Capítulo 8- Pente e Rala

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Eu to fazendo a Juliana vir me dar carona pra clinica, porque eu me recuso a gastar com uber e eu não tenho cartão de ônibus, então a minha empregada, digo, a minha melhor amiga que lute vindo me buscar todo santo dia.

Felizmente hoje é sábado e eu não vou pra clinica nenhuma, porque eu marquei com o Natan, vulgo o corretor que fodi no Paraty 33, de ver alguns apartamentos hoje com ele, reciprocidade é tudo, ele lota a minha agenda de sábado e eu loto a dele, ou seja, vamos passar um longo dia junto visitando apartamentos a venda, é tipo uma roleta russa de imobiliária. Que a nossa senhora da vestimenta faça a gente passar o dia todo de roupa pelo amor de Deus.

Faço um coque no meu cabelo e pego a bolsa, Natan infelizmente foi mais um que peguei pra ser meu motorista, já que vamos passar o dia inteiro juntos vendo casas, nada mais justo do que ele vir me pegar pra eu não me perder pelos trocentos bairros que ele selecionou.

Decidi deixar a Shelby por uns dias com os meus pais, ela ia acabar passando muito mais tempo sozinha, já que agora até de sábado vou ter que ficar saindo, ia ser muito estressante pra minha filha e como uma boa mãe que eu sou, preso muito pelo bem estar da minha bebezinha, então a casa dos meus pais foi a melhor opção e eles amaram a ideia, até porque eles a Shelby, essa encapetada conseguiu derreter até a minha mãe que ficou a vida toda falando que não gosta de cachorro, mas a desculpa da dona Malu é que ela não gosta de cachorro, ela gosta da Shelby. E Shelby é o que? Um transformer?

Assim que saio do meu prédio, já dou de cara com Natan do outro lado da rua encostado num Honda, ele nem vê que sou eu, acho que está ocupado demais analizando o meu prédio. Só quando estou no meio da rua, ele me nota.

- Bom dia, Lorena!- Natan diz com um sorriso simpático no rosto.- Vamos? Tem muitos apartamentos que eu quero te mostrar.

Puta que pariu, quer ver que ele vai me fazer rodar o Rio de Janeiro inteiro?

- Que bom, algum eu tenho que gostar!

Eu to muito animada com a ideia de comprar um apartamento. Vai ser parcelado, mas vai ser meu, a ideia de não ter que pagar seiscentos reais pra alguem que a qualquer momento pode me por na rua é ótima, porque se for meu ninguém além do governo pode me tirar de lá.

Natan, num sinal de cavalheirismo abre a porta do carro pra mim.

Eu acho que vou estar tão empenhada em olhar todos os cantos, e pensar se a Shelby ou não é capaz de viver nos lugares que não vou nem lembrar que Natan está comigo.

- O primeiro que vamos ver fica no Caju, três quartos, espaço bom e o condominio aceita animais de grande parte.- Natan explica.- A cozinha é americana, e como os balcões foram feitos sob medida, então estão inclusos na venda, e tem uma varanda com vista pra praia.

É o lugar dos meus sonhos, eu não to nem zoando.

- O Caju não fica tão longe do centro.- Penso alto.

O carro para num semáforo e Natan me encara, curioso.

- Trabalha no centro?- Assinto rapidamente avaliando a distancia.- Entendi, é formada em que?

Essa história ta errada, primeiro a gente transa e depois ele quer me conhecer?

- Ginecologia, trabalho numa clinica com uma dentista e uma dermato.- Digo rapidamente.

- Você não me falou que precisava ser próximo ao centro.- Natan volta a olhar para a rua.- Eu teria procurado mais perto, ou talvez no centro.

- Não é bem uma necessidade, mas me ajudaria.- Explico.

E passamos todo o caminho assim. Natan me falando sobre os apartamentos, as motivações dos proprietários pra estar vendendo, sobre os valores e principalmente se tem algo que eu deva me preocupar em relação a compra de algum. Ele é definitivamente a melhor pessoa que eu podia ter encontrado pro serviço!

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