🎭Capítulo•43🥀

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Em que ponto nos tornamos pessoas ruins? Quando a vida divide a ingenuidade da maldade? Quando começamos a questionar as coisas? Quando começamos a quebrar o silêncio? Quando nos revoltamos? Em que momento nós vestimos os trajes de animais que somos?

Somos criaturas instintivas e racionais, mas e se isso estiver errado? E se a razão for como uma lâmpada? Ligada a maioria do tempo, mas é só apertar um pequeno botão... E ela desliga. E se for assim, o que acontece quando ela se apaga? O que acontece com o ser humano se desligarmos a razão dele? O que resta? O que ele segue? Como ele se vira? Temos apenas uma resposta...

Instinto.

As vezes, desligar a razão é algo bom, como pular de paraquedas, precisamos parar de pensar e só agir. Deixar a adrenalina subir e ir pelo impulso, sem olhar as consequências, só... Pular... Mas e se você estiver com uma faca na mão e desligar a razão? Aonde o seu instinto te leva? E se você estiver com raiva, tanta raiva que poderia matar alguém?

Sangue... Morte... A arma do crime... Um culpado... Um assassino... Uma vítima... Um corpo...

Os instintos nos ajudam a sobreviver, é algo que nasce conosco, é primitivo e mantém nossa espécie viva. Mas sem o lado racional, viramos animais selvagens, viramos caçadores, assassinos, apenas tentando nos manter vivos. Mas ninguém pensaria assim, ninguém conseguiria ver isso de longe, um júri ou juiz certamente não enxergaria essa situação neste estado.

Não tem defesa, é assassinato em primeiro grau, é desumano e cruel, a razão nunca vai levar o lado do instinto em consideração. Para ela é algo repulsivo e que ficou no passado. Mas isso não é verdade, nunca morreu e nunca irá morrer, porque no final somos animais sedentos e se for preciso, sempre tem uma situação que alguém seria capaz de matar, seja para se proteger, ou proteger alguém que ama, com ódio ou tristeza tão grande que a sua lâmpada desligou.

E foi culpa minha... Eu fiz isso... Eu o condenei a isso... Eu puxei o gatilho... O sangue está em minhas mãos.

A respiração pesada, o sangue no piso, a arma do crime ao lado, as lágrimas escorrendo, a lâmpada sendo ligada, os cabelos bagunçados, o instinto adormecendo novamente, pálpebras pesadas, estômago revirado, coração pulando do peito, garganta seca, as mãos ensanguentadas, roupas manchadas, corpo dolorido, perca dos sentidos, pernas trêmulas, voz inexistente, o estado de choque...

Tudo isso é o que sentimos após um assassinato. E uma única pergunta: O que foi que eu fiz?

Mas não há tempo de pensar sobre isso, temos um peso agora, temos a casca de uma pessoa para nos livrarmos, temos sangue para limpar, uma mentira a ser elaborada e uma arma para ser escondida. Afinal... Só tem julgamento se encontrarem provas e isso é algo que nunca irão achar.

Sem corpo, sem assassino, sem crime, sem homicídio, sem culpa, sem remorso, sem nada... Será enterrado com o tempo e a verdade será esquecida...

Mas a pergunta nunca vai embora e todos os dias, eternamente, quando você abre os olhos a única coisa que pensa é: O que foi que eu fiz?

Embora a música baixa e abafada ecoava, o silêncio que se estabeleceu no jardim foi agoniante. Hoseok estava com sua postura intacta, com as mãos dentro do bolso do casaco e Jungkook ainda incrédulo o encarando, a confusão em seu olhar era tão nítida, mas as lágrimas começaram a disputar espaço ali também.

-Eu imaginei isso durante tanto tempo que não sei mais se isso é real. -Jeon diz com a voz trêmula.

-E-Eu sinto muito, Jungkook. Se eu pudesse mudar o passado, eu mudaria.

-Mas não voltou. Você sabia aonde eu estava, mas não voltou... Por quê? -O outro pergunta com lágrimas escorrendo por seu rosto. -POR QUÊ?! -Ele grita, mas não bravo, angustiado, desesperado, inconsolável.

The Love KillerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora