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GABE

Agosto/2021

— Anda logo Gabrielle.

Simón está parado na porta do camarim me apressando. É noite de sexta-feira e ao contrário dos outros não estou a fim de sair hoje, ele também não.

Então a solução foi irmos para o apartamento dele ver um filme, ou pelo menos essa é a desculpa.

— Para de me acelerar. — Termino de retirar a maquiagem e jogo o lencinho no cesto de lixo. — Agora pronta.

Puxo a bolsa do sofá e vou até ele  que sai pelo corredor. Eu o sigo andando ao seu lado.

Rooney passa por nós quando estamos quase chegando a saída dos estúdios e eu paro para falar com ele.

— Você está sumido. — Digo o abraçando. — Está cansado de trabalhar com a gente?

Ele retribui o abraço e depois me solta.

— De jeito nenhum, só estou ajudando em outra escalação de elenco do estúdio, mas sempre estou de olho em vocês. — Ele dá uma olhada na direção de Simón. — Vá para casa descansar. Depois quero conversar com você.

Ele vai dar uma de pai como fazia quando eu e Charlie estávamos juntos e tínhamos algum problema.

— Tudo bem. Então estou indo. Bom fim de semana.

— Para você também, e para você Simón.

Simón retribui com um meio sorriso não muito simpático, e eu o cutuco quando Rooney se afasta.

— Ser simpático não custa nada.

Ele resmunga sobre Rooney também não ter sido genuinamente simpático com ele e volta a andar.

Assim que entramos no carro dele no estacionamento ele liga o rádio do carro e conecta com o seu celular. A música que começa a tocar a seguir é em espanhol.

Abaixo um pouco a janela do carro para ver o sol se por as nove da noite enquanto fazemos o caminho para o apartamento. Eu acho incrível o sol se pôr tão tarde.

Está um vento agradável, na verdade esse momento todo é agradável. Simón de óculos escuros dirigindo fugindo dos últimos raios solares, a música animada no rádio, o sol se pondo. Tudo forma algo bom.

— Quem está cantando? — Pergunto gostando da música.

— Sebastian Yatra. Gostou?

Assinto em silêncio ouvindo um pouco da música. Eu não entendo nada, mas parece legal.

— Tem uma playlist no Spotify? Acho que preciso ouvir músicas latinas. — Digo a ele contagiada pelo ritmo me movendo um pouco no banco do passageiro.

Simón se inclina soltando o volante quando para em um semáforo e encosta o rosto em meu ombro dando uma mordida de leve. — Depois eu te envio.

Inclino meu rosto encaixando na curva do pescoço dele. Nós só ficamos na segunda, e na terça, mas ainda assim parece uma coisa tão íntima. Ainda que seja apenas pela diversão é bom ter isso com alguém.

Nós só mantemos uma distância no trabalho para não criar uma  situação que não seja profissional. A forma como agimos fora de lá em nada impacta no nosso trabalho como atores.

O semáforo muda e ele se ajeita erguendo o rosto e focando na direção, não sem antes dar uma piscada para mim.

Nós chegamos ao apartamento dele cerca de vinte minutos depois. Estou respondendo uma mensagem de Hanna quando entramos, mas dou uma olhada ao redor.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora