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Foi preciso ler muitos livros para Diana entender que romances vem e vão, assim como as crianças daquele orfanato que são acolhidas e depois de um tempo de convivência você aprende ama-las, mas depois precisa abrir mão desse sentimento para deixar elas irem.

No início foi doloroso pra ela, que praticamente cresceu vendo as crianças irem embora, e ela não. Mas depois acabou se conformando, como se conformou com o abandono da mãe, e agora o de Lian. Foi tudo muito rápido e intenso que mal deu tempo dela entender direito o que estava acontecendo.

Mas o beijo, os olhos e as  mãos grandes dele tocando em seus cabelos, são as únicas lembranças que não permitem que ela o odeie. E também é a única e a melhor sensação que ela já sentiu na vida.

Mas os seus suspiros e devaneios foram interrompidos pela ira da diretora ao invadi o seu quarto.

—– Onde você estava? — Ela perguntou com um tom grosseiro fazendo a garota estremecer.

—– Ora, eu estava cuidando dos bebês, como havia me pedido senhora — Responde cabisbaixa

—– Não seja tonta, falo de ontem, quando sumiu pela manhã.

—– Dei uma volta por aí,  para espairecer um pouco — Mentiu

—– Ah, você foi dar uma volta? — A diretora sorriu irônica.

—– Sim, mas não se preocupe, eu fiz tudo que tinha pra fazer.

A mulher robusta se aproximou de Diana e olhou no fundo dos olhos dela, e em movimento súbito a agarrou pelos  cabelos.

—– Por que você está mentindo pra mim? — Cerrou os dentes — Eu sei que estava com o policial, o que você disse para ele? — A mulher a arrastou pela sala

—– Eu não disse nada — Diana grunhiu  segurando as mãos dela, tentando desesperadamente se soltar.

A diretora encostou o rosto bem próximo do dela, enquanto puxava os cabelos da moça para trás.

—– Você traiu a minha confiança e a troco de que? Acha que é uma princesa presa no castelo que será resgatada por um belo príncipe — Ela ironizou forçando cada vez mais a cabeça de Maria pra trás, enquanto a  moça a encarava com olhos arregalados de medo.

—– Me solte — Implorou com os olhos cobertos de lágrimas.

—– Se não fosse por mim,você nem teria sobrevivido, peste, não esquece que sua mãe te deixou pra morrer no meio de uma mata repleta de lobos e que fui  eu quem a salvei...

—– Eu sei, eu sei disso, eu sou grata todos os dias, agora por favor, pare, está me machucando.

A garota implorou mais uma vez com a voz sofrida pela dor e agonia que estava sentindo.

—– E então quando resolver agir pelas minhas costas outra vez, lembre-se disso.

Por fim, a diretora a soltou, fazendo ela  cair no chão e se contorcer de dor.

—– Eu posso te tirar daqui da mesma forma que te coloquei,  portanto não me subestime — Ela se inclinou sobre a garota e sua voz soou ameaçadora.

—– Sim..

—– Sim o que?.

—– Sim senhora.

A diretora olhou para ela com desdenho, em seguida saiu pela porta, deixando a garota no chão assustada e triste.

Assim que a porta bateu, Diana  começou a chorar, e só parou quando sentiu que não tinha mais lágrimas.

O Garoto do Lago ( Conto)Where stories live. Discover now