Capítulo 06

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Não havia gravidez! Porque aquelas coisas sempre aconteciam com ela?

Flor virou o rosto para o lado reunindo coragem para encarar a amiga que a aguardava em silêncio. Odiava ser alvo de pena e compaixão das pessoas, por isso sempre conservava um sorriso nos lábios sem nunca permitir que sua dor fosse revelada.

-Está tudo bem, Flor?

-Sim..., obrigada por vir comigo, Sol. Disse sem encará-la. Arrumou a roupa e saiu da cama em que estava. -Obrigada doutor. Flor saiu em silêncio da sala envolta em uma gama de emoções conflitantes.

Será por isso, que não se sentia realmente grávida em diversas ocasiões?

-Amiga se quiser conversar...

-Não se preocupe comigo, Sol. Pediu com um sorriso forçado. –Está tudo bem. Talvez tenha sido melhor assim...

-Vai contar para Diego?

-Será que vale a pena? O exame havia sido alterado. Nunca houve gravidez e ela tolamente de imediato pensou em contar para Diego para então desfazerem o mal entendido que havia passado.

-Acho que você deve, mesmo que não fiquem juntos. Afinal foi por causa disso que brigaram. Flor concordou sentindo o coração acelerar em expectativa.

Através da secretária que trabalhava com Solange, Flor descobriu que Diego estava em casa aquela tarde e rapidamente seguiu para lá. Ao chegar ao apartamento, ela quis usar a chave que ainda possuía guardado, mas teve receio de ser insultada por invadir e decidiu tocar a campainha da porta. Sua ansiedade era tanta que já havia prendido e soltado os cabelos várias vezes.

-O que você quer? Perguntou frio assim que abriu a porta e a viu de costas. Flor já estava se preparando para ir embora pensando que a secretária havia se enganado quanto ao local em que Diego estava.

-E... eu preciso falar com você. Gaguejou desconfortável. Diego a encarava com olhar impenetrável. -Posso entrar?

-Querido quem é? Uma voz feminina indagou da sala. Flor esticou o pescoço para ver quem era a mulher no apartamento, mas ele puxou a porta impedindo a visão.

-Ninguém importante. Ele respondeu com arrogância sem desviar o olhar do rosto de Flor de Liz. Ela baixou os olhos desejando não ter deixado transparecer a decepção que sentia por ter sido substituída com tanta rapidez.

-Você já tem...

-Você veio apenas bisbilhotar? Indagou ríspido. -Não temos mais nada um com o outro.

-Não! Negou com rapidez enquanto abria o fecho da bolsa. -Claro que não. Flor sentia-se agitada e nervosa. Tinha vontade de gritar que ele não podia ficar com outra sem antes esclarecer as coisas com ela. Queria bater nele até que ele admitisse que ainda a amava e que tudo o que dissera havia sido um engano. Queria apagar aquele olhar indiferente que a machucava e vê-lo com o costumeiro sorriso malicioso nos lábios, lhe dizendo que a amava e que o perdoasse por ter sido injusto. Depois de tudo, ele lhe devia uma explicação, mas não fez nada disso. Respirou fundo reunindo toda a sua coragem enquanto tentava controlar os acelerados batimentos cardíacos em seu peito. -Eu apenas vim devolver sua chave. Disse com a voz embargada. -Aqui..., parece que a fila já andou para você.

-Tanto faz. Era só isso? Perguntou rude.

-Sim. Anuiu sem encará-lo. –Parece que...

-O que é Florzinha? Interrompeu com ironia. -Achou que eu iria ficar chorando por causa de sua traição?

Diego fechou a porta deixando-a mortificada e perdida. Grossas lágrimas escorriam por seu rosto sem que ela percebesse enquanto caminhava apressada em direção a saída. Parece que ela havia perdido mais uma vez. Pensou entre soluços descontrolados. Flor sentia o peito doer como se estivesse sendo rasgada por dentro. Não percebia para onde estava indo até quase ser atropelada por um caminhão cujo motorista berrou impropérios fazendo-a parar estarrecida com o susto. Flor de Liz afastou-se rapidamente da frente do carro indo para a calçada. O que ela estava fazendo? Não era o fim do mundo, pois coisas piores já aconteceram com ela e sobrevivera. Se Diego estava pensando que iria ficar se lamentando por causa dele, estava muito enganado! Ela recriminava-se respirando fundo tentando controlar-se. Limpou o rosto com raiva e seguiu direto para o salão de seu amigo Pietro. Ele havia sugerido uma mudança radical no visual, meses atrás, mas até aquele momento não havia tido a coragem de fazê-lo.

Esperança RoubadaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora