Capítulo 2: Seu sorriso

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Bianca estava se sentindo estranha, foi trabalhar assim mesmo. Tinha esperança de ver novamente seu lindo homem engomadinho. Sorria ao pensar nele, como era bonito e tinha uma boa aparência. Sua pele, seu cabelo liso e perfeitamente alinhado, seus dentes brancos e perfeitamente no lugar, seu perfume com um toque amadeirado, seus olhos castanhos, até sua sombrancelha era bem feita.

— Qual é o seu problema? — perguntou Oswaldo.
— O que? Como assim? — perguntou Bianca de volta.
— Está sorrindo igual doida, estou com medo. É o engomadinho, né?
— Não.
— Ótimo, ele acabou de chegar, atende ele.

— Oi.
— Oi, Bianca.

Renê sorriu e Bianca o olhava com tanta paixão que dava gosto. Como o sorriso daquele homem tinha brilho, que sorriso lindo e maravilhoso.

— Vou trazer o cardápio.
— Não precisa. Quero sua sugestão.

Bianca corou, ficou vermelha.

— O prato do dia é comida vegetariana. Um  prato cheio de coisa verde.
— Ok, eu quero um prato cheio de coisa verde.
— Vai beber algo?
— Um suco de laranja.

Nesse momento, Oswaldo foi até a mesa de Renê e lhe disse:

— Você é bonito assim mesmo? Cerca de 11 mulheres trabalham comigo, as 11 estão sem fazer nada porque você é lindo.
— Aí Oswaldo, para de ser invejoso, seu careca esquisito. Já trago seu pedido. — disse Bianca.

Bianca levou o pedido de Renê.
— Bom apetite.

O admirou enquanto ele comia.

— O que esse homem tem de mais, meu pai? É  um sujeito completamente comum. Eu dou de 10 a 0 nele. — gritou Oswaldo, os funcionários deram risada da sua cara.

Renê terminou o almoço e Bianca foi retirar os pratos.

— Algo mais?
— Sim.

Bianca pegou o bloco de anotações.

— Pode falar.
— Eu quero sair com você. — disse Renê.
— Não.
— Por que não?
— Você é lindo, pode chamar qualquer outra mulher para sair com você.
— Eu gostei de você. Por favor, me dê uma chance, eu sou um cara legal.
— Eu não posso.

Renê subiu em cima da mesa.

— Bianca, saí comigo hoje a noite.

Bianca ficou vermelha, roxa, azul.

— Saí daí.

Todos ao redor olhavam curiosas aquela cena. Às funcionárias do restaurante entraram em êxtase.

— Tá bom, eu saio com você. Saí de cima da mesa, eu que limpo essa porcaria.

Renê desceu.

— Você tem problema? Sua mamãe não te ensinou que não é não?
— Ensinou. Poxa vida, eu só quero te conhecer.

Anoiteceu. Bianca saiu do trabalho, Renê a esperava dentro do carro.

— Sai do carro.
— Que?
— Vamos andando. Não quero ser vista com você dentro dessa nave espacial ridícula.

Renê desceu.

— Boa noite, Bianca.
— Boa noite.
— Posso te pagar algo? Um lanche?
— Não. Qual a necessidade de subir em cima da mesa? Você é normal?

Renê riu.

— Eu só queria sair contigo.
— Eu aceito um picolé como desculpa.

— Boa noite, Doutor. — disse a atendente da sorveteria.

Tomavam o sorvete e caminhavam.

— Você trabalha em qual hospital?
— Por que acha que eu trabalho num hospital?
— A atendente te chamou de Doutor, presumi que você é médico.
— Eu sou advogado.
— E o que um advogado boa pinta quer com uma garçonete?
— Olha, eu faço amizade com todo mundo, com motorista, com a faxineira, com gari. Não quero que um diploma interfira nas minhas amizades.
— Que discurso lindo, me deu vontade de te beijar de língua.

Renê não segurou a risada.

— Posso ver sua carteirinha da OAB? Meu ex dizia que era advogado, pedi para ver a carteirinha e ele desmentiu tudo.

Renê tirou sua carteira de documentos do bolso, lhe mostrou a carteirinha da OAB.

— Olha, ele é advogado mesmo. O que você gosta de fazer quando não está num tribunal?
— Viagens, ficar com meus amigos, tenho 3 cachorros eu saio para passear com eles. Eu amo cozinhar. Sou bem família, sabe. Sou palhaço, um bom amigo.
— Um homão desse em pleno século 21 e solteiro?
— Sim. Não achei minha cara metade.
— Enquanto não encontra sua metade, você faz garçonetes passar vergonha em serviço?

Riram.

— Foi mal.
Chegaram na casa de Bianca.

— Tchau Renê.
— Tchau.

Renê lhe deu um beijo na bochecha, Bianca desejou que fosse na boca, mas não foi assim.

— Eu gosto de você, de verdade, Bianca.
— Não sinta isso. Não se apegue a mim...

Bianca entrou em sua casa sorrindo.
Não era uma casa grande, tinha 3 quartos, 2 banheiros, a sala e cozinha, tudo muito simples e bem organizado. O ambiente tinha cheiro de flores.

— Boa noite, mãe. Boa noite, peste.
— Boa noite, baranga.
— para de chamar sua irmã de baranga. — gritou Rosemeire.

Bianca tirou sua peruca e deixou sua cabeça sem nenhum fio de cabelo a mostra. Sorria.

— Mãe, a Bianca tá sorrindo para o nada, estou com medo. — Gritou Enrico.
"Será que ele vai gostar de mim mesmo com câncer?- pensou Bianca."

Amor e outros sentimentos que me lembram você!Where stories live. Discover now