Capítulo 14- Homem da Sua Vida

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A unica coisa capaz de me fazer faltar a um almoço de domingo na casa de dona Malu é um domingo comendo porção na praia do Arpoador, aquele camarãozinho bem frito com uma latinha de brahma do lado, minha nossa senhora, oh saudade. Terminar o dia com aquela sensação gostosa de queimadinho. Felizmente Beatriz e Juliana acharam que esse é o domingo perfeito pra ir lá, e eu não vou negar né.

Hugo e meu anjinho, vulgo Luanzinho, filha da Bia vão também, o que me deixa oficialmente encarregada de ser a tia que leva o menino pra parte funda do mar e deixa a mãe dele louca e desesperada querendo me matar, mas ele sempre ta bem.

- Tia Lô.- Luan diz estendendo o bracinho pra mim.

Beijo a testa dele, impedida de agarrar aquele corpinho cheio de gordurinhas por causa da cadeirinha do carro, suas mãozinhas gordinhas seguram meu rosto e ele da um beijo estalado na minha bochecha.

- Oi meu amor.- Seguro a mãozinha dele.- Que beijo bom.

- A pronto, vão começar com o grude.- Beatriz diz rindo.- Amor, a gente larga eles na praia e volta pra casa fazer outro filho, porque o Luan a gente perdeu por hoje.

- Luan é meu fiduzoto.- Olho pro menino entretido na minha mão.- Né não xuxu?

- É xim tia.

Eu gargalho me segurando pra não apertar esse menino.

Luan desde que começou a ter consciencia de que existem outras pessoas além de papai e mamãe, grudou em mim, todas as vezes que a Bia leva ele pra algum programa nosso a criança fica o dia todo no meu colo, ou andando atrás de mim ou me chamando pra tudo, eu não tenho paz e esse é o unico momento em que eu gosto de não ter paz.

- E eu fico sobrando.- Juliana diz rindo.- Luan, por que eu não ganhei um beijo gostoso igual aquele?

Olho pro bebê moreninho na cadeirinha, com os cabelos lisos e olhos castanhos, vestido com uma regatinha verde com desenho de praia e uma bermuda de tactel azul e abro um sorriso.

- Fala assim pra tia Ju, "porque eu não gosto de você".

- Lorena!- Bia da um tapa na minha perna e vira pro filho dela.- Filho, não repete o que a sua tia disse ta bom.

- Pute eu não goto de vuxê.- Luan diz com os olhinhos vidrados em mim.

Ah... Três aninhos de pura inteligência e amor da tia Lô.

- Meu Deus...- Hugo diz rindo.- Que bom que o contato de vocês é controlado, imagina se convivessem.

Juliana me mostra o dedo do meio discretamente, porque ensinamos coisas ruins pro Luan, mas tudo tem limite, Luan é muito novo pra ficar replicando certas coisas, então a gente só preserva a inocência do menino e a nossa vida.

O caminho foi inteiro ouvindo o bebê do meu lado cantar o album inteiro da galinha pintadinha e do patati patata, graças a Deus antes de começar o repertorio do mundo Bita eu já avistei o mar bem longe e aproveitei pra usar isso e distrair a criança, ninguem aguenta mais e eu só consigo me perguntar: COMO? Como que ele decorou todas essas musicas? O moleque é uma criança prodigio, misericordia.

O carro fica uma paz quando Luan aponta pra frente e começa a falar sobre o mar e o quanto ele gosta de praia, um amor esse menino, mas se ficasse meia horinha quietinho ia ser um anjo. Essa é a maior prova de amor dos pais, porque o Hugo passa o dia todo ouvindo essa voz fininha de anjinho cantando todo o repertorio do circo, pai amado.

Hugo estaciona o carro, Beatriz sai carregando a bolsa do Luan nos braços e Juliana infelizmente fica encarregada de carregar a minha e a dela, por um motivo de três anos e treze quilos chamado Luan.

ParatyWhere stories live. Discover now