Os Sparks

67 8 58
                                    

A viagem até Bloomsbury foi longa — para dizer o mínimo. Não que Helena e Eleanor tivessem prestado atenção nisso; passar a noite acordadas vendo filmes, e a pequena comoção que tiveram no aniversário de Elle no mesmo dia, haviam deixado as duas cansadas, com certeza absoluta.

Já estava começando a escurecer — mesmo que no verão da Inglaterra, o céu demorasse um pouco mais para ficar escuro —, quando Helena, nervosa, desceu do carro do Sr. Sparks. Não costumava falar com os pais de suas amigas — por nunca ter tido muitos amigos antes — e definitivamente não tinha experiência, ou memórias muito agradáveis com os que já tinha encontrado, sendo eles Alice Cooper, mãe da Betty, e Forsythe Jones, o pai de Jughead. Bem, havia conhecido Molly Weasley, a mãe dos gêmeos, mas não foi como se elas tivessem realmente conversado.

Percebendo o nervosismo da amiga, Eleanor apertou o ombro dela, enquanto elas encaravam a entrada da casa dos Sparks. Chester fazia outra coisa nesse meio tempo; retirava as bagagens das meninas do porta malas, incluindo Diana.

— Não se preocupe, sei que mamãe vai te adorar. — disse, com um sorriso reconfortante no rosto. Helena sorriu para ela de volta.

A casa dos Sparks se localizava num subúrbio de Bloomsbury. Era uma casa muito bonita, sem dúvida alguma; uma típica casa do subúrbio britânico, com um jardim bem cuidado e uma varanda com cadeiras bem posicionadas que aparentavam serem confortáveis. Por um momento, Elle se sentiu envergonhada de sua casa ser tão simplória se comparada a da amiga. Afastando esses pensamentos da cabeça, ela foi trazida de volta a realidade por Chester balançando o molho de chaves, procurando a chave certa para abrir a porta. Elle sentia as mãos suadas por conta do nervosismo, e ela mordeu o interior da própria bochecha. Quando a porta se abriu, Helena foi a última a entrar.

A casa conseguia ser mais linda ainda por dentro. Sua decoração era muito bem escolhida, com cores claras fazendo um contraste com a madeira do piso e dos móveis, e por mais que fosse elegante, não deixava de dar o ar de aconchegante. Assim que entrou, percebeu que Eleanor estava abraçada com uma mulher loira, que provavelmente deveria ser Daisy Sparks, a mãe dela. Mas ela foi recepcionada por uma garotinha que não deveria ter mais que sete anos — provavelmente, Amy, a irmã mais nova de Eleanor. Helena se abaixou para ficar da altura dela; havia crescido consideravelmente desde o último ano.

— Prazer em te conhecer! Meu nome é Elle, você deve ser a Amy, certo? — perguntou, sorrindo, enquanto estendia a mão para a menina, que olhava para ela com desconfiança.

— Vamos lá, Amy, tenha bons modos e cumprimente a visita — um par de mãos surgiu nos ombros da garotinha, e quando Helena levantou os olhos, viu que era a Sra. Sparks. Ela se colocou de pé prontamente, se sentindo meio envergonhada, e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, enquanto olhava para os próprios pés.

— Prazer em te conhecer, Sra. Sparks, Eleanor me falou muito de você. — E estendeu a mão para ela. Daisy abriu um largo sorriso e apertou a mão dela de volta.

— Eleanor também me falou muito de você — disse ela, com bom humor. Helena lhe deu um sorriso meio esquisito; ainda se sentia nervosa. — Soube que está de aniversário hoje, então caprichei um pouco mais no jantar de hoje.

A essa hora, Eleanor havia subido para o andar de cima da casa — onde Helena supôs que deveria ser o quarto dela —, para deixar suas coisas. Na sala, estavam apenas ela, o Sr. e a Sra. Sparks e Amy, a irmãzinha de Eleanor. A ruiva xingou ela mentalmente; havia deixado ela sozinha com a família dela. Mas ela não teve muito tempo para pensar sobre isso, pois Daisy colocou as mãos nos ombros dela e a foi guiando pela casa, saíram da sala, passaram pelo hall de entrada, até que pararam na sala de jantar. Helena olhou em volta atentamente; a mesa estava tão cheia, que Elle poderia compará-la ao banquete de Hogwarts. Também havia um bolo de cenoura que parecia delicioso em um dos cantos da mesa.

𝘛𝘪𝘭𝘭 𝘍𝘰𝘳𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘍𝘢𝘭𝘭𝘴 𝘈𝘱𝘢𝘳𝘵 [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora