Brooklyn Baby

A Fucking Sociopath

Madison

 Por mais que a semana de provas consumisse as minhas energias, agradeci quando ela chegou, pois eu enfim poderia focar minha atenção em algo produtivo como os estudos. Eu passei boa parte do meu tempo livre enfurnada na biblioteca, engolindo pilhas e pilhas de anotações entre uma mordida e outra dos meus brownies, agitando as pernas e sofrendo para entender um único parágrafo. 

 Mads havia se oferecido para me ajudar a entender ao menos parte do conteúdo, porém, não queria ocupar o seu tempo, além do mais, eu duvidava que conseguiria me manter atenta diante das explicações do meu namorado sem que meus pensamentos divagassem para memórias de nossos beijos.

 Logo que finalizei o último teste da última disciplina respirei fundo em sinal de alívio, guardei as canetas no estojo e andei até a mesa do professor para entregar a prova. Mikkelsen gentilmente a puxou com as pontas dos dedos e exibiu um discreto sorriso de canto, que eu retribui antes de dar-lhe as costas e deixar sua sala de aula. 

 Bem, minhas obrigações haviam sido cumpridas com louvor, e como tinha se tornado costume entre Lindsay e eu, combinamos de pedir uma pizza e beber até cair na segurança do nosso apartamento, entretanto, para evitar o ocorrido da outra semana, assim que desci as escadas e me dirigi a saída do prédio, Lindy me esperava com seu chevette vermelho ligado, pronto para cantar os pneus - não literalmente - assim que eu adentrasse o veículo.

 A garota havia ganhado o carro ao completar dezesseis ano, e por mais que o modelo 87 tivesse pertencido ao seu pai, tanto o interior quanto o exterior estavam conservados. O estofado permanecia inteiro e limpo, apenas com algumas manchar provenientes do tempo, e a lataria rubra, sempre reluzente. 

 - Enfim livre. - eu disse, jogando a mochila no banco de trás.

 - Espero que tenha ido bem, mocinha. Não vou aceitar menos do que um A. - ela fez uma imitação da minha mãe e ambas rimos. 

 Lindy pisou no acelerador e dirigiu pelas ruas do campus, e em nosso curto trajeto, tive a certeza de ver Daniel correndo sozinho, ocultando-se nas sombras esperando por mim. Claro que não havia como saber se era ele de fato, contudo, minhas inseguranças não me permitiam relaxar. O carro passou pela figura, e quanto o fez, virei o rosto para acompanhar os seus passos, mas bastou um piscar de olhos para que ele desaparecesse. Respirei fundo e chacoalhei a cabeça. 

 Eu não deixaria Daniel entrar em minha mente.

 Quando chegamos ao nosso quarto, a primeira coisa que fiz foi jogar a bolsa em um canto e correr para o banho, ansiosa para que a água lavasse do meu corpo o estresse da semana. Assim que finalizei, deixei o banheiro já trajando um vestido leve cor vinho.

 - Sabe, eu tenho uma coisa para te falar. - Lindsay anunciou repentinamente enquanto abria a garrafa de vinho e despejava o conteúdo em duas canecas. - Mas não quero que você fique chateada.

 Franzi as sobrancelhas e inclinei a cabeça. Não conseguia pensar em nada que ela pudesse fazer que fosse me deixar chateada.

 - Claro. Pode falar. - respondi desconfiada. 

 A jovem enrolou um pouco para falar. Entregou-me uma caneca contendo a bebida alcoólica e pôs-se a bebericar o conteúdo, prolongando os segundos. 

 - Sério, Lindy, você pode me contar qualquer coisa. - a incentivei. 

 - Esse é o problema, Maddie. - ela suspirou e deixou a xícara sobre a pia. - Eu não tenho sido totalmente sincera com você. Você é minha melhor amiga e tem sido tão aberta comigo, e eu sinto que não estou retribuindo.

 - Do que você está falando? - perguntei com um leve frio na barriga.

 Ela me olhou brevemente, buscando consolo através das minhas íris e se deparando com minhas órbes suplicantes.