AVISOS DE GATILHO:
comportamentos e pensamentos depressivos.
💎
Tudo ao seu redor era um lembrete de que ele estava vivo mas não deveria estar.
Desde o maldito despertador que conseguia ouvir tocar no quarto, até as gotas da pia da cozinha que caíam lentamente no metal.
Abriu os olhos contragosto encarando a televisão logo à frente que estava ligada em um canal qualquer na qual permanecera a noite toda. Ele estava deitado de bruços no sofá duro, abraçando os braços por debaixo do corpo para se proteger do frio da manhã e amaldiçoando seu emprego, colocando em mente que iria pedir demissão e viver na miséria de uma vez - dizia isso a si mesmo todos os dias ao acordar mas nunca de fato fazia.
Alguns dias eram piores do que os outros e nesses, ele simplesmente não conseguia unir forças para se levantar e se jogar na cama; dormindo no sofá duro ou até mesmo no chão quando os dias mais escuros batia à sua porta.
Se levantou dolorido desligando todos os únicos três sons que tiravam aquele apartamento do silêncio solitário. Esticou-se bem no banheiro fazendo o que seu corpo pedia e sentou-se na tampa do vaso sanitário, encarando preguiçosamente um ponto fixo e pensando em nada por longos minutos.
Se levantou vagarosamente e encarou o chuveiro, dando de costas para ele em seguida.
Molhou a toalha na torneira e passou a parte com água nas partes mais importantes do corpo e depois a jogou em qualquer canto. Vestiu o seu uniforme e se banhou de perfume barato para enganar qualquer cliente que se aproximasse dele.
Não tomou café, não bebeu água, não marcou o 83° dias vivo no calendário. Apenas saiu de casa com seu semblante avisando que ele não estava para muitos amigos e foi ao seu emprego.
- Bom dia, senhor Kim. - Disse adentrando a lanchonete, estranhando o som de sua própria voz rouca.
- Não precisa me chamar de senhor. Te falo isso todos os dias! - Seu chefe exclamou.
- Me desculpe. - Pediu baixo, indo vestir o avental.
A lanchonete era um lugar um tanto parado durante o dia e mais agitado durante a noite. E de qualquer forma, ele odiava os dois jeitos.
Quando não tinha nada para fazer, ficava contemplando e refletindo com pesar o pouco valor de sua existência e suas razões para partir. E quando estava cheia, gatilhava a si mesmo com todas aquelas pessoas, porque era terrivelmente doloroso observar o quanto as pessoas pareciam felizes enquanto ele estava ainda abaixo do que era considerado fundo do poço.
- Jungkook, acredita que consegue cuidar da noite sozinho com Jihyo ? Tenho alguns assuntos para tratar. - Seu chefe perguntou se aproximando quando já se iniciava a noite, enquanto ele lavava alguns pratos.
Era cansativo cuidar de uma lanchonete de tempo integral e Jungkook, deprimido como era, lutava todos os segundos para continuar ali e não sair correndo. Principalmente quando ficava só ele e Jihyo.
- Sim, senhor.
- Quantas vezes vou ter que repetir? Não precisa me chamar de senhor, nem sou velho. - Levou uma mão ao ombro do funcionário. - Seokjin está de bom tamanho já. Ou hyung.
- Está bem. - Respondeu de qualquer forma.
- Você é um cara engraçado, Jungkook. - Riu um pouco e cruzou os seus braços. - Enfim, não se esqueça de trancar tudo às oito. - Deu tapinhas em seu ombro antes de sair.
Finalizou os pratos e foi conferir os pães que assavam no forno enquanto Jihyo atendia lá fora.
A única coisa boa daquele emprego era que teve a oportunidade de aprender a cozinhar coisas deliciosas com Seokjin como salgados, pães e bolos. E aprendeu truques para seu capuccino ficar mais delicioso também.
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ESTILHAÇOS • jjk + pjm
Romance[EM ANDAMENTO] Jeon Jungkook não sabia que era possível uma pessoa sofrer tanto em uma única vida. Quase três anos depois de um acidente que mudou toda a trajetória de sua existência, ele sobrevive possuído pela depressão e conformado com a solidão...
