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SIMÓN

É óbvio que minha família ama Gabrielle, ela é esse tipo de pessoa que é impossível não gostar. Ela se diverte com os garotos como se tivesse a idade deles, conversa com Alejandra sobre coisas adolescentes e fala com minha mãe e Victor sobre sua família e outras coisas adultas.

Nós não estamos falando muito essa noite, mas nem importa. Gosto de observar todos eles juntos.

— Eu ainda não conhecia esse olhar. — Victor para ao meu lado enquanto minha mãe compra um refrigerante e os outros quatro estão na fila da roda gigante.

Me viro para o olhar. — Que olhar?

Ele faz aquela expressão como quem diz "você sabe do que eu estou falando". E eu sei mesmo, mas não admito isso para ele.

— Você sempre fugiu tanto de amar alguém para não perder o foco das coisas que queria para sua vida. — A mão dele segura meu ombro. — É bom ver que parou de fugir.

— Ela é especial. — Não tenho como descrever como foi que baixei a guarda para os sentimentos. — Só quero consertar as coisas com ela de uma vez.

— Vai conseguir. Ela com certeza sabe que você é um bom homem. E eu também sei porque te conheço praticamente a vida toda, sua mãe te criou para nunca desistir e também para tomar as decisões corretas.

Coloco a mão sobre a dele em meu ombro e arrisco um sorriso. — Você também me criou para isso. Sabe que reconheço isso, certo? Que não é só o pai dos meus irmãos, mesmo que eu não te chame assim também é o meu.

É a vez de Victor sorrir e puxar meu ombro me dando um abraço estranho de lado. — Eu sei, e respeito a forma como me aceitou na sua vida.

Minha mãe se aproxima com o refrigerante e abre um sorriso vendo nosso momento de carinho.

— Depois da roda gigante nós vamos. Acho melhor pegarmos umas pizzas e irmos comer em casa. — Ela sugere a nós dois.

Também acho a melhor opção.

Nós esperamos Gabrielle e meus irmãos saírem da roda gigante. Ela reluta um pouco quando digo que vamos para casa comer, diz que talvez seja melhor ficar no hotel, mas mais uma vez Alejandra faz aquele jogo de convencimento que ela é ótima.

"Você já está aqui com a gente mesmo", "é pizza, ninguém recusa pizza", são só algumas das frases dela. Talvez ela vença Gabrielle pelo cansaço, ou ela só queria ir mesmo e estava tentando ser educada ao recusar.

Acho que nunca tinha imaginado minha família com caixas de pizza abertas sobre a mesa da sala, fazendo uma bagunça de pratos, copos e caixas, e Gabrielle ali sentada entre eles.

Me sento ao lado dela no chão e enquanto uma mão pega a pizza coloco o outro braço sobre seu ombro.

— Que bom que você veio. — Digo baixinho só para ela.

Vejo o sorriso crescer com as palavras, ela sabe também que quer dizer muito. Que usávamos  essa frase quando estar com o outro parecia a melhor coisa do mundo.

E agora com ela aqui é a melhor coisa do mundo de novo.

— Que bom que me deixaram vir. — Ela inclina a cabeça e dá uma mordida na fatia de pizza que acabei de pegar.

— Sabe o que falta? Música!

É Alejandra quem se levanta e vai pegar a caixa de som e o celular dela para conectar o bluetooth.

— Não coloca alto porque já está tarde. — Mamãe diz antes que ela aumente.

Mamá está certa, os vizinhos vão reclamar.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Where stories live. Discover now