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SIMÓN

Os dias estão passando rápido, já estamos em agosto, temos cerca de um mês e meio antes das gravações da primeira temporada finalizarem.

Cause I've got you to make me feel stronger. — O rádio está muito alto quando faço o trajeto para deixar todo mundo em casa. — Jana e Travis estão cantando na banco de trás e Gabrielle está se mexendo no banco ao meu lado dançando balançando seus braços.

Ela continua nunca cantando, as vezes acho que ela inconscientemente está se punindo e nem mesmo tem tentado mais cantar. Queria conseguir a ajudar com isso, talvez eu possa tentar.

O punho fechado dela para em frente ao meu rosto como se fosse um microfone me esperando cantar.

— Não. — Empurro a mão dela devagar, mas ela aproxima outra vez. — Não vou cantar.

Ela me encara com os olhos verdes penetrantes ainda esperando. Gabrielle sempre consegue o que quer.

When the nights are long, they'll be easier together. — Eu cantarolo.

Jana bate palmas no banco de trás, enquanto Travis está com o celular ligado filmando a bagunça.

Normalmente a única animação que eu me sinto parte e aceito é a da minha família, mas admito que quando estou com esses três tem ficado fácil me sentir a vontade.

— A gente se fala. — Gabrielle diz quando paro em frente ao prédio e ela solta o sinto de segurança.

É sempre um "a gente se fala", para no fim acabar um na casa do outro pelo menos três vezes na semana.

Quando estou sozinho no apartamento mais tarde ainda estou pensando sobre Gabrielle não cantar. Eu vi alguns videos no YouTube dela na Broadway e ela tem uma voz linda.

Penso no fato dela descobrir que sua mãe morreu enquanto se apresentava, eu acho que ela criou um bloqueio por culpa ou algo assim. Ela relaciona a música com o palco e palco com a perda que teve.

Gabrielle precisa se libertar.

Na tarde seguinte tenho um plano em mente e já providenciei tudo para fazê-lo acontecer, é uma tentativa, pode não funcionar, mas eu vou arriscar.

A busco em seu prédio no meio da tarde. Eu a observo sair de lá andando com botas brancas de salto e usando um macacão curto cinza e uma blusa por baixo.

Ela está sorrindo ao se aproximar do carro, quase sempre ela está sorrindo.

— Oi! — A porta do passageiro se abre e Gabrielle se senta. — Uma saída a luz do dia? Algo não está certo.

É, normalmente só nos vemos a noite, dentro de um dos apartamentos. Quando saimos estamos sempre com outras pessoas.

— Só quis variar um pouco. — Ligo o carro outra vez para sairmos.

A mão dela se move para o rádio. — Para onde vamos? Por que preciso do passaporte?

Porque vamos atravessar a fronteira, mas não vou dizer a ela ainda.

— Surpresa.

Gabrielle faz bico, ela parece prestes a fazer birra quando a música começa a tocar. Esqueci de desconectar o rádio.

Está tocando Sin Bandera, uma daquelas músicas bregas e românticas que jamais admitiria que gosto.

— Isso é música romântica Simón Abad? — Ela zomba. — É, não é? O que diz a letra?

É um alívio que ela não saiba espanhol ou ela iria fazer mais piadas.

— Vou voltar e te largar no seu apartamento. — Ameaço e movo minha mão para mudar a música.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Kde žijí příběhy. Začni objevovat