Capítulo Oito: Thomas

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*Olá, pessoas lindas! Desejo uma boa leitura e nada falarei. Vejo vocês nas notas finais. *

― Eu vou chorar! ― Mel reclamou esfregando seus olhos. ― Eu não durmo direito por conta dos turnos, um dia desses ainda vou enlouquecer.

― Já te falaram que reclama muito? ― Indaguei me espreguiçando. Hoje o dia foi longo e para ajudar eu tive que realizar duas cirurgias, uma atrás da outra e só queria minha cama. Mel se aproximou para roubar meu café antes que pudesse tomar uma gota sequer.

― Ei!

― Agora é meu ― Minha amiga pôs a língua para fora e alojou-se no sofá.

Estávamos numa pequena sala de descanso onde alguns alguns residentes eram pegos tirando sonecas ou simplesmente fugindo das suas tarefas rotineiras. Era muito legal fazer uma pegadinha com os novatos, um ou outro podia acordar com o rosto pintado ou, eu brincava que os chefes de seus departamentos os pegaram no flagra. Mas se eu quisesse os assustar, mencionava a administradora do hospital. Grandes oportunidades de arranjar a sua própria diversão.

― Me devolve ou eu conto o local onde você costuma chorar ― Ameacei. Ela novamente me deu a sua língua.

― Eu não choro!

― Por que os dois não se calam? ― Pediu amigavelmente Miguel. O homem segurava alguns papéis em suas mãos e pela sua expressão era algo importante.

― Mal humorado outra vez. ― Constatei. ― Mary te deu um fora?

― Thomas não enche.

― Por causa dessa smurf, vou ter que pegar outro café.

― Quem aqui é a smurf? ― Mel perguntou desgostosa.

― Só mais uma hora ― Eu digo ignorando Mel.

Dito isso, dou uma volta pela emergência após atender uma criança com ataque asmático. Felizmente não era tão grave. E sua mãe ficou muito grata que escorreu no meu bolso do jaleco um pequeno papel com seu número de telefone, enquanto o pai da criança estava distraído falando no celular. Como não tinha muito o que se fazer, apenas me limitei a dar um leve sorriso à moça atraente. A criança de seis anos me abraçou forte antes de ir embora.

― Bonito viu ― Mary murmurou atrás de mim. Me virei para encarar a asiática que balançava sua cabeça em negação.

― Eu sei que sou.

― Thomas você não viu que a moça tinha marido?

― Eu não fiz nada ― Me defendi cruzando os braços no peito. ― Foi ela quem flertou. Eu respeito as casadas, porém elas respeitam seus maridos?

― Um dia ainda vai se dar mal com esse seu joguinho "inocente". ― Ela resmungou fazendo aspas.

― Por favor, ajudem! ― Uma voz fina e embargada nos fez virar a cabeça. Era uma jovem baixa e com seu rosto todo vermelho, pedia aos berros conforme alguns paramédicos guiavam consigo uma mulher na maca. Imediatamente eu corri para auxiliar e Mary foi logo atrás.

― O que aconteceu? ― Eu questionei ao vislumbrar a grande mancha de sangue pintando o vestido da mulher, o que me preocupou mais foi perceber sua nítida gravidez, e aquilo não poderia ser algo lá muito bom. No momento, eu foquei em seu ferimento.

― Essa mulher levou um tiro abaixo do abdômen e perdeu muito sangue. ― Relatava a paramédica em questão empurrando a maca.

Aquilo só podia ser contido com cirurgia e a situação da mulher era bastante preocupante.

Kate ―  Trilogia WalkerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora