Capítulo 9- Filha de Fofoqueira

8 1 0
                                    

Me deito no chão da sala ao lado da Shelby a abraçando. Ela levanta a cabeça pra me ver e logo em seguida volta a deitar. Enfio minha cara entre os pelos da minha filha sentindo o cheiro do shampoo pra cachorro que a minha mãe fez questão de comprar pra ela.

- Levanta dai menina.- Minha mãe diz na divisória entre a sala e a cozinha me olhando.- Deixa minha netinha descansar.

Gente????????

- Deixa eu matar a saudade da minha criança!- Digo baixo com a cara enfiada entre os pelos da Shelby.

Fico mais alguns segundos assim, antes de me levantar e ir atrás do meu pai.

Meu pai tem uma oficina mecânica do outro lado da rua, é lá que ele trabalha e é com os lucros de lá que minha faculdade foi paga. Ele fica muito tempo lá, porque sempre tem algum carro pra ele arrumar, mas quando eu to aqui ele da uma pausinha pra falar com a filha única dele.

- Vou atrás do pai!- Digo alto o suficiente cruzando a porta.

- Ta bom, manda ele vir pra casa!

Passo pela porta da sala, já dando de cara com o banner gigante escrito "Oficina Goullard", essa é a maior paixão do meu pai. Passo pelo portãozinho e atravesso rapidamente indo até a oficina, assim que piso na calçada vejo o aprendiz do meu pai, um garoto de dezenove anos que é apaixonado por mecânica e que é lógico que meu pai o adotou. Ou seja, eu sou filha única, mas nem sempre.

- Eai Murillo.- Digo entrando na oficina.- Cade meu pai?

Murillo me olha por cima do ombro e da um sorriso.

- Uau, a doutora veio aqui!- Reviro os olhos.- Seu pai ta la nos fundos procurando uma peça;

- Murillo, eu to literalmente toda semana aqui.- Ele tem essa mania de achar que porque eu sou formada eu esqueci da minha família.- Minha mãe ta falando pra ele ir lá em casa.

- Vixe, vou sair mais cedo então?- O garoto para de mexer no carro.

Dou de ombros indo até o quartinho da bagunça do meu pai, o quarto que ele guarda todo tipo de coisa e só ele e o Murillo conseguem achar as coisas ali. Dou dois toques na porta de metal enferrujada e seu Augusto ja vira pra mim, ele abre um sorrio ao me ver.

- Minha filha, que bom que você veio.- Ele olha pras mãos e pra roupa.- Nossa Lore, eu queria tanto te abraçar, mas to todo sujo de graça.

Meu Deus gente, eu sou médica e não de cristal.

- Pode abraçar pai!- Dou risada e entro no meio da bagunça dele e o abraço.- A mãe ta falando pra você ir pra casa!

Ele suspira olhando em volta.

- Diz pra ela que eu só vou trocar essa ultima peça e ai eu libero o Mu e vou lá.- Já to vendo que dona Maria Lucia vai comer o couro dele hoje.- Tudo certo lá minha filha? Como que ta indo a busca pelo novo apartamento?

Não falei pra eles sobre Paraty, contei só dos pontos turísticos, de como a cidade é linda, de resto eu preferi poupa-los.

- Tudo certo pai, arrumei um corretor e agora todo sábado eu saio visitar uma leva de apartamentos.- Dou uma risada cansada, porque isso real vai ser muito cansativo.- E a oficina? Como que foi conviver essa semana com a Shelby?

Meu pai da risada mechendo nas peças que só ele sabe o nome.

- A oficina ta indo bem como sempre né Lo.- Ele da uma pausa pegando uma peça, dou espaço pra ele sair e vou atrás o ouvindo falar.- E nossa como a Shelby trouxe alegria pra essa casa, é como se tivéssemos uma Lorena de dois aninhos de novo aqui.

ParatyOnde histórias criam vida. Descubra agora