Hurricane

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"He doesn't look a thing like Jesus
But he talks like a gentleman

Like you imagined when you were young"

(when you were young - The Killers)

Madison 

Não tenho certeza de como aquilo aconteceu, mas quando me dei por mim já estava sentada no interior de um carro, espremida no colo de um rapaz enquanto os outros encolhiam-se para caber nos bancos. Estávamos em seis pessoas em um automóvel que mal comportava cinco passageiros.

O ambiente estava abafado e quente mesmo sendo uma noite de inverno, e precisei lutar contra o ímpeto de abrir a janela e me jogar para fora. Já estávamos em movimento. Conforme o carro trepidava pela falta de habilidade e embriaguez do motorista, a cada curva que fazia eu engolia com força, tentando manter tudo o que eu havia bebido e comido dentro do meu estômago. Eu não fazia ideia de para onde estávamos indo, e de qualquer forma aquilo não era importante já que eu mesma me encontrava perdida.

Suzy tamborilava os dedos no painel ao ritmo da música que estourava nas caixas de sons do interior, balançando a cabeça e sorrindo de canto quando notou que meus olhos estavam fixos nela. Ao seu lado, ocupando a função de motorista estava um rapaz de jaqueta jeans cujas mangas haviam sido cobertas de bottons de bandas famosas de Rock. Vez ou outra ele tirava uma das mão do volante e a deslizava pela perna da garota à direita, e ela por sua vez, não o afastava, levando-me a crer que eram íntimos. Não sei como cheguei àquela conclusão tão depressa visto que a confusão mental me assolava.

Senti algo cutucar minha cintura e depois pousar na lateral da minha coxa, próxima ao quadril, e quase dando um pulo suficientemente alto para bater a cabeça no teto me lembrei de que estava sentada no colo de alguém. Virei-me rapidamente de olhos arregalados, assustada ao quase dar de cara com ele. O homem riu diante do meu espanto, curvando os lábios bem desenhados e os entreabrindo o suficiente para expelir a fumaça do cigarro em meu rosto.

- Oi. - disse em meio a um sorriso galanteador.

- Oi. - respondi depois de um tempo, sem me importar com a fumaça que adentrava minhas narinas. Eu já estava acostumada com cigarros e suas fragrâncias, e ouso dizer que até mesmo sentia falta. - Você é o...? - precisei perguntar, pois jurava que ele não estava conosco antes na festa, e parando para raciocinar percebi que antes estávamos em cinco na festa, porém havia um sexto elemento no carro.

- Thomas. Muito prazer, Maddie.

- Já nos conhecemos?

- Você me disse seu nome antes de virmos para cá, não lembra?

- D-desculpe. - gaguejei devido ao efeito do álcool. - Não lembro.

E era verdade, eu me lembrava de pouca coisa entre o momento em que conheci Suzy e seus amigos e o atual, onde me encontrava apertada no colo de Thomas, com mais dois caras ao lado. Minhas lembranças estavam confusas, e mais pareciam uma sucessão de luzes estroboscópicas que ofuscavam minha razão.

- Não tem problema. - Thomas não me pareceu bravo ou ofendido por eu ter esquecido de seu nome. Na verdade, senti que ele foi gentil e solícito.

Eu não havia reparado antes, mas havia algo de atraente no rapaz. Ele não era forte e musculoso, na verdade, seu corpo era esguio e em forma, e eu sabia daquilo pela forma como sua camiseta com listras brancas e pretas lhe caía pelos ombros, deixando a mostra suas clavículas bem marcadas. Mesmo sendo noite, usava um óculos de sol com armação grossa e amendoada na cor vermelha. Tais óculos seguravam parte de seus cabelos loiros que desciam rebeldes e livres até os ombros. Quanto ao seu rosto, bem, seria muita presunção da minha parte cogitar ser capaz de descrever uma pintura de Alexandre Cabanel*, então limitei-me a apreciar seus olhos etéreos de um tom azul celeste e a covinha que Thomas ostentava no queixo.

Brooklyn BabyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora