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GABE

Quando entro na café as quatro da tarde em ponto já imagino sobre o que será minha conversa com Rooney.

— Desculpa a demora, o Uber estava meio longe. — Puxo a cadeira para me sentar enquanto Rooney me dá um daqueles sorrisos afetuosos.

— Tudo bem, eu aproveitei para ir comendo uns biscoitos ótimos que tem aqui.

Ele empurra o prato com alguns biscoitos em minha direção para eu provar. Pego um e levo a boca mordendo.

— Como você está? Tem falado com seu pai?

Demoro um pouco para responder, porque tenho que terminar de mastigar primeiro. — Brayden está preocupado com ele, eu também, mas estou respeitando o espaço. As vezes escrevo e ele responde com duas ou três frases.

Talvez seja ruim da minha parte não insistir mais, mas naqueles meses que passei com ele no ano passado eu entendi que não adianta forçar nada, que não depende de Brayden e eu querermos que ele fique bem.

— Ele vai melhorar, só foi um golpe muito duro.

Não só para ele, Brayden e eu éramos filhos e a amávamos também e as vezes só parece que isso não importa, que só temos que pensar na perda dele.

— Sei disso. — Faço sinal para uma garçonete e peço um cappuccino. — E Vera? Como ela está? A última vez que nos falamos ela estava animada com um novo trabalho.

O trabalho e o amor entre eles é o que move Rooney e Vera, eles me lembram um pouco meus pais. Eles também viviam para essas duas coisas, e acabavam nos colocando de lado, a vantagem é que Rooney e Vera não tiveram filhos então não precisam se preocupar em estarem decepcionando alguém.

— Ela vai dirigir uma peça nova, isso a empolga. — O sorriso me diz que o empolga também. — E você? Só restam algumas semanas de gravações. O que vem depois? Seu agente já está vendo algo?

— Sim, Timothy está vendo alguns testes, analisando os roteiros e papéis, vai me repassar os mais interessantes. — Conto a ele. — Vamos vendo algo já que uma renovação da série ainda vai demorar e depender da estreia no próximo ano.

Quero trabalhar de novo logo, como para compensar todo o ano passado em que fiquei parada.

— Isso é bom. E pessoalmente, como vai ser depois das gravações?

— Como assim? Vou para a casa do Brayden e ficar com eles agora que estou sem apartamento e então resolver isso.

— Estava querendo dizer mais em relação a como vai ser entre você e Simón.

A garçonete me entrega o copo de cappuccino e isso me dá um instante para pensar no que responder a Rooney.

— Não há nada entre nós dois. — Digo, mas ele me encara como se não acreditasse. — Correção: não há nada sério entre nós.

Bebo um gole do cappuccino enquanto Rooney me observa.

— Tem certeza? Quando você e Charles resolveram terminar você dizia para todos que não era nada demais passar por um término. — Eu ergo meu olhar para ele enquanto ele fala. — Mas você só queria ser forte porque vocês tem a mesma família e amigos e não queria causar mal estar. Entretanto, sempre que estava longe deles você se permitia ficar triste.

Isso causa um aperto em minha garganta, porque foi exatamente assim que aconteceu e só as lembranças já me fazem querer chorar.

— Foram quase cinco anos, não dava para não sentir aquilo. — Me justifico. — Mas isso com Simón é diferente, quando nós terminarmos a gravação volta cada um para sua vida.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Where stories live. Discover now