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—– Obrigado por me receber, Sra wilson  — Lian agradeceu

—– Que isso, sente-se — Ela apontou para um pequeno sofá ao lado dele.

—– Obrigado — Ele se acomodou no sofá.

—– Você não é o primeiro que vem aqui perguntar sobre o paradeiro da minha filha — Disse a mulher com um ar sombrio.

—– Quem mais veio aqui?

—– Dois policiais e um detetive que não me recordo o nome.

A mulher se sentou  na poltrona de  frente pra Lian e se queixou de dor na coluna.

—– Por acaso algum deles se chama Paul?

—– Sim, tinha um com esse nome — Gemeu — Ela disse pra eu não me preocupar. que ele iria encontra-la.

A angústia era evidente nos olhos daquela mulher que esperava por respostas assim como Lian.

—– Mas a senhora não faz ideia de onde ela pode estar? — Ele a encarou desconfiado vendo que a mulher mudara de expressão rapidamente.

—– Não, na verdade eu não vejo a minha filha a muito tempo desde que ela  fugiu de casa.

—– Então você não sabia que ela tinha um filho, nem a situação da qual  eles se encontravam?

—– Não, fiquei horrorizada quando soube do ocorrido, eu nunca pensei que ela faria uma coisa dessas...

—– Então ao seu ver Marjorie sempre foi uma garota tranquila?

—– Não, ela tinha sim alguns problemas, se metia em muitas confusões, mas nunca demonstrou comportamento agressivo...não sei o que pensar sobre isso.

A mulher suspirou cansada, enquanto procurava uma posição mais confortável em sua poltrona.


—– Eu sinto muito,  sei que a senhora não é culpada pelo o que está acontecendo, então acho que por hoje é só.

Lian se levantou, mas antes de sair ele voltou os olhos para a mulher novamente.

—– Quer ver ele?

—– Como? Quem?

—– O seu neto.

A expressão da mulher se fechou em dor e agonia, mas sua expressão estava mais relacionada ao medo do que a tristeza ou frustração.


Lian então, colocou a mão no bolso e puxou uma foto, onde Kevin aparecia sentado brincando com um carrinho, em seguida entregou-a para a mulher que a recebeu com suas mãos frias e trêmulas.


Seus olhos logo encheram de lágrimas e uma tristeza profunda atingiu seu coração.

—– E- ele é tão bonito, se parece muito com Marjorie.

A mulher sorriu em meio às  lágrimas tocando aquele rosto como se fosse o da própria filha.

Lian entendia muito bem aquele sentimento, já que o único contato que tinha com os filhos era por fotos.


—– E onde ele está agora? —  Ela perguntou enxugando as lágrimas.


—– Em um lar adotivo, um orfanato pra ser mais exato, era a única opção que eu encontrei — Lian disse firme e impassível.

—– Fez bem, eu não mereço cuidar dessa criança, embora seja o meu neto, eu fracassei por não ter ido atrás da minha filha por não ter compreendido as necessidades dela...

—– Entendo.

—– Já que você  está aqui, vou preparar um café pra gente, e o mínimo que posso fazer por você, depois de ter vindo de tão longe e nesse frio.

E nem deu chances para Lian recusar.

—– Está bem, eu espero.

Quando ela foi para a cozinha. Lian se levantou sorrateiro e começou andar pela casa atrás de pistas que confirmavam a palavra daquela mulher. Ele entrou em um cômodo, saiu em outro. Em seguida, parou diante de uma estante, onde havia algumas fotos e deduziu pelas expressões que se tratavam de uma família feliz. Não havia nenhum sinal que indicasse que a garota poderia mais tarde tentar matar o próprio filho, mas é irrelevante pensar que um rosto feliz significa instabilidade emocional.

—– Aqui está — A mulher se aproximou com a bandeja interrompendo subitamente os seus pensamentos.


Ele olhou pra trás e viu ela parada com um sorriso congelado no rosto e um olhar fixo, e isso o intimidou.

—– Ah, obrigado — Ele apanhou a xícara, e voltou para o sofá.

A Sra wilson se sentou novamente de frente pra ele e começou a estudar minuciosamente as suas feições enquanto ele degustava aquele delicioso café.

—– Você é diferente dos outros que estiveram aqui — Ela disse.

Lian levantou os olhos e a encarou percebendo sua curiosidade.

—– Por que diz isso?

—– Os outros só queriam resolver logo o caso, e você parece realmente querer uma resposta definitiva.

Lian deixou o copo sobre a mesa e pensou um pouco antes de falar.


—– Fui eu quem salvei o garoto naquele dia e desde então os meus sentimentos e emoções estão diretamente ligados a ele — Ele disse sereno e inquieto


A mulher ficou surpresa e emocionada ao mesmo tempo com a resposta dele.


—– Não tem um dia que eu não esteja  naquele lago, olhando para aquela mulher tentando entrar dentro da cabeça dela e descobrir o porquê de tanta maldade. Eu já vi muitos casos de mães homicidas, mas esse simplesmente está ferrando com a minha cabeça, por mais que eu tente esquecer, eu não consigo e tenho pesadelos todas as noites.

Ele deixou escapar uma lágrima, mas se enxugou rapidamente.

A mulher logo agarrou suas mãos e olhou no fundo dos seus olhos.

—– Espero do fundo do meu coração que você encontre as respostas que tanto procura.

Ele curvou os lábios em um breve sorriso e depois se levantou.

—– Bom, só mais uma coisa, como ela tinha seu número, se vocês nem se falam?

—– Também não sei, ela me ligava às vezes, mas não falava nada...mas eu sentia que era ela...eu escutava a sua respiração ofegante do outro lado da linha e sentia que ela estava tentando me dizer algo, mas não conseguia.

—– Não ouviu nada suspeito, como gritos, choro de criança?

—– Não.

—– Ok, eu vou continuar investigando, se eu encontrar alguma coisa, eu te aviso.

—– Obrigado.

Lian se despediu daquela mulher e saiu em direção ao seu carro, mas com a sensação de que ela não havia contado tudo que precisava. Mas ele precisava  juntar mais evidências antes de voltar novamente para interrogá-la, pois o que tinha não era o suficiente.

Durante a viagem de volta, ele decidiu passar no orfanato para ter notícias de Kevin, já que fazia oito meses desde do primeiro contato. E ele precisava saber se o garoto estava se adaptando bem, pois esse era o seu dever, proteger aquela criança a todo custo, fazer por ele o que não pôde fazer pelos seus filhos.

O Garoto do Lago ( Conto)Where stories live. Discover now