegar vivo em casa, por conta da vida que leva.

— Vou ser sincera com você Júlia, não é fácil lidar com isso mas, eu acredito que o amor supera tudo, principalmente o medo.

— Sei lá. — dou de ombros. — Afinal, estamos falando como se eu já estivesse a muito tempo com o Gabriel e eu dei apenas alguns amassos. — rimos. — Talvez ele só queira diversão.

— Ou não.

— As meninas vem? — pergunto mudando de assunto.

— Já estamos aqui, gata. — Maria fala entrando na cozinha junto com a Liz.

— Liz, faz o vinagrete e Maria, a caipirinha fica por sua conta.

— Eu em, mal chegamos e já está mandando na gente. — Liz reclama.

— Só faz, garota. — ri.

— O que me conta, em dona Júlia? — me encara. — Fiquei sabendo que dormiu aqui no GS. — sorri com malícia.

— Não rolou nada. — me apresso a dizer. — Só uns beijos.

— Você não trepou? — gargalho.

— Credo Liz, é fazer amor.

— Que mané fazer amor, isso só acontece quando as duas pessoas se amam. — Maria Clara fala.

— Não fiz amor e nem trepei. — rimos.

Ficamos ali na cozinha, temperando as carnes, fazendo o vinagrete e preparando o arroz, enquanto bebíamos a caipirinha maravilhosa que a Maria Clara fez e conversamos sobre assuntos aleatórios.

— Tudo pronto por aqui? — GS pergunta.

— Sim, as meninas e eu vamos levar lá pra cima, ajuda a Júlia com as carnes? — Mariana me olha de relance e pisca.

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