𝟚𝟙 - 𝔸 𝕒𝕣𝕥𝕖 𝕕𝕒 𝕘𝕦𝕖𝕣𝕣𝕒

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- HATHAWAY -

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O CÍRCULO

CAPÍTULO VINTE E UM

A arte da guerra

"Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade."

Paul Valéry

Sete anos de prisão.

Eu poderia ficar aliviado por ter recebido uma pena menor do que a normalmente dada para guardiões que cometem assassinato. Meu caso foi julgado e recebi três anos a menos porque o motivo que me levou a matar aquele filho da puta foi vingança. Mesmo assim, regras são regras.

E eu quebrei uma das principais.

A prisão aqui no Círculo não funciona da mesma forma que as prisões humanas, me servem diariamente uma porção de A.P.E.S.T.E. e qualquer besteirinha humana que eu queira comer, apesar de esta última não ser tão frequente.

Eu fico em um quarto isolado do universo, não tenho contato com o mundo exterior, não tenho contato com os outros prisioneiros, apenas uma vez por dia um dos chimpanzés aparecem com minha comida e qualquer coisa que eu peça e seja permitido nessa área.

Tentei pedir uma das minhas espadas pra continuar treinando, mas eles me negaram, é o que mais me fez falta nesses últimos três anos. Sentir o aço em minhas mãos e os músculos doloridos por causa do manuseio sempre foi a minha fuga pra todas as cicatrizes que carrego por causa desses duzentos anos de existência.

Lutar com os outros guardiões, ensinar tudo o que eu aprendi na marra, sair todo quebrado e sentir a cura mágica depois de comer no terceiro céu, isso tudo só não é tão satisfatório quanto cospir sangue no chão depois de uma porrada, mas eu não tenho mais sangue, já me conformei há um tempo.

Minha rotina de exercícios se manteve, sempre acordo cedo e faço minhas flexões, abdominais, não preciso muito disso pra ficar em forma, mas meu corpo já está tão acostumado que ficar sem malhar é um pecado. Já fiquei dois dias sem comer por vontade própria só pra aproveitar mais a dor dos exercícios, já que a frutinha leva todas embora.

Quando não estou malhando, estou lendo. A bancada do meu quarto-prisão está lotada com todos os livros que li durante esses poucos anos que estou aqui preso. Demorei pra pedir o primeiro livro porque achei que não me entregariam, assim que percebi que livros são inofensivos e não tinham motivo pra me negar eu continuei pedindo um atrás do outro.

Livros de história humana, fantasia, romance, pedi até o livro "A arte da guerra" que eu estava adiando de ler há um século. A única literatura que me negaram foi pornografia, mas eu tenho uma memória boa, uma imaginação fértil e uma mão habilidosa, então não me fez tanta falta.

O Círculo - Park JiminOnde as histórias ganham vida. Descobre agora