Little Van Gogh.

1.4K 103 427
                                    

O jardim estava fresco, a brisa de fim de tarde abraçava suas peles enquanto Ana estava deitada de lado, com mãos e rosto apoiados no peito de Harry.

Seus olhos seguiam as ondulações cristalinas da piscina à frente, enquanto o céu cor de rosa também a iluminava.

Um momento tão delicado, que até mesmo os anjos ficariam com inveja.

Seu corpo era pequeno e gracioso. Diferente de uma estrada, diferente de uma linha reta. Mas igualmente bonito.

Ana sentia-se extremamente confortável, relaxada e em paz enquanto deitada ali, concentrando-se apenas nos movimentos lentos dos pássaros buscando por abrigo acima deles.

Ana podia respirar. Uma respiração pacífica, e então outra.

E Harry estava na exata mesma posição, cantarolando melodias aleatórias para si mesmo, olhos fechados enquanto apreciava o momento para apenas se sentir vivo.

Ao se deitar ao lado de sua melhor amiga, mãos cruzadas atrás da cabeça, Harry respirava fundo como se tivesse prendido a respiração por muito tempo.

Silenciosamente, agradeciam ao ar que os cercavam. Valorizavam a vida e onde estavam naquele momento do tempo.

Depois de tanta euforia, poucas palavras eram ditas. Com um amor como aquele, palavras sequer precisavam ser ditas.

Bastava estar um com o outro e era o suficiente.

O vínculo que Ana e Harry haviam desenvolvido ao longo do último ano era um que ela nunca havia esperado, para se dizer o mínimo.

Ana havia crescido para ser independente. Poderia fazer uma lista de melhores amigas que teve ou daqueles que diziam amá-la. Nenhum deles havia ficado. E ela sempre esteve bem à sua maneira.

Mas tinha Harry, e ele era de fato diferente. Parecia estar por perto há mais tempo do que qualquer outro. Harry nunca deixava de mostrar apoio, especialmente naqueles dias em que o apoio era tão necessário quanto a gratidão.

Ana havia sido injustamente rotulada a vida inteira como uma pessoa difícil de interpretar. Harry, de alguma outra forma, havia visto através dela no momento em que se conheceram. Na situação em que se conheceram.

Ele saberia dizer como a arquiteta estava se sentindo o tempo todo, como uma espécie de intuição estranha. Ele havia aprendido pequenas manias e hábitos que ela tinha ao mostrar certos estados de espírito.

Como quando estivesse se sentindo triste, Harry sabia que Ana escutaria músicas ainda mais tristes com a desculpa de que a acalmariam, ou assistiria episódios de uma mesma série repetidas vezes apenas por saber que jamais a decepcionaria.

Quando Ana estivesse irritada ou incomodada, Harry já havia notado que ela morderia o interior da bochecha e manteria as sobrancelhas franzidas na maior parte do dia.

E a garota fazia muito por Harry também, como massageá-lo nas costas depois de longos dias de atendimento ininterrupto na clínica. 

Quando Ana chegava em casa antes dele, o recebia com suas velas favoritas e uma refeição caseira pronta para devorarem juntos.

Harry sempre ia até Ana para opiniões sobre pinturas e letras, e ela nunca deixaria de ser honesta com ele.

Ana nunca havia sido rude, mas sempre dizia se gostava ou não do que ele mostrava e ainda fazia sugestões de brinde. Harry apreciava muito aquilo.

A opinião dela era aquela que ele valorizava acima de qualquer outra, simplesmente por ela participar de todos os seus processos.

Ana o conhecia e sabia do quê ele era capaz, e ela jamais o deixaria se conformar com uma ideia mediana.

Harry as my gynecologistWhere stories live. Discover now