Capítulo 10

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Horas depois acordou na cama de um hospital. Desnorteada levantou-se rápido tentando entender como ela havia chegado naquele lugar. Sua cabeça rodou com a tontura repentina e ela deitou novamente virando o rosto para o lado. Percebeu que tinha uma agulha injetada no braço e foi então que viu Diego conversando baixo com o médico. Seu rosto impassível não lhe permitia ler o que acontecia em seu íntimo. Porém pela postura não parecia nada de bom, ela suspirou estranhamente reconfortada e fechou os olhos mergulhando numa escuridão sem sonhos.

Quando abriu os olhos na manhã seguinte, ela estava em um quarto vagamente familiar. Arregalou os olhos verificando ao redor confusa e ansiosa.

-O quê...? Como?

-Finalmente acordou?

-Diego?

-Fiz um chá para você. Beba enquanto está morno, vai se sentir melhor.

-Como cheguei aqui?

-Você não quer colocar uma roupa antes de conversarmos?

-E...eu... Flor gaguejava tentando ordenar os pensamentos embaralhados de sua cabeça sonolenta. -Onde você dormiu?

-Isso importa agora?

-Preciso usar o banheiro! Falou correndo em direção ao cômodo mencionado. Fechou a porta e se escorou nela tentando controlar a respiração e o seu coração traiçoeiro. -O que eu fiz? Ai porque minha cabeça dói tanto? Flor fechou os olhos em agonia escorregando lentamente para o chão. Segundos depois sentiu algo úmido entre suas pernas e gemeu inconformada. –Oh não! Choramingou inconsolável. Abriu rapidamente as gavetas do armário no banheiro tentando lembrar se havia deixado para trás algo que pudesse usar naquele momento. Suspirou resignada ao não encontrar nada. –Di...Diego? Flor chamou titubeante abrindo uma fresta da porta. -Diego?

-O que você quer?

-Po... pode conseguir um absorvente para mim, por favor?

-Um..., o quê?

-Por favor..., vo...você pode comprar absorventes na farmácia para mim? Ele a encarou boquiaberto em seguida sacudiu a cabeça e pigarreou desajeitado.

-Tudo bem. Volto logo! Ele saiu rápido deixando-a imersa nos próprios pensamentos.

***

Quando Flor de Liz saiu do banheiro, Diego a esperava sentado na cama com expressão preocupada e confusa. Flor puxou uma longa respiração e limpou a garganta anunciando sua presença.

-Flor...

-Eu preciso ir. Ela anunciou interrompendo-o.

-Eu fiz o café da manhã...

-Agradeço por ter cuidado de mim durante a noite. Disse tentando soar indiferente. -Não irei mais incomodá-lo.

-Não acha que precisamos conversar? Indagou com aspereza.

-Talvez..., mas não agora. Disse impassível. -Estou atrasada e preciso ir!

-Flor...

-Sinto muito se tomei o seu tempo e lhe dei algum trabalho. Não vai mais acontecer. Completou rapidamente saindo em seguida.

Mais tarde enquanto caminhava em direção a lar infantil onde ela ministrava aulas de reforço, Flor relembrava o momento constrangedor pelo qual havia passado no apartamento de Diego. Suas lembranças vieram com mais clareza do que gostaria sobre o que havia acontecido.

Havia desmaiado nos braços dele na noite anterior, talvez por causa da bebida que tomara de estômago vazio aliado ao fato de que não havia se alimentado bem durante o dia. Ele a levara prontamente ao hospital. E apesar de está meio inconsciente, ela conseguira ouvir parte da conversa dele com o médico do plantão.

Naquele momento Diego parecia preocupado e ansioso quando questionara sobre seu estado de saúde. Por causa de seu estado lamentável ele por fim, decidira levá-la para o apartamento dele apesar dos veementes protestos dela. Nesse processo, seu ciclo menstrual havia finalmente chegado e pela primeira vez desde que o havia conhecido, Flor de Liz tivera que pedir algo tão íntimo como a compra de absorventes.

Que vergonha! Seu constrangimento atingiu o limite e por isso ela saíra do apartamento o mais rápido que havia conseguido alegando está com pressa e fugira apressada.

-Calma Flor! Resmungou baixinho sentindo as faces pegando fogo. -O que acha que ele quer conversar? Você é tão boba, mulher! Ela se recriminava inconformada enquanto caminhava apressada em direção a instituição onde trabalhava duas vezes por semana. Parou em frente ao portão e puxou lentamente a respiração tentando acalmar as batidas aceleradas de seu coração enquanto ensaiava um sorriso confiante. -Provavelmente ele quer dizer para parar de ser abusada e ficar se metendo no caminho dele. Como fui cair justo aos pés dele àquela hora? Indagou-se inconformada por ter desmaiado na noite anterior na presença de Diego antes de poder chegar a sua casa. -Droga! Angh!

Quando Flor abriu a porta da casa abrigo já eram quinze para as oito da manhã e ela foi logo para o salão onde as crianças estavam reunidas.

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