35 - Capítulo 35

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Observo Flora pela janela do quarto e ela está completamente linda com um vestidinho florido e uma sandália amarela combinando com seus lindos cabelos ao lado da minha filha, um majestoso rapaz apenas a observando brincar com suas inúmeras bonecas espalhadas pelo jardim, ele tem os olhos negros e tão calmo quanto o "mar".

Sei que lá habita algumas coisas que apesar da pouca idade no qual tem eu não sei decifrar.

- Por que ele não brinca como a Flora? - Falo tentando não demonstrar tristeza na voz. 
- Dulce, as coisa não são como queremos. - Ele apenas fala sem esboçar qualquer sentimento. 

Meu marido enrola os braços ao redor de mim e continuo a observar a luz da minha vida que levanta e convida o irmão para dançar e ele apenas nega focando em um ponto invisível no formoso céu sem nuvens carregadas.

- Ele tem tanto de você e tenho medo.
- Você tem medo de mim ? - Picasso afasta-se segurando meu rosto e beijando-me de forma delicada. - Jamais te machucarei novamente. Você sabe disso.
- Não é sobre isto. - Descanso meu rosto em seu peito.
- Diga-me o que te aflige. - Picasso desliza os dedos sob meus fios loiros.
- Não sei lidar com a frieza de Donatello, ele tem apenas um ano, nunca me deu muito trabalho mas me sinto distante porque não consigo imaginar o que passa na cabecinha dele.
- Don, tem personalidade retraída não sinta-se mal por isto. - O chefe da Fortunne apenas continua seu carinho delicioso. - Eu não sei lidar com a forma que Flora ver o mundo, ela é sempre tão feliz mesmo quando Donatello jogou a sua boneca favorita na piscina estragando a mesma.

Neste momento sorrimos juntos afinal o brinquedo era um despertador em forma de boneca o que vinha tirando a paciência do Don a cada vinte minutos apitava imitando um bebê com fome ele então resolveu livrar-se do problema e ainda sim Flora o perdoou.

- Ela tem apenas dois anos e nem se quer faz birra. Flora é previsível  tem uma rotina e não me surpreende a forma como leva a vida diferentemente do seu irmão. - Digo sentindo meu peito apertar com a hipótese do meu filho vivenciar a violência nua e crua do nosso mundo. 
- Dulce, é porque você já está acostumada com essa forma de levar a vida. Eu e Don somos diferentes e por mais que doa em você ele não ficará livre do mesmo caminho no qual eu fui designado.

Meu semblante murcha mas não irei entrar nesse momento de discussão com Picasso.

- Tenho que ir, hoje, é o aniversário de Lorenzo.
- Ok! Irei organizar tudo. - Expresso um sorriso de canto. 

Ele me beija de forma suave e caminha porta a fora eu porém continuo a admirar as duas obras de arte valiosa que se encontram em seus mundos paralelos.

A mansão cada dia se encontra mais luxuosa afinal Geovanni tem um gosto peculiar para obra de artes assim como Picasso para as armas e Lorenzo para as BMW's pretas na garagem.

Desço as escadas já em caminho para a cozinha.

- Josefine prepare um jantar especial, por favor. - Falo de forma delicada explicando a mesma o motivo pela solicitação.

A hora do jantar chega e estamos juntos de verdade. Falando alto e sorrindo uns com os outros. 

Já é tarde e todos estão dormindo após a comemoração do aniversário de Lorenzo bebemos um pouco demais porém  não perco a oportunidade de observar meus filhos dormindo em paz.

- Prometo defende-los com meu corpo e alma. Toda essa violência passará longe de seus olhos.
- Dulce, não faça promessas no qual não conseguirá cumprir. Ok? - Meu esposo abraça-me e choro em seu ombro.
- Não chore. Eles estão pequenos iremos protegê-los mas não sairão do nosso meio é a nossa família é como seremos hoje e sempre. - É incisivo. 
- Até quando precisaremos viver assim Picasso? - Apesar das lágrimas inundaram meus olhos ele não amolece seu coração.
- Bad girl. Essa é a nossa vida. Não existe nada além disso. - Não muda de opinião este é o meu Picasso, sempre, irredutível. 

Ficamos admirando nossos filhos, já crescidos, cada um em seu aconchego de dormir. 

Quando Don nasceu meu coração se encheu de amor, de paz e muita calma mas logo o medo inundou meu ser por saber que ele seria mais um nesse mundo absurdo antes de ser mãe eu entendia que não poderia sair deste ambiente marcado por sangue mas hoje tenho medo dos meus filhos não terem escolhas assim como eu não tive. Meu coração há esperança desse ódio não perdurar aos meus meninos. 

- Vocês são tudo que eu tenho. - Afirma Picasso. - Darei o máximo de mim para que tenham o mínimo de normalidade possível dentro de toda essa guerra.

Me conforta suas palavras e depois apenas caminhamos para o nosso ninho de amor.

Fim.

CRIMINAL LOVE - LIVRO 1 - SÉRIE GUNS AND FLOWERS - REESCREVENDO Where stories live. Discover now