🎭Capítulo•2🥀

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Não sei por quanto tempo fiquei olhando para trás. A realidade é que eu estava cansada de dar dois passos e escutar outros dois estralos que não vinham de meus sapatos.

Respiro fundo, desejando que aquilo apenas seja coisas da minha imaginação. Que meu cérebro esteja tomado pelo medo, a ponto de fazer meus próprios sentidos me enganarem, me fazendo ouvir coisas que não são reais.

Giro sobre os meus calcanhares e volto a andar, cada vez mais encolhida em meu casaco preto, não por conta do medo. Mas sim do frio. Aquilo era real. A gélida noite estava fazendo eu ficar cada vez mais pálida e a ponta de meu nariz, ficar vermelho.

Entre meus lábios escapava uma fumaça branca toda vez que deixava o ar quente sair de minha boca.

O que me motivava, era pensar em minha cama quente e macia me esperando daqui à alguns minutos. Sim. Eu estava perto, não iria demorar muito para chegar em minha casa.

Porém, se continuasse virando para trás de cinco em cinco segundos, iria me atrasar mais para o meu encontro com o Sr.Travesseiro.

Me viro rapidamente ao ouvir mais um estralo. Me assustando ao encarar... Um nada.

Suspiro aliviada, porém me condenando por ter tais pensamentos. Em um gesto negativo com a cabeça, deixando um sorriso debochado reinar em meus lábios, retorno a minha posição inicial. Mas desta vez não dou um passo sequer.

Petrificada, encaro a figura assustadora a minha frente. Deixando mais fumaça sair entre meus lábios.

Ele girava o seu relógio no dedo indicador da mão direita. Com um pé no chão e o outro apoiado na parede. Sua bengala ao lado, porém a mão esquerda no bolso da calça social. E, claro, a máscara cobrindo sua face. O fazendo um desconhecido.

Dr.Rabbit estava ali...

Sinto minha respiração acelerada. Mas não me movia, isso iria adiantar?

Eu correr?

Pedir ajuda?

Por que se ninguém me socorreria?

Encontrá-lo era como estar frente à frente com a morte. Não havia nada a se fazer, apenas aceitar seu destino.

Ele deixa um sorriso maldoso escapar de seus lábios e os morde, guardando o relógio no bolso e pegando a bengala branca. Se aproximando de mim.

-Não irá correr?- Ele pergunta com rouquidão.

Apenas sinto meus lábios tremerem, meus olhos arregalados encaravam a escuridão dos seus.

-Hm?- Ele se inclina e abre um sorriso, mostrando seus dentes brancos.

Sem uma palavra sequer dita por mim. Ele se afasta e aperta a bengala em seus dedos.

-Isso será interessante.- Ele solta uma gargalhada e essa é a única coisa de que me lembro...

Porém aquela risada amendrontadora fica em minha mente, mesmo desacordada, ecoando a cada segundo. Até que chegou a hora de abrir meus olhos.

Solto um gemido arrastado de dor ao tentar abrir os mesmos, minha cabeça doía. Tento me mexer porém algo agarra meus braços, agora sim, não êxito em abrir meus olhos.

Vejo correntes em meus pulsos, estava sem meu casaco e ajoelhada em um chão sujo.

Tento me soltar, mas sem nenhuma surpresa ao ver que havia sido inútil as tentativas.

Olho ao redor, analisando o buraco onde estava. Sim. Está era a melhor denominação para este local.

A minha frente, uma mesa de madeira, velha, mas recém usada. Alguns papéis e ferramentas em cima da mesma.

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