Capítulo 07

53 16 6
                                    

Ela não conseguiu dar nem dois passos quando o sentiu segurar seu braço impedindo-a de continuar.

-Espera! Ele pediu com rigidez fazendo-a paralisar com a respiração suspensa. Seu coração dava cambalhotas no peito em ansiosa expectativa.

-O que você ainda quer? Flor puxou o braço com um safanão e o encarou com raiva cruzando os braços sob o peito numa atitude desafiadora. O que ela estava pensando? Ele estava ali despreocupadamente acompanhado e ainda queria ter o direito de dizer o que ela deveria fazer? Recriminou-se magoada.

Diego a encarou por alguns segundos em silêncio como se lhe faltasse palavras ou não soubesse o que dizer. Flor sentia o coração acelerar com a esperança brotando em seu íntimo. Ela queria correr para ele pedindo que não a deixasse, no entanto se obrigou a permanecer no mesmo lugar exibindo uma expressão desinteressada.

-Nada. Ele desviou o olhar claramente desconfortável. -Só que..., tenha cuidado. Você está grávida e...

-Quanto a isso, não precisa se preocupar eu...

-Diego..., vamos? A ruiva que o acompanhava interrompeu-a com um sorriso forçado para Flor. -Você me prometeu toda sua atenção hoje. Ela completou segurando-o pelo braço forçando-o a segui-la. -Você pode conversar com sua amiga em outra oportunidade, se ainda estiver interessado.

-Claro que sim. Ele anuiu cobrindo gentilmente a mão da outra com a sua. Com um olhar desiludido direcionado a Flor virou as costas e foi embora sem olhar para trás. Flor fez um esforço sobre-humano para se controlar e não pular no pescoço daquela mulher dissimulada e arrancar os olhos dela com as unhas quando a ruiva a olhou por cima do ombro sorrindo com sarcasmo.

-Flor você não contou a ele? Solange a despertou de seus instintos assassinos. –Eu ouvi ele dizer...

-Não consegui. Resmungou irritada. Ela se afastou voltando para onde estivera sentada anteriormente. Pegou o copo de ponche adocicado que estava sobre a mesa delas e bebeu de uma única vez. Afastou com irritação as lágrimas que enchiam seus olhos antes que sua amiga percebesse e levantou-se seguindo para a pista de dança. Solange a seguiu com suas perguntas.

-Mas, você foi ao apartamento dele mais cedo disposta a falar. Ela disse alto por causa da batida musical que tocava. Flor pulava ao som da música eletrônica sentindo a adrenalina aumentar e a vontade de chorar diminuir.

-Eu sei! Gritou para ser ouvida. -Ele nem me deixou entrar no apartamento..., estava acompanhado.

-O que disse?

-Ele estava acompanhado e não consegui contar! Gritou mais alto enquanto se sacudia ao som da música.

-Ah é mesmo..., a mãe dele estava lá! Eu fiquei sabendo depois que você saiu. Solange disse surpreendendo-a. Flor de Liz parou imediatamente de dançar e encarou a amiga com a boca aberta. Com a respiração entrecortada pegou no braço de Solange e saiu rápida da pista de dança puxando-a para um local menos barulhento.

-Você disse que a mãe dele estava lá?

-Sim, ela estava. Afirmou Solange sem fôlego por causa da dança. -Tentei te ligar pra avisar sobre ela, porém você não atendeu, pensei que tivesse conseguido conversar com ele mesmo assim.

-Era a mãe dele?

-Não sabia?

-Não! Negou confusa. -Eu deduzi que..., oh..., mas não importa. Suspirou desanimada. -Ele continua me acusando de traição. Mas, no fim é ele que já está com alguém. Terminou vendo-o sorrir e beber a distância com a mulher que se apoiava em seu ombro.

-Na verdade aquela mulher é a dona dessa boate e o escritório de advocacia da família do Diego a está assessorando juridicamente. Solange falou acompanhando a direção de seu olhar.

-Ah..., então é apenas negócio? Disse constrangida por ter sido pega em flagrante. Seus olhos insistiam em perseguir a imagem de Diego onde quer que ele estivesse na boate, o que ironicamente não ficava muito longe de seu campo de visão. Diego era um homem que chamava a atenção de todas as mulheres que estavam ao seu redor, tanto por sua boa aparência quanto por sua personalidade alegre e extrovertida. Dono de um sorriso que amolecia o coração mais endurecido aliado a um olhar sedutor ele convencia qualquer um que quisesse ter ao lado. Por isso, era difícil permanecer sozinho por muito tempo.

-Até onde sei..., sim são negócios. Confirmou Solange.

-Parece que fiz papel de boba mais uma vez...

-Não fale assim.

-Sol..., se importa se eu for embora agora? Perguntou se sentindo derrotada. -Estou cansada e quero dormir.

-Então, vamos pedir um Uber. Solange falou pegando o telefone na bolsa. – Eu vou procurar as meninas para avisar e já volto para ir com você.

Flor acompanhou com tristeza Diego se misturando em meio à grande multidão de pessoas que frequentavam a boate aquela noite. Ela se perguntava por que a relação deles se transformara em tão curto espaço de tempo sem que pudesse fazer nada para mudar os fatos. Em poucos dias escorregara por entre os dedos o amor de sua vida e o sonho de ser mãe ao mesmo tempo, sem que conseguisse fazer nada. Sentia-se tão sozinha e perdida por ter suas esperanças roubadas e ser incapaz de se sentir escolhida para ser feliz.

Esperança RoubadaWhere stories live. Discover now