Another someone.

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Girei as chaves e destranquei minha porta, adentrando o apartamento. Deixei a bolsa e minha jaqueta de lado, notando a presença de outra pessoa ali.

-Amor!

-André!

Exclamei ao vê-lo, em surpresa. André vem sendo meu companheiro há dois anos, tínhamos um bom relacionamento apesar de ele ter que viajar constantemente a trabalho.

-Está aqui há muito tempo?

Não morávamos juntos, mas ele tinha minhas chaves e eu as dele. Era mútuo.

-Não muito, estava em consulta? Eu mandei mensagens.

Ele disse firme, me trazendo para seus braços em um abraço. Eu tinha visto as mensagens, mas não tive cabeça para responder. Sinceramente, eu também não estava com cabeça para encontrá-lo de surpresa naquele momento.

O caminho da clínica até meu apartamento havia sido repleto de pensamentos e teorias. Quem era ele fora dali? Eu deveria estar pensando tanto naquilo sendo que tinha um namorado? Eu deveria estar com tanta vontade de buscá-lo nas redes sociais já que tinha um namorado? O que André pensaria daquilo?

Pessoas como Harry não perceberiam garotas como eu. Mas ele havia percebido, não havia? Ele parecia o tipo de pessoa que praticava esportes e saia com um grande grupo de pessoas, enquanto eu era do tipo de que sai com alguns amigos e lê um livro por mês.

André selou nossos lábios de pé naquela sala, e eu fechei os olhos dizendo a mim mesma para não pensar em Harry. Não fazia sentido. Suas mãos percorreram minha cintura e eu tentava não pensar na maneira como seus olhos pareciam ter algum mistério por trás deles.

Ou como seu sorriso poderia tornar meu dia melhor, estranhamente melhor. Fui conduzida até o sofá de couro, meu preferido. Estávamos há três semanas sem nos vermos. Como a voz de Harry soaria ao acordar? Rouca e cansada?

Eu lutava para não pensar na sensação de suas mãos grandes nas minhas ou em seus braços em volta do meu corpo, me segurando mais perto do que eu poderia imaginar.

André passeava a mão esquerda por baixo da minha camiseta agora e eu pensava na forma em como os lábios de Harry se moveriam ao dizerem um "eu te amo". Eu poderia garantir, tentava não pensar nele de maneiras que fizessem com que eu me apaixonasse tão fácil.

-André eu... Minha barriga dói um pouco, podemos não...?

Balancei a cabeça em negação, buscando seus olhos azuis. Eu não estava sentindo e sabia que aquilo provavelmente estragaria seu humor pelo resto do dia. Rapidamente suas mãos se soltaram de mim e o vi se ajeitar no sofá novamente.

-Tudo bem. -respirou em desanimo- Almoçou?

Fiz que não com a cabeça, observando seu próximo passo, me repreendendo mentalmente.

-Certo, fique aqui enquanto vou preparar alguma coisa mais leve então.

Ele explicou e minha mente enxergou como uma oportunidade. Naquele ponto eu já não poderia me segurar mais, eu só queria fazer uma pesquisa. O que de mal teria naquilo? Puxei meu telefone do bolso e comecei pelo Google.

Doutor Harry era formado em medicina pela King's College London, listada como uma das melhores faculdades de medicina em Londres.

-Britânico, eu sabia. -cochichei-

Nascido em Redditch, Worcestershire, também na Inglaterra. Vinte e sete anos de idade, três oficialmente na profissão. O quê estaria ele fazendo tão longe de casa?

Harry era conhecido na internet pelos seus diplomas, cordialidade e atenção ao atender. Menos de vinte e quatro horas após ter sido atendida e eu já havia aprendido mais sobre ele do que provavelmente seus colegas de trabalho.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora