Quatro

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-Buceta, para, para esse ônibus... Tixééé!!!

Grito no meio da rua recebendo olhares de alguns estudantes, enquanto o ônibus vira na esquina, sem que eu consiga chegar na parada a tempo, o motorista passa direto, eles não param fora da parada, e agora eu vou ter que andar cerca de vinte minutos até chegar em outra parada e rezar para dar tempo, esse era o último que passa aqui mais próximo a escola, pego uma avenida e sigo quase correndo pelo caminho pouco iluminado, mas movimentado.
Aos poucos o movimento vai diminuindo, e eu não sei se é sensação mas um cara me segue e sempre que eu olho ele para e disfarça, essa não é a primeira vez que tentam me seguir mas eu sou esperta, e faço de conta que não percebo, aproveito e passo para o outro lado da pista movimentada recebo algumas buzinadas mas com isso acabo chamando atenção demais para mim, olho para o outro lado e parece que o homem desistiu.
Alguns metros está minha parada, mas está muito vazia, sinto um calafrio na espinha e quando eu olho para trás o homem que estava me seguindo chega ao mesmo tempo.
- Óh meu Senhor me ajuda, e agora...
Uma buzina soa ao meu lado e meu coração salta pela rua movimentada sendo atropelado por uma carreta.
-Porra... Que buceta. Xingo sem pensar.
- O que você está fazendo aqui a essa hora morena.
A voz meramente conhecida me tira do estado de pavor, enquanto o homem passa direto pela parada e some por uma rua.
- Estava contando quantos carros passa por aqui não está vendo...
Sou mal educada, tanto por causa do susto quanto pelo medo de meu ônibus já ter passado.
-Aiii não precisa me morder agora.
Reviro os olhos e o ignoro, mas sei e ele também sabe que estou aliviada com sua presença.
- Tá... Perdi o ônibus que passa em frente a faculdade e tive que vir para cá andando.
- É muito perigoso uma mulher andar sozinha a essa hora, tem muitos tarados à solta.
-Inclusive você!
Tapo meu rosto com as apostilas ao perceber que falei alto, e por cima vejo seu rosto ficar sério.
- Eu não faria nada contra a sua vontade morena, não vou pedir perdão pelo beijo porque sei que tu também querias, não sou um estuprador nunca precisei usar violência para conseguir uma boa trepada.
- Tudo bem, me desculpa, eu não quis dizer isso, e fico aliviada que tenha parado para falar comigo, aquele cara estava me seguindo já havia alguns minutos e sei que é perigoso andar sozinha a essa hora, mas como eu disse, perdi o ônibus e o outro só passa aqui.
Falo em um tom mais tranquilo.

- Tudo bem, percebi que você estava nervosa, entra que eu te dou uma carona até sua casa.
- Você me levando em casa nesse carro? Não, prefiro ir de ônibus, ou a pé mesmo.
Seu rosto fica levemente vermelho.
- O que tem de errado com meu carro? Não é bom o bastante? Se você quiser eu tenho alguns modelos mais luxuosos.
Reviro os olhos novamente, só que dessa vez divertida.
- O problema não é seu carro, senhor milionário cheio dos carros luxuosos.
- Então qual é o problema da porra desse carro, já disse que não vou te obrigar a nada.
- O problema é que se você for me levar em minha casa nesse carro você corre o risco de voltar sem ele, ou talvez nem voltar mais.
Ele fica confuso por alguns segundos mas depois entende, olho os minutos e já se passou meia hora e nada do ônibus aparecer, olho preocupada a avenida e sinto minha esperança renovar quando ao longe vejo um letreiro brilhante no topo de uma condução que a cada vez que se aproxima mais vai me tirando as esperanças, até que vejo um "garagem"
Em letras garrafais, minha esperança murcha mais uma vez.
- Então, se você quiser a carona ainda está de pé, me recuso a deixar você entrar em qualquer transporte desses que estão passando, não é seguro.
Uma coisa me chama a atenção.
- Estou me perguntando, o que faz tão nobre cavalheiro nessas bandas do nordeste hein... Ah esquece, não é da minha conta.
- Eu estava visitando uns... Amigos.
Isso captura minha atenção, sei que não devia mas lá no fundo sinto uma pontada de... Frustração é, é isso, frustração, pois enquanto esse babaca estava trepando por aí eu estou há mais de... Quanto tempo mesmo que eu não faço sexo? Sabe-se lá, nem penso muito nisso, tenho que ter foco no momento, não posso desviar dos meus objetivos, minha faculdade de fisioterapia é muito mais importante para mim que uma mera noite de sexo, quem é que precisa de sexo... Eu nã... Que disgrama o homem saí do carro e já me tira a razão, com uma camisa social com as mangas acima dos cotovelos deixando seus braços musculosos à mostra, me causando um rebuliço nas partes íntimas.
- Você vai entrar ou eu vou ter que te pôr lá dentro.
Ele para a minha frente me encurralando entre ele e o carro.
-Va-vai...
O ar muda e esqueço o que tenho que falar, na verdade esse homem tem muito poder sobre mim.
-Apolloo
Não sei se gritei ou gemi seu nome quando ele passa os braços por trás dos meus joelhos e me coloca no banco do passageiro. Quando ele abriu essa porta?

Ele coloca o cinto de segurança, me lança um sorriso de comercial de pasta de dente e bate um pouco bruscamente a porta, me fazendo saltar no banco, ele entra do outro lado e eu me perco em pensamentos, o modo sonhadora é ativado.
Estou ao lado do meu esposo que foi me buscar na faculdade, ele não quer que eu pegue transporte coletivo então faz questão de me buscar todo dia junto com nosso bebê de chocolate que está na cadeirinha ao meu lado, cantarolando uma musiquinha infantil comigo e o pai que sorri lindo ao meu lado, tenho tudo que uma mulher precisa, o amor de uma família, um casamento perfeito com o homem perfeito... Chego a suspirar.
Sinto o carro parar me fazendo despencar do meu sonho bom.
-Eiii mas essa não é minha casa.
Ele fica sério.
-Te perguntei várias vezes onde era sua casa, mas você só sabia me olhar com uma cara abestalhada e quando eu repeti a pergunta você me olhou com uma cara de tarada, aí fiquei com medo de perguntar de novo, você estava me dando medo.
"Plaft" soltei minha mão pesada em seu braço sem perceber.
-Oh me desculpa...
Peço nervosa, ele fecha a cara e com certa urgência abre a porta para eu descer, segura meu braço com firmeza mas não com força, não chega a doer mas sei que vou sentir esse toque por muito tempo.
- Mulher nenhuma me bate e fica por isso mesmo, agora você vai aprender que não se deve bater em homem...
Ele fala me soltando assim que entramos em sua cobertura, eu recuo tomando distância enquanto ele fecha a mesma distância e vai abrindo a camisa, botão por botão.
- Me-me per-perdoa... Nã...
Na metade das desculpas o medo deu lugar ao tesão e eu já estava em chamas, olhando a loucura que é Apollo com parte da camisa aberta.
Vejo seu abdômen bem traçado... Pontinhos pretos, brancos... Não sei o que está acontecendo, o que eu sei é que passei por muitas emoções hoje, salvei minha professora de uma atenção indesejada, assisti as aulas, corri mais de um quilômetro, despistei ou quase, um estuprador, perdi o ônibus novamente, e antes que eu concluísse o motivo de estar tão desfalecida...

Continua no próximo capítulo.
😘😘😘😘😘

Nos Braços De Apollo Where stories live. Discover now