Capítulo 17

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Dias depois...

Flor de Liz acordou aquela manhã com o insistente toque do telefone. Após ter rolado na cama a noite anterior sem conseguir dormir ela sentia como se tivesse acabado de fechar os olhos e alguém a fizera sair de seu merecido descanso. Aquilo a fez aborrecida, fato que deixou transparecer ao atender a incomoda ligação.

"Se não tiver nada de útil para dizer acho bom desligar agora!" Resmungou fechando os olhos após verificar ser um número desconhecido.

"Desculpe incomodar, mas aconteceu um acidente e esse número está registrado como contato de emergência!"

"O quê?" Ela despertou completamente. "Acidente?"

"Sou do Hospital Augusto Nunes, e estou ligando para informar que o senhor Diego de Alencar foi trazido ontem à noite para esse hospital, após um acidente automobilístico."

Flor sentiu descer um frio pela espinha e largou o smartphone como se o mesmo estivesse lhe queimando a mão. Cobriu a boca com as mãos enquanto implorava mentalmente que estivesse tendo um pesadelo, pois seria melhor que a verdade dita pela desconhecida. Tentou controlar o tremor das mãos e pegou o aparelho de volta levando-o receosa ao ouvido.

"O q...que você d...disse?" Gaguejou quase sem voz. Com o coração acelerado e as pernas trêmulas ela ouviu a telefonista

"No nosso sistema, seu número está registrado como contato de emergência do senhor Diego de Alencar, a senhora o conhece?"

"O que houve com ele?" Choramingou incrédula.

"O senhor Diego deu entrada nesse hospital ontem à noite e está passando atualmente por uma cirurgia de urgência. Maiores informações a senhora terá com o médico do plantão."

"Por favor, me diga que ele está bem!" Gemeu desesperada.

"Isso é tudo o que posso lhes dizer senhora" A telefonista desligou imediatamente.

Flor de Liz passou alguns segundos olhando para o seu smarphone sem conseguir acreditar que o que ouvira havia sido real. Suas lágrimas desciam abundantes por seu rosto lívido sem que ela percebesse.

–Preciso vê-lo..., saber se está bem! Murmurava sem conseguir acreditar que algo grave tivesse acontecido com ele, pois no dia anterior Diego havia ligado várias vezes, porém por causa da raiva que ainda sentia, ela recusou-se a atendê-lo. O arrependimento a estava consumindo por dentro. Quinze minutos depois, chegou ao hospital desesperada por notícias.

-O paciente precisou passar por uma cirurgia de urgência para retirada de hematoma causado pelo trauma na cabeça. Após algum tempo de espera, o neurocirurgião explicou a Flor de Liz quando saiu da sala de cirurgia. -Ele será transferido para um quarto e em seguida estará sob observação clinica.

-Ele vai ficar bem, doutor?

-As próximas horas são cruciais para a recuperação dele. Vamos aguardar. Flor de Liz anuiu entorpecida.

-A senhora é a guardiã? Um policial tocou em seu ombro fazendo-a erguer-se em completo estado de alerta.

-O q...quê?

-É a responsável pelo rapaz do acidente automobilístico? Diego...

-S...sim!

-Aqui estão as coisas que conseguimos recuperar de dentro de veículo.

-Oh...agradeço. Falou pegando uma mochila coberta de cinzas mais ainda intacta. –Como foi esse acidente? Porque ele sempre foi tão cuidadoso ao volante...

-Aparentemente ele deve ter tentado desviar de algo na estrada, provavelmente de algum animal, e isso fez com que perdesse o controle do veículo em uma curva. Porém, ainda não concluímos a investigação. Quando ele acordar, nos informe para que possamos finalizar a ocorrência.

-Claro! Muito obrigada, senhor policial!

-Flor! Solange chamou algumas horas mais tarde da porta do quarto no hospital. Durante todo o dia, Flor de Liz estivera ao lado de leito esperando que Diego acordasse.

-Sol! Disse com voz embargada.

-Tentei te ligar, mas você não estava atendendo. Solange disse a envolvendo dentro de um abraço apertado.

-Deve está no modo silencioso. Flor sussurrou com voz abafada.

-Então já sabe como foi o acidente?

-Ligaram-me do hospital, mas não explicaram exatamente o que houve. O policial que estava aqui disse que ele perdeu o controle do carro em uma curva. Explicou secando os olhos com o dorso da mão. – Ele ainda não acordou e eu estou preocupada. Fungou angustiada. -O médico disse que o pior já passou, mas eu estou com tanto medo.

-Vamos ter fé que tudo ficará bem. Flor apoiou a cabeça no ombro da amiga. Ficaram conversando por várias horas sem que Diego se movesse ou demonstrasse qualquer outra reação. O médico veio verificar como a situação estava evoluindo e disse para não se preocupar. Porém Flor de Liz se sentia apreensiva.

-Me sinto tão inútil, sem saber o que posso fazer para ajudá-lo.

-Não se preocupe com isso! Solange a consolou. -Sua presença aqui com certeza é um conforto para ele. Você ouviu o que o médico disse..., conversar vai ajudar a trazê-lo de volta. Ele está nos ouvindo e fará com que queira acordar!

-É minha esperança. Flor de Liz sentia um aperto no peito. –No entanto, estou sentindo um mau pressentimento. Ah amiga, o que faço? Flor de Liz suspirou pesadamente e segurou a mão de Diego massageando-a com carinho. –Você precisa acordar logo! Implorou para o homem adormecido e alheio a comoção dentro do quarto. –Estou te esperando e quero ser a primeira pessoa que você verá quando abrir os olhos.

-Amiga vá comer alguma coisa!

-Não sinto fome.

-Mas você precisa se alimentar!

Flor de Liz se recusou a sair do quarto durante todo o dia temendo que ele se sentisse perturbado por está em um hospital. Por Diego ter ficado internado em tratamento de saúde por tanto tempo, agora ela compreendia sua fobia de evitar tais ambientes.

-Caio está vindo e então poderemos sair para comer quer você queira ou não!

-Solange...

-Por favor, amiga! Estou seriamente preocupada com você. Flor de Liz suspirou derrotada. Horas depois quando Caio entrou no quarto, Solange a arrastou até a lanchonete do hospital.

Foi apenas no dia seguinte que Diego finalmente acordou. Flor de Liz havia sido chamada na recepção do hospital para acertar as contas e deixou Caio e Vinícius fazendo companhia a Diego no quarto. Quando retornou ouviu risos masculinos e a voz inconfundível de Diego.

-Você acordou? Indagou emocionada.

Diego a encarou fixamente e aquele olhar não era exatamente o que Flor de Liz aguardava com tanta ansiedade durante todo aquele tempo.

-Quem é ela?

-Você não lembra quem é? Vinícius indagou de olhos arregalados olhando de um para o outro alternadamente.

-Como assim? Que brincadeira sem graça é essa Diego?

-Eu deveria saber quem é você? Diego continuou encarando-a com expressão confusa. –Caio...?

-Bem..., acho melhor chamar o médico de volta.

-O que está acontecendo? Indagou apreensiva.

Esperança RoubadaOnde histórias criam vida. Descubra agora