Capítulo 12.

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POV Rafaella Kalimann

Estava terminando uma reunião com o novo fornecedor de tecidos e rendas quando recebi uma ligação da secretária do meu pai pedindo para que eu fosse até a empresa para encontrá-lo.

O que será que ele queria depois de tanto tempo sem se comunicar comigo?

Me permiti ter o privilégio da dúvida e segui em direção à empresa depois de tentar ligar para Luiza, que não soube dizer o motivo da ligação repentina para o meu número.

Após alguns minutos presa no trânsito infernal do Rio de Janeiro, adentrei o hall da empresa, onde recebi diversos olhares.

Todos ali me conheciam.

Algumas pessoas me olhavam confusas, outras arriscavam um sorriso.

Cumprimentei todos que cruzaram meu caminho até o elevador. Esperei o mesmo chegar até o térreo e quando as portas se abriram uma surpresa me aguardava:

Meu pai.

Ele vestia o de sempre: uma camisa social branca, sua inseparável gravata vermelha e uma calça social preta. O cabelo, coberto com uma fina camada de gel, parecia ter sido penteado repetidas vezes para trás, e a barba estava alinhada como sempre.

— Rafaella, minha filha! Quanto tempo! — meu pai se aproximou de mim e me puxou para um abraço, que retribuí.

— É... Já faz algum tempo desde a última vez em que nos vimos. — respondi.

Entramos no elevador e fomos até a cobertura do prédio, onde ficava a sala do meu pai. No caminho até lá ele fez algumas perguntas casuais, parecendo demonstrar interesse em saber o que eu havia feito nos últimos dois meses.

Quando chegamos em sua sala, sentei-me na cadeira que ficava em frente a mesa onde ele trabalhava.

— Eu sei que você provavelmente está achando tudo isso muito estranho... — meu pai disse.

— Estou mesmo. Fiquei surpresa quando sua secretária me ligou pedindo para que eu viesse até aqui. — respondi.

— Eu te devo um pedido enorme de desculpas, Rafaella. — o homem em minha frente abaixou a cabeça.

Apesar de estar confusa com o que estava acontecendo, permaneci em silêncio, esperando até que ele terminasse seu discurso.

— Eu fiquei muito chateado quando você recusou meu pedido para tomar conta da empresa assim que eu me aposentasse. Você é a minha filha mais responsável e por isso confiei este cargo a você.

— Já conversamos sobre isso, pai...

— Sei disso, querida, e queria que soubesse que agora eu entendo o seu lado. Fui egoísta de querer que você seguisse com o legado da família sem ao menos perguntar o que você queria para sua vida, e fui um péssimo pai ao virar as costas para você quando ouvi um não como resposta. — ele fez uma pausa, algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Senti muito a sua falta nesses dois meses, Rafaella. Principalmente nos churrascos em família nos finais de semana, que você sempre fazia questão de aparecer. Eu peço desculpas.

Ali, diante dele, foi impossível conter as lágrimas. Eu negava, porque queria parecer forte, mas no fundo eu sentia a falta dele.

Durante toda a minha infância e adolescência eu tive meu pai ao meu lado, me apoiando e me ensinando a nunca desistir dos meus sonhos, por mais inalcançáveis que eles pudessem ser.

Ele esteve comigo quando eu fiz minha primeira tatuagem e eu lembro de como ele ficou bravo quando eu apareci em casa com um piercing.

Ele foi a primeira pessoa para quem eu contei, ainda durante a adolescência, que eu gostava de garotas. Eu ainda conseguia lembrar do seu abraço apertado, dos olhos cheios de lágrimas e sua boca dizendo:

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