Nicolau Flamel

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Assim que voltaram para Hogwarts, a primeira coisa que Helena fez foi guardar seus pertences de volta no dormitório. Mais especificamente, só atirou o malão aberto de qualquer jeito por cima da cama, puxando as novas coisas que havia trazido de casa, como roupas mais grossas e seus presentes de Natal que ela fez questão de trazer. Se assustou, porém, quando escutou alguém respirando em seu ombro.

— O que você está fazendo aí? — perguntou uma voz atrás de si, de repente. Helena berrou.

Se virou para ver quem era e viu que era Robbie, que parecia achar graça do espanto da menina.

— Isso se não se faz, Roberta! — reclamou, batendo nela com uma blusa de lã. — Que mania que vocês tem de ficar me assustando.

— Já falei pra não me chamar de Roberta — respondeu, dando a língua. Olhou por cima do ombro da ruiva e viu o livro "Os Contos de Beedle, o Bardo", o presente de Natal que havia ganhado de Eleanor. O recolheu do malão e o analisou atentamente, passando as mãos pelo relevo da capa.

— Mamãe costumava ler esse livro pra mim e pros meus irmãos.

— Ganhei de Natal da Eleanor, sabe, cresci como trouxa, nunca li esse livro — Robbie colocou o livro em cima da cama dela, e resolveu ajudar Helena a terminar de retirar as coisas do malão. Conversavam em tom baixo, perguntando uma para outra coisas simples, como sobre o que tinham feito no feriado.

— Não foi muito empolgante lá, mas pelo menos consegui matar a saudade do meu pai e da minha tia — Elle se abaixou para pegar uma blusa que tinha caído, enquanto Robbie continuava falando atrás dela.

— Tentamos descobrir mais sobre Nicolau Flamel, mas não deu muito certo — Nicolau Flamel novamente, pensou Helena, frustrada. Ainda tinha a constante sensação de que estava se esquecendo de alguma coisa. — Harry ganhou de Natal uma capa da invisibilidade, e até tentou sair de noite pra ir na seção restrita da biblioteca, mas não conseguiu procurar muito porque acabou fazendo barulho e Filch foi atrás dele. Tudo bem que ele estava protegido pela capa, mas era melhor não arriscar, não é? Aí ele acabou parando em uma sala e encontrou um tal de espelho de Ojesed que aparentemente mostra o que você mais quer, só que ele não sabia disso e cismou que os pais estavam vivos porque ele os viu no espelho, inclusive até chamou o Roniquinho pra olhar e dizer para ele que os pais dele estavam lá. Mas obviamente, o que Ron mais quer não é os pais de Harry, não é? Então ele viu a si mesmo segurando uma taça do torneio de quadribol e sendo monitor. Bem, diga-se de passagem que eu não vi nada disso, Ron veio me contar tudo depois. E, ah! Falando em capa da invisibilidade com presente de Natal, mamãe mandou um pra você e pros outros do nosso grupo, mas os outros já receberam porque estavam aqui.

Falou tudo em um fôlego só, como quem falava sobre o jornal, e no final Elle estava estática, com os braços caídos ao lado do corpo segurando a blusa que havia acabado de recolher do chão, o queixo levemente caído, pensando que havia perdido muita coisa. Robbie andou até sua cama e puxou uma caixa debaixo da mesma e não demorou muito a se virar novamente com um suéter em mãos.

— Tome, vista! — e estendeu o suéter azul escuro para a ruiva, que o pegou incerta, sem saber muito o que fazer, ainda processando as informações. Robbie voltou para sua cama de novo, e abriu uma das gavetas da mesinha ao lado da mesma, puxando o proprio suéter, que era laranja, e passando por cima da cabeça. O suéter tinha sua inicial, um "R" bordado bem grande no meio.

— Ah, mas o que há! Não gostou do presente? — perguntou Robbie, quando viu que a menina ainda continuava parada. Helena pareceu acordar do transe momentâneo, as informações ainda correndo enlouquecidas na sua cabeça, mas ela desdobrou seu suéter sem dizer nada e passou pela cabeça, se olhando no reflexo da janela do quarto, que dava para o fundo do Lago Negro.

𝘛𝘪𝘭𝘭 𝘍𝘰𝘳𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘍𝘢𝘭𝘭𝘴 𝘈𝘱𝘢𝘳𝘵 [1]Where stories live. Discover now