🎭Capítulo•32🥀

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É algo tão pequeno, tão impotente. Como eu podia deixar aquilo me desistabilizar de tal maneira? Patético. Era apenas um aparelho, um aparelho estúpido e que eu gostaria de continuar esquecido.

Eu sempre fiz perguntas almejando a resposta, porque simplesmente queria entender, mas desta vez era diferente. Eu fiz a pergunta porque eu necessitava de uma resposta, qualquer uma que fosse. Jogar o celular na parede, ligar e pedir ajuda, fazer qualquer coisa!

Eu precisava que alguém me falasse, porque eu não tinha noção do que fazer. Podia ser responsável por arruinar a vida de várias pessoas. Apenas eu, não o aparelho, eu.

Eu seria a responsável, como sempre fui. Geralmente fugimos dessas responsabilidades, ninguém quer tomar uma decisão difícil, nossos instintos sempre irão querer acatar a resposta mais fácil ao que for nos beneficiar. Mas quando se tem algo tão complexo em mãos, é preciso pensar com calma, pois se resolvermos no impulso alguma ponta acabará cedendo e tudo desmonará com você dentro ou não.

Engulo em seco, olhando nos olhos de Ryujin, ela parecia confusa, com pena, sentindo empatia por mim. Mas ainda assim, ela também não sabia o que fazer ou se sabia, não queria me falar.

-Essa decisão cabe a você, Min-Jee, você que sabe o que fazer agora. -É o que ela diz, com a voz calma e baixa, empurrando o celular para mim novamente.

-M-Mas eu não sei, Ryujin...

-O que você quer não é um conselho, é uma ordem. Quer que eu decida por você o que deve fazer.

-É isso o que sempre recebi, ordens. Não sei o que fazer em situações assim.

-Bom, ele entregou o celular para você, então ele confia em ti, porque ele quer que você decida. Não eu, nem Eun-Woo e muito menos o próprio Jungkook. Você. -Ela aponta para mim.

-E se eu ligar? Me julgaria? Me odiaria? Acha que eles me odiariam?

-E você quer ligar?

- Eu não sei...

A de cabelos azulados segura minha mão, a apertando levemente, dando suporte a quem está pronto para despencar.

-Quando falou com a minha tia, quando ela interrogou você... Como ela estava?- Pergunto, puxando um pouco de ar e umedecendo os meus lábios.

-Ela foi muito profissional naquele dia, mas sinceramente, estava cansada, triste, perdida. Podia ver um vazio em seus olhos. Seus trajes eram elegantes, mas seu rosto clamava por socorro.

Assinto, sentindo mais lágrimas caírem por meu rosto.

-Eu sempre dizia para ela que o trabalho dela exigia demais e que um dia ela iria acabar de matando por isso. Mas acho que eu a matei.

-Como pode pensar isso?

-Ela não pediu para me criar, eu não filha dela, eu só trouxe problemas. Na semana... Na semana do acidente, todo ano, ela não me encara, porque eu lembro a minha mãe. Ela não aguenta nem olhar na minha cara e foi forçada a cuidar de mim...

-Min-Jee, vai por mim, ela te ama.

-Deve amar, mas ela não queria. Essa é a questão. Acha que eu não lembro? Ela me recusou, ela não queria minha guarda.

-Mesmo assim ela te deu tudo do bom e do melhor, se esforçou para te agradar. Ela te ama sim e ela... Ela está te procurando, muito aliás. -Ryujin diz meio hesitante. -Eu acho... Que deveria ligar.

-O quê? -A encaro confusa.

-É... Mas quando se sentir pronta. Se ainda está hesitante é porque ainda não quer voltar, quando quiser voltar, ligue. -Ela diz se afastando.

The Love KillerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora