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Enquanto algumas pessoas enfrentavam os seus monstros. Diana procurava uma forma de fugir dos dela. Ela sentia que essa era a única maneira de se ver livre daquele lugar, livre daquela mulher que por toda a sua vida a tratou com desprezo, e ela não aguentava mais se sentir sozinha e triste, queria uma forma de findar esse sofrimento.

Então ela esperou até que todos fossem dormir para finalmente colocar seu plano de fuga em ação. Pegou uma mochila, e a preencheu com roupas e alimentos, tudo que fosse precisar para enfrentar o seu duro e árduo destino pela mata escura.

Seu coração estava acelerado, e o medo provocava profundos arrepios em sua pele. Mas ela estava ciente da decisão que estava tomando, e principalmente das consequências que essa fuga iria trazer.

Ela vestiu uma blusa com capuz, preta, seguida de uma calça e botas para facilitar melhor a sua locomoção, tanto pela floresta, como pelo orfanato, sem ser vista. Em seguida, ela colocou a mochila nas costas e caminhou sorrateiramente pelo corredor da morte.

Seu coração doía ao passar pelas portas dos quartos das crianças, imaginando que jamais veria aqueles lindos rostinhos que traziam tanta luz e paz a ela. E as lágrimas vieram com tudo, trazendo um sentimento de culpa e desespero que era quase impossível de resistir.

Mas ela precisava resistir, se quisesse ter uma vida normal, e longe dos maus tratos e negligência que sofria. Ela queria conhecer o amor, a natureza. Tinha muitos sonhos que se encontravam além daquelas barreiras. E não desejava que nenhuma daquelas crianças passassem pelo o que ela passou, mas entendeu que ficar ali não mudaria nada, porque as escolhas de outras pessoas não dependem dela.

—– Sinto muito, crianças — Sussurrou.

Ela conseguiu acessar o portão de entrada com uma chave extra,que tinha. Às vezes se perguntava por que não tinha feito isso antes, mas entendeu que nunca teve coragem, como não tem coragem de enfrentar a mulher que tornou tudo isso possível.

Não dá pra ser livre, sendo refém das coisas que te aprisionam.Ou seja mesmo que a porta esteja aberta, você ainda vai se questionar se deve ou não sair por ela.

Era meia noite, quando Diana sentiu que o sono estava vencendo pouco a pouco o seu corpo, mas ela temia dormir, tinha medo que os lobos voltassem para devora-la, então continuou sonolenta o seu percusso.

Ela avistou uma casa de longe, e decidiu se hospedar por lá, mas antes de chegar até a porta, percebeu que não estava nos contos de fadas onde a princesa perdida dormia em uma cabana e era encontrada por anões, e sim na vida real, onde havia pessoas severas que só negociava por dinheiro o que ela não tinha.

—  Olá — Ela chamou por uma pequena janela.

–— Posso ajudar? —  Respondeu a mulher do outro lado,na porta.

Diana se direcionou a ela.

—– Desculpa o incômodo, mas você teria um lugar pra que eu possa passar a noite?

—– Ter até tenho, mas você pretende pagar por isso - Disse a mulher desconfiada, reparando nas vestes estranhas da moça.

—– Então é que esqueci minha carteira em casa ...

—– Era só o que me faltava,outra mendiga - A mulher deu de ombros

—– Não, espere - Diana gritou - Eu não sou mendiga, preciso muito de um lugar pra dormir, eu estou a horas andando pela floresta.

—–  Sem dinheiro, não tem acordo

Diana estava desistindo quando passou os olhos por trás da mulher e viu um balde e alguns esfregões.

—– Bom, vejo que a senhora precisa de ajuda.

A mulher fechou um pouco a porta e olhou firme para Diana.

—– Se me deixar ficar essa noite, prometo que amanhã, tudo estará limpo antes do almoço.

A mulher pensou por alguns minutos e acabou concordando.

Só pelo fato de não ter que dormir no meio da floresta, já deixava Diana aliviada, mesmo que isso custasse muito trabalho no dia seguinte.

Na manhã seguinte, como já era de se esperar, ela se levantou bem cedo, preparou um café, tomou e iniciou a faxina. Limpando desde os quartos vazios até o salão. E quando terminou, escreveu um bilhete de agradecimentos para a mulher que permitiu que ela passasse uma noite em sua pousada.

Assim que a mulher acordou, notou um ar arejado, e quando saiu do quarto, reparou que o piso estava brilhando de tão limpo, e ficou maravilhada, mas quando foi ao quarto onde Diana dormia para agradece-la, a única coisa que encontrou foi apenas um bilhete de despedida.

O Garoto do Lago ( Conto)Where stories live. Discover now