Enfeitiçados e Perdidos

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— Que é isso no seu pescoço? — perguntou Betty, no outro dia, enquanto as duas se arrumavam para as aulas. Haviam sido deixadas sozinhas no dormitório, já que as outras garotas com quem dividiam quarto (Veronica, Robbie e Cheryl), já haviam descido para a Comunal. Elle estava de costas para a loira, seus cabelos presos em um rabo de cavalo, enquanto ela procurava por alguma coisa dentro de seu malão.

— O que, exatamente? — respondeu a ruiva, não dando muita atenção.

— Não sei, parece uma cicatriz.

— Ah, a cicatriz? — perguntou a ruiva se virando para a colega, que balançou a cabeça afirmando, enquanto revirava o quarto em busca de sua gravata. — Ela é maior do que esse pedaço que você está vendo aí, na verdade. Ela cobre as minhas costas, mas a roupa só deixa ver a nuca.

— Sério? Como você conseguiu ela? — Elizabeth, que de repente parecia super interessada na história, se sentou na beirada da cama e olhava atentamente para Helena.

— Eu não sei, pra ser sincera. — Elle chutou o malão para debaixo da cama. — Meu pai me disse que eu ganhei ela quando eu era pequena ainda. Um acidente doméstico, alguma coisa do tipo.

A cicatriz, em si, parecia como as raízes de uma árvore. Começava na nunca, e um dos traços dela — o maior deles — ia até seus quadris. Era uma cicatriz clara, até, não era vista com tanta facilidade; seu cabelo sempre estava solto, de qualquer jeito. Helena, porém, não se importava com ela; seu pai também tinha cicatrizes, muito piores que a dela, e isso a fazia se sentir próxima dele. Por mais que ela parecesse com raízes, toda vez que chovia com raios, Elle pensava que ela se assemelhavam mais com o formato dos raios do que com as raízes em si.

Betty não fez mais perguntas, finalmente achou sua gravata e as duas pegaram suas mochilas e desceram para a Comunal da Sonserina, onde Veronica, Jughead e Robbie as esperavam para ir para a primeira aula do dia: Feitiços com a Corvinal.

A semana foi passando de maneira rápida.

Helena havia se tornado próxima de Betty, Robbie e Veronica, até porquê, querendo ou não, elas eram suas colegas de quarto; todavia, essa regra não se aplicava a Cheryl Blossom, e Elle tinha a plena certeza que a garota estava ficando cada dia mais insuportável.

Havia feito amizade com uma garota da Corvinal, Lynx Black (que ela lembrava vagamente do dia da Seleção), que costumava fazer dupla com ela nas aulas de feitiços.

Consequentemente, se tornou amiga — por mais que não soubesse se essa era a palavra certa a se usar — de Harry e Ron. Robbie e Ron costumavam andar juntos nos intervalos entre as aulas (por mais que o Weasley tivesse ficado um pouco chateado da irmã ter ido para a Sonserina), e Harry inúmeras vezes acompanhava o amigo, assim como as meninas acompanhavam Robbie. Não chegavam a ser tão amigos assim, mas não eram estranhos, então era um grande passo.

Se socializava bem com Hannah e Hermione, desde que as duas viviam na biblioteca e Elle passava muito tempo lá também. Seja lendo, estudando, ou passando o tempo. Costumavam se sentar na mesma mesa no fundo da biblioteca e ler em silêncio, trocando algumas palavras de vez em quando. Quer dizer, Hermione e Helena; Hannah estava lá mais para seguir a Granger e sustentava um olhar de tédio toda vez que Hermione se levantava para pegar mais um livro.

Mas, inegavelmente, passava a maior parte de seu tempo junto com Jughead. Faziam quase tudo juntos, seja dupla nas aulas, deveres de casa, ou apenas passar alguns minutos jogando conversa fora e lendo alguns quadrinhos trouxas que o Jones havia trazido de casa. Em uma de suas conversas, enquanto andavam pelos corredores até a aula de História da Magia, Jughead resmungou com ela:

𝘛𝘪𝘭𝘭 𝘍𝘰𝘳𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘍𝘢𝘭𝘭𝘴 𝘈𝘱𝘢𝘳𝘵 [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora