Capítulo 4: Para sempre meu Renê

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Renê foi no restaurante: Bianca não estava.

Renê foi na casa dela: também não estava.

— Ela foi fazer quimioterapia. —  Explicou Rosemeire.
— Em que hospital?
— O único hospital do câncer que tem no bairro, seu idiota. — Gritou Enrico.
— Enrico, cala boca. Desculpe, Renê. Eu te levo.
— Não será incômodo?
— Não. Estou de folga hoje.

Entraram no carro de Renê.

— Trabalha com o  que Rosemeire?
— Sou a gerente do supermercado.
— Legal. Eu trabalhei num mercado, quando comecei a faculdade, eu era estoquista.

Rosemeire sorriu.

— Minha mãe vai chegar no bairro hoje, vai se hospedar lá em casa. Se quiser jantar conosco para conhecê-la.
— Será um prazer.

Renê parou o carro em frente a uma loja, comprou flores e bombons. Rosemeire viu aquilo, achou que Renê fosse o cara mais fofo do universo, e realmente era.

— Gosta da Bianca de verdade, né? Nunca vi um rapaz fazer isso por ela.
— Eu amo a Bianca.

Rosemeire Damasceno Freire, tinha 56 anos de idade. Seu sonho sempre foi ser mãe, quando Bianca nasceu, ficou tão emocionada que desmaiou. O pai de Bianca, Enrico Leopoldo da Silva, nunca foi um boa bisca, sempre se encrencava.  Enrico Leopoldo da Silva Jr nasceu e o pai deles fugiu. Sim, foi embora sem avisar, deixando Rosemeire cuidar dos filhos sozinha. Bianca foi diagnosticada com leucemia mielóide aguda e ela ficou em estado de choque pela filha.

No hospital, Rosemeire ficou na recepção. Renê entrou na sala aonde Bianca fazia quimioterapia, lhe entregou as flores e os bombons.

— Você é um fofo. Não vai trabalhar?
— Vou para o escritório mais tarde. Quero ficar com você. Quando você sair volto para o escritório, deixo os casos organizados... Mais tarde, vou jantar com sua vó.

Bianca riu.

— Tem certeza? Minha vó é uma boca suja.
— No meu horário de almoço, vou vir aqui. Toda semana.
— Renê, não precisa.
— É só uma vez por semana.

Renê pareceu ficar triste.

— Minha irmã tinha leucemia, ela chamava Thamires. Eu estava  23 anos e ela 14. — Renê deu uma pausa. — Eu havia acabado de pegar minha carteira da OAB. Prometi a ela que seria um grande advogado, fui no hospital mostrar minha carteirinha... A Thamires já tinha morrido.
— Eu sinto muito.
— Como sua vó se chama? — Perguntou Renê mudando de assunto.
— Maya. Maya Freire. Não sei o que houve com a casa dela para ela precisar morar um tempo conosco. Deve ter sido despejada. — Renê Achou graça.  — Sua família é grande?
— Não. Minha mãe se chama Katarine, meu pai Bruno, eles tem 74 anos. Eu sou irmão do meio: Tem a Laís, eu e a Thamires que faleceu. A Laís é transsexual, agora se chama Robson. Meus pais são filhos únicos: não tenho tios nem primos. Meus avós morreram faz um tempão. Não tenho sobrinhos, pelo visto nem vou ter: Laís que agora é Robson, não quer filhos. Não somos uma família grande.
— Nossa. Eu iria adorar conhecer a Laís que agora é Robson, seus pais parece serem adoráveis.
— E eles vão te adorar.

— Eu cheguei. — Gritou Maya.
— Vó?
 

Amor e outros sentimentos que me lembram você!Where stories live. Discover now