Dois

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Vou me controlando e aos poucos, tendo algumas percepções, primeiro um braço musculoso me arrodeia, segundo os braços musculosos são quentes que devem ser macios, terceiro sua pele é como a minha bebida favorita, o café, terceiro... Ele ainda está me segurando então ainda consigo sentir seu peitoral quente e tem alguma coisa espetando meu traseiro.
- Vou te soltar...
Concordo com um movimento de cabeça, submissa, rendida e ele me solta, me viro para olhar o homem que me segurou nos braços com tanta intimidade e dou de cara com um rosto masculino e muito... bonito, mas não consigo ver seus olhos, a luz de fora só ilumina parte do seu rosto e essa parte não são os olhos e sim a boca de lábios grossos e sexys, totalmente sério.
Sinto um gelado no estômago e minha pulsação acelera, mas permaneço o encarando, sei que me encara de volta enquanto recuo um pouco assustada com sua aura dominadora, mas não sei onde seus olhos estão, então olho para meu corpo para ver o que ele ver e a vergonha me atinge.
Estou com parte do roupão aberto revelando minha minúscula camisolinha de renda quase transparente e iluminada pela luz da lua que brilha do lado de fora e ultrapassa os vidros da cobertura.
Solto um suspiro de insatisfação alto e subo correndo para o quarto, tranco a porta puxo as cobertas e me escondo sob o edredom macio, meu coração bate tão forte que consigo senti-lo na garganta.

Ouço passos pesados na escada e silêncio no corredor, sei que ele se aproxima da porta do quarto onde estou então prendo minha respiração, parece que estão mexendo na porta mas sei que é só impressão pois o tum tum tum do meu coração está tão alto que não conseguiria ouvir mais nada, mesmo assim minha mente criativa vê todo esse senário, onde um homem forte e musculoso arrombada a porta do meu quarto e me toma como se não houvesse amanhã e além do medo sinto necessidade de me repreender por tal desejo. Algum tempo depois me sentindo mais segura descubro parte da minha cabeça para ver se tem alguém no quarto, e fico tranquila ao ver que a porta continua trancada, e um pensamento me ocorre... Eu estava sendo observada há quanto tempo? E se ele estava esse tempo todo me observando por que não me atacou antes quando eu estava tão distraída?

As horas vão passando e eu vou ficando mais tranquila, até que o cansaço vence e eu caio nos braços de Morfeu, sonho com gominhos de chocolate a noite inteira e acordo frustrada e suada, mas já acordo alerta, pego minha escova de dente na minha mochila, e vou direto para o banheiro, higiene feita, com muito cuidado abro a porta do quarto e espio o lado de fora como se tivesse fazendo coisa errada ou como se tivesse fugindo do apartamento de um ficante no dia seguinte para não passar vergonha, pé ante pé, mesmo sabendo que nenhuma das afirmativas anteriores é a correta e eu vou ter que fazer café para o dono da cobertura, sendo ele o mesmo que me envolveu nós braços a noite anterior e...

-Esquece aquilo Rayssa. Ralho comigo quebrando os ovos na frigideira após fritar o bacon, ovos fritos prontos, coloco uma camada de tapioca levemente umedecida em uma frigideira limpa e com o fogo aceso preparo um beiju, um prato típico do nordeste, mas que ganhou o Brasil, e vejam só o beiju ou mais conhecido como tapioca em outros estados foi descoberto aqui em Pernambuco, era uma iguaria preparada pelos índios.
Passo o café no coador de pano mesmo tendo uma garrafa elétrica que facilitaria minha vida, mas prefiro meu café passado no coador, o sabor parece diferente, e observando bem, a cor do café me remete a...
- Rayssa te proibido de pensar em braços quentes e pele de café, mesmo que seja sua bebida favorita, te proíbo...

- Pensei que só eu não tivesse dormindo... Que bom que não foi só eu que fiquei acordado sem fazer o que mais gosto de fazer... Bom dia.
Deixo um pouco do café derramar em minha mão e acabo soltando um gemido de dor, imediatamente sinto braços fortes e quentes envolverem os meus, sua mão grande envolve a minha e como em câmera lenta retira o cuador das minhas mãos e as coloca debaixo da água fria da torneira.
- Pensei que havia sonhado com você essa noite e que era só uma fantasia... Mas graças a Deus quem eu encontro novamente na minha cozinha... Um anjo de cabelos pretos e pele de leite preparando meu café da manhã, esse é realmente um presente divino.

Ele me auxilia a colocar a tampa na garrafa e eu me viro com a respiração acelerada e o coração retumbando no peito, se só sua voz me excita tanto não quero ver seu rosto e olhar em seus olhos, mas uma força maior me faz virar de frente para ele, então minha respiração que já estava entrecortada cessa de vez, é uma mistura muito forte de sentimentos, algo que nunca senti em toda minha vida, deve ser tesão, é isso, é só uma atração boba por um estranho... Mas que estranho seu rosto levemente quadrado, barba de um dia por fazer, olhos...
Ô meu Deus... Ô meu Deus, ô meu Deus!
-Que cor é essa? Falo tentando tomar fôlego.
- São castanho amarelados gata.
Abro a boca, e ele avança, mas sou mais rápida, fujo para o outro lado da cozinha.
- Você faz isso com todas as diaristas?
Pergunto pensando nessa possibilidade e isso explicaria muita coisa.
- Isso o que...
- Isso... Abro as mãos abrangendo o espaço para mostrar a situação.
- Não, apenas com as que aparecem seminuas em minha cobertura e me fazem perder o sono.
Minhas bochechas ganham vida, e ainda sinto meu corpo pulsar, mas eu tenho que trazer a razão novamente porque eu preciso focar em alguma coisa que não seja me jogar sobre esse homem, e que loucura de homem, respiro pela boca para me acalmar, finco minhas unhas nas coxas e ele acompanha tudo com seu olhar enigmático e encostado no armário da cozinha do lado oposto de onde estou.
Mas antes que eu percebesse a luxúria e o perigo que emanam de sua pele quente e suas íris provocativas uma palavra muito importante pula em minha mente me fazendo voltar a ser a mulher centrada de antes e essa palavra mágica é Estudar, não posso e nem vou me envolver com alguém antes de terminar minha faculdade que é a coisa mais importante da minha vida, depois dos meus pais é claro.
-Se-senhor...
Ele levanta uma sobrancelha negra em ironia me deixando nervosa, tão nervosa que esqueci seu nome.
- Apollo. Ele me ajuda a sair do desconforto com um sorriso, tive outro ataque cardíaco, ele percebe pois seu sorriso cresce ainda mais fazendo minha taquicardia subir a níveis estratosféricos, minhas pernas bambeiam trêmulas, tenho vontade de sentar na bancada e as abrir feito a mulher fácil que estou parecendo. Ele avança e eu não saio do lugar, não tenho forças e não consigo desfazer seu feitiço. Ele me imprensa contra a bancada e eu gemo como uma gata no cio ao sentir seu corpo quente, seus músculos definidos contra a minha mão, seus lábios param a centímetros dos meus, e como se pedisse autorização ele me olha nos olhos e já sabe que já me tem em seu domínio.
Es... Est... Estu... O que esqueci até o meu nome, quando minha mão alcançou um ponto abaixo do seu umbigo e isso foi a única coisa que realmente me acordou, afastei minha mão em chamas.

Nos Braços De Apollo Onde histórias criam vida. Descubra agora