𝐌𝐚𝐭𝐞 𝐨 𝐑𝐞𝐢 𝐊𝐢𝐦 | Jinsoo

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟎𝟐

  Estava no meu quarto, planejando como eu entraria no palácio. Precisava entrar lá sem ninguém desconfiar, ninguém podia ver meu rosto ou descobrir que eu estava por trás do assassinato do rei.

Seria mais fácil deles me caçarem, eu tinha que me misturar na multidão. Seria complicado, ainda mais quando eu tinha que passar com um arco-flecha. Mas eu já tinha uma ideia brilhante, eu iria esconder o arco de baixo do vestido.

Ninguém desconfiaria de uma jovem moça, poderia fingir estar indo para o castelo para a escolha. Assim eu teria acesso ao castelo, depois me livraria do arco e fingiria estar em choque. Logo depois iria embora e comemoraria a vitória, um plano simples. Não tem como dar errado. Ao menos era o que eu achava.

Há algum tempo eu tinha descoberto um tipo de resina que fazia minha flecha pegar fogo, descobri em um dos meus estudos. Estava misturando algumas secreções de plantas, tenho sempre me cuidado quando mecho nessas coisas. Se eu inalar pode me fazer mal, nossos médicos não são tão bons quanto os do reino.

Apliquei a resina na ponta da flecha, estava com um pano enrolado no meu rosto. Passei a resina em três flechas, coloquei elas junto com as outras na aljava.

Desci, parei em frente na porta do quarto de Irene. Ela estava costurando o meu vestido, entrei em seu aposento.

— Espero que seu plano dê certo, pois está dando trabalho. — Forcei-me a sorrir, Irene não gostava muito de mim. Nunca entendi o porquê, só sei que sempre foi assim.

— Vai dar sim, espere e verá. — Sai sem dizer mais nenhuma palavra, senti seus olhos de falcão me acompanharem.

E lá estava eu novamente, eu precisava treinar para conseguir. Eu tinha que treinar disparos a distância, já que eu atiraria a distância. Jackson estava espionando o rei, ele estava vendo quantos guardas o cercavam para me informar.

Eu teria apenas duas flechas, essas duas seriam as responsáveis de matar o rei. Uma seria no coração e a outra em seu estômago, uma delas vai estar queimando. Será a minha marca, flecha pegando fogo.

Toda vez que eles verem um flecha pegando fogo saberão que será eu que causei tal morte, eu Sooya Li serei a melhor. Vou ser implacável, irei mostrar a todos eles o meu valor. Fui até onde sempre ligava a fogueira, peguei duas pedras e acendi a fogueira. Peguei uma das flechas com a resina e estendi para a fogueira, como esperado ela queimou.

Me afastei da fogueira e mirei, não demorou muito para eu disparar. A flecha acertou em cheio no alvo, sorri vitoriosa. Meus olhos encontraram uma espada jogada na grama, joguei meu arco juntamente com a aljava no chão. Peguei a espada e a ergui, comecei a treinar com ela.

Eu era péssima em duelos de espada, espero não ter que usá-la. Seria meu maior pesadelo, mas se for para usar que seja apenas para atravessar o peito de alguém. Matar alguém com uma espada era algo pessoal, já que teria que ter um contato próximo. Espero nunca ter que fazer tal ato.

Eu nunca entendi o porquê de todos duvidarem de mim, meus irmãos falam coisas desagradáveis a meu respeito. Irene não confia em mim, ela parece ter pedido para meu pai me deixar fazer esse trabalho apenas para me ver falhar. Eles estão sedentos para me ver falhar, isso só me deixa mais eufórica e animada para provar pra eles que sou capaz.

Eu sempre me destaquei, desde pequena. Mesmo assim meus irmões conseguiram uma missão primeiro, eu fiquei furiosa. Creio eu que é por algum tipo de superioridade que os homens acham que tem, mas sinto em lhe informar que eu sou tão forte e incrível quanto. Até mais.

Papai me trata como a princesinha, mas eu não sou. Posso parecer ser da realeza por causa da minha beleza, mas isso não é assim de fato. Meu avô sempre me ensinou a ser forte, ele não era o melhor avô do mundo. Ele me batia, me machucava com as palavras e não era um professor muito atencioso. Porém, ele me ensinou a ser forte e a ser quem eu sou hoje.

Mesmo depois de sua morte, eu desejo dar orgulho a ele. Infelizmente ele não está aqui para ele ver eu provando que ele estava errado a meu respeito, mas todos que estão aqui irão pagar com a língua!

Irei matar o rei, se não eu não me chamo Sooya!

— Cabelo de fogo. — Escuto Younjae me chamar, reviro os olhos antes de me virar. — A janta está pronta!

Caminhei lentamente até a casa, entrei esbarrando em Irene.

— Oh, me desculpe. — Ela apenas saiu, corri para os braços do meu pai. — A vovó não gosta de mim.

Meu pai envolveu seus braços em torno de mim, ele mexia nos meus cabelos vermelhos.

— É claro que ela gosta de ti, não fale besteira Sooya. — Suspirei pesadamente, meu pai me apertou mais forte. — Ela só é difícil, até meu pai tinha medo dela.  

— Eles nem sequer pareciam um casal. — Eu e Papai começamos a rir, foi a vez dele suspirar pesadamente.

— Você não tem que fazer isso, Sooya. — disse calmamente, me distanciei dele.

— É claro que preciso, você já viu como me tratam? Preciso mostrar a todos que sou boa, preciso te dar orgulho.

— Você já me dá orgulho, Sooya. Olhe para você, um anjo na terra. Não quero que suje vossas mãos.

— Todos nos sujamos, por que comigo seria diferente? — o olhar cansado do papai me fez calar, ele pegou uma mecha de meu cabelo e enrolou no seu dedo.

— Por que você é a Sooya, não uma assassina de aluguel. — baixei meu olhar. — Eu sei que não é o que você quer, seu lugar não é aqui.

— Você está errado, isso é o que eu mais quero. — minha voz saiu trêmula. Era o que eu mais queria, certo? — Meu lugar é aqui, com você!

— Filha, nos não lhe merecemos. Você é muito boa para gente como nós, faça o que eu digo...

— Mas não faça o que eu faço — Completei, meu pai se forçou a sorrir. — Confie em mim, eu quero fazer isso. Eu vou fazer isso!

— Você pode desistir se quiser.

— Não irei!