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SIMÓN

É um raro domingo de folga de verdade, sem nenhum exercício extra de canto ou dança.

Talvez quando eu chegar em casa só vá passar o dia bebendo algumas cervejas e assistindo futebol europeu. Parece um bom programa para mim.

Mas antes de me entregar ao ócio só pareceu bom sair para uma corrida assim que o dia amanheceu. Eu sou um fã de acordar cedo, principalmente porque depois que minha mãe se casou de novo esses são sempre os dias mais animados.

Eu era um adolescente de quase dezesseis anos quando os gêmeos, Gilbert e Jaxon, nasceram, e eles choravam bastante. A casa toda acordava. Alejandra, que estava com quatro anos, descia as escadas com as duas mãos sobre os ouvidos.

Eu a pegava no colo enquanto nossa mãe olhava os gêmeos e Victor preparava o café da manhã. Acabou virando uma tradição e eu estou sentindo falta da agitação matinal deles.

Agradeço o fuso horário ser o mesmo e puxo o celular do bolso. Aposto que já estão todos acordados fazendo o café.

Estou abrindo a conversa com a minha mãe quando vejo de relance do outro lado da rua uma mulher loira deixando um prédio. Não qualquer mulher, Gabrielle.

Pelo horário ela provavelmente dormiu alí. Não sabia que ela estava saindo com alguém, na sexta eu até tive a impressão que rolou um clima entre nós dois.

Ou eu tinha bebido muito e imaginei coisas.

A observo mais alguns segundos, ela está esperando algo, ou alguém.

Eu não devia me surpreender que a pessoa a sair depois dela seja Rooney. Os dois riem de algo e então se abraçam. Gabrielle diz algo para ele e depois um carro para. Rooney a espera entrar e depois volta para o prédio.

Acho que eu dei um palpite certo desde aquela tarde que os vi no estúdio.

Nem sei porque ainda me importei com a atuação dela e em ajudar. Ela não precisa disso tendo contatos dessa forma.

Coloco o capuz do moletom na minha cabeça e continuo meu caminho. Meu dia segue como planejei, cervejas e futebol, mas não consigo parar de pensar sobre o que vi de manhã.

— Oi Ale! Como está minha irmã preferida? — Pergunto quando atendo uma ligação a tarde.

— Sou a única irmã. — Ela diz e ergue um caderno. — Preciso de ajuda com geografia e você é ótimo.

Eu não diria ótimo, mas eu sempre me virei bem durante os anos da escola.

— Ok, vamos lá. Me diga o assunto. — Peço a ela colocando a cerveja de lado.

— Bebendo e fumando. Sério, você deve ser podre por dentro.

Dou risada do comentário e me recordo que Gabrielle disse algo parecido recentemente. Talvez elas tenham razão.

— A tarefa Alejandra. — Finjo impaciência a fazendo se apressar.

Eu amo meus irmãos, todos, mas quando Ale nasceu foi como ter  sentido de volta a minha vida após quatro anos estando perdido.

— É sobre coordenadas. — Ela fala abrindo o caderno e os livros.

Depois que desligo com Ale eu simplesmente apago no sofá, acordo horas mais tarde apenas para tomar banho e dormir de novo.

Quando chego ao estúdio na manhã de segunda-feira me sinto como se tivesse dormido por uma semana toda.

— Ressaca? — Jana me joga uma garrafa de água. — Está com a cara amassada.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Where stories live. Discover now