Capítulo 7- Doido e Meio

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Dias depois da minha viagem e cá estamos nós. Ainda não superei a transa no banheiro, pra ser sincera eu acho que superei o meu relacionamento, mas não superei o pau do Natan, e sim eu ainda lembro o nome do cara.

Desde que voltei ao trabalho as meninas estão implorando por detalhes da noite mais pracerosa que tive la, é obvio que é a porra da transa no banheiro, não vou ser sonsa. E tudo o que eu digo pra elas é que estou sem tempo, o que não é mentira, ja que nos últimos dias tentei achar um apartamento sozinha e não consegui, claramente, então hoje estou disposta a sair mais cedo e ir até o escritório de um corretor de imóveis, cujo achei o perfil profissional dele no instagram, ou seja, só aquelas sequencias de tipo "O que abordar quando esta conversando com o seu corretor", me pareceu confiável.

Conclusão, hoje eu vou ver um homem que não conheço pra ele arrumar um lar pra mim e pra minha bebê.

Aliás, eu achei que ficando com os meus pais não tinha como a Shelby voltar mais mimada, subestimei ela.

Coloco a xícara de café na pia e me viro, dando de cara com o monte de pelos sentado atrás de mim, com o rabinho peludo balançando e as orelhinhas levantadas. Eu sei exatamente o que ela quer.

Alcanço o interfone e digito o apartamento 331. Eles são os meus únicos vizinhos que não me odeia, e muito pelo contrario, o Manoel, o garoto de quatorze anos que mora lá com a mãe, adora a Shelby e eu sei que posso contar com ele sempre que eu precisar que alguem leve ela pra passear, e é por isso que estou interfonando.

- Pronto.- Ouço a voz doce de Leidiane.

Ela é um amor de pessoa e se importa muito e com o Felipe, tanto que quando veio me questionar sobre o motivo de não ver mais ele e eu a expliquei que tinhamos terminado ela ficou sentida, mas me deu todo apoio necessario. É uma mulher de muita garra, que trabalha feio uma louca pra dar do bom e do melhor pro Manoel.

- Oi Leidi.- Digo amigavelmente.- Tudo bem?

- Oi Lo, tudo sim e com você? Aconteceu alguma coisa?

- To ótima, não aconteceu nada não.- Desvio meus olhos pra cachorrinha sentada ao lado da minha perna.- O Manô ta estudando?

- Ta não Lo, quer que ele suba ai levar a Shelby pra passear?

É muito coisa de mãe adivinhar as necessidades dos outros. Um dia eu quero muito entender isso.

- Se não tiver problema pra você!

- Que nada menina, tenho que tirar esse moleque de casa mesmo, ta muito viciado em celular.- Solto um risinho baixo.- Logo ele sobe ai.

- Ta bom Leidi, obrigada, beijo!

- Tchau Lo, beijo.

Encaixo o interfone novamente a outra parte e me viro pra Shelby, que agora me encara como quem dissesse "eu sou a sua dona sua vadia, você me obedece sem eu precisar falar nada", as vezes é dificil ser mãe de um ser tão abusado assim.

Atravesso a cozinha indo até a lavandeira, claro que seguida e monitorada pela minha dona. Pego sua coleita peitoral e a guia e aproveitando o momento de paz dela a encaixo corretamente, aproveito pra fazer um afago e dar um beijo e um abraço nela, ainda não matei as saudades dela, por mais que ela esteja dormindo de conchinha comigo.

Seguro na guia e a levo pra sala, onde por algum milagre ela fica quietinha com seu osso de borracha na boca.

Pego minha bolsa sobre o hack e abro procurando pela minha carteira, assim que a encontro retiro dela meus únicos vinte reais trocados. O Mano pode ser um amorzinho de garoto, mas ele não é burro e entende que há certas coisas que devemos ser pagos, ele já tem quatorze anos e tenho certeza que tem alguma coisa que ele queira comprar e esteja juntando dinheiro pra isso. Assim que devolvo a bolsa ao lugar que estava antes, ouço as batidas na porta.

ParatyWhere stories live. Discover now