Was it that bad?

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Limpei as partículas de suor frio da minha testa e fiz o que ele pediu, soltando minha respiração pesada e desejando que acabasse o mais rápido possível.

-Ok Ana, agora introduzirei dois dedos e pressionarei minha mão sobre seu abdômen. Qualquer desconforto ou dor você por favor me fale, certo? Você também pode acompanhar pelo monitor ao seu lado.

Harry explicou e, não tendo respostas da minha parte, assim o fez. Meu corpo estava congelado, aterrorizada.

Senti sua mão esquerda pairar sobre meu abdômen e dois de seus dedos com luvas adentrando minha vagina. Ele estava em pé agora.

Fechei os olhos, segurando o pano da cadeira cama abaixo de mim mais forte. Um frio gelado atravessava toda a minha alma ao senti-lo me examinar. Literalmente.

Cuidadosamente ele mexia os dedos por entre minhas pernas, eu não sabia dizer o que eu sentia. Não sabia se eu sentia medo, desconforto, ou desespero.

Ondas de vergonha tomavam o meu corpo, me deixando paralisada, com o coração na boca. O que ele estaria pensando? Depois de ter visto tantas vaginas por aí, a minha se enquadraria em seus padrões?

O toque da sua pele enluvada me fazia tremer.

-Tudo bem?

Ele perguntou ao mesmo tempo em que tirou seus dedos, me despertando.

-Tudo... -respondi nervosa e sem jeito-
-Aparentemente está tudo bem com o seu útero.

Ele explicou se afastando até uma pequena pia próxima de nós. Fechei as pernas imediatamente e o olhei, estava de costas agora.

-Esse exame é fundamental para o diagnóstico de endometriose e doença inflamatória pélvica.

Falou enquanto jogava suas luvas de plástico usadas na lixeira preta, prosseguindo lavando as mãos. O doutor tinha um longo jaleco cobrindo o seu corpo, mas aquilo não impedia que eu notasse suas silhueta.

Costas e ombros largos, braços fortes. Cantarolava versos de alguma canção que não pude decifrar naquele momento. Seus pés devidamente calçados se mexiam a medida que sua boca cantarolava aquela melodia, criando de fato um som.

O cabelo dele. Eu havia criado uma linha imaginaria onde o cabelo dele fazia uma linha até as suas costas e descia reto até o quadril. E eu ainda me perguntava o porquê mas... Meu coração simplesmente não saberia como não ser apaixonada por ele.

Harry ameaçou se virar e eu imediatamente me virei para o outro lado.

-Prontinho, agora introduzirei um espéculo descartável na senhorita. Posso?

Ele era quem estava no controle ali, mas ainda assim perguntava. Fiz que sim com a cabeça e o vi se aproximar de novo, mas não desviei o olhar desta vez.

Eu gostaria de poder capturar sua beleza em uma moldura preta e branca, para depois pendura-la onde só eu poderia aprecia-la.

Infelizmente eu não era pintora.

Harry introduziu o objeto em mim, fazendo o que tinha que ser feito para concluir minha checagem anual. A diferença, agora, é que eu o olhava.

Mas não se engane, eu poderia desmaiar a qualquer momento. Talvez eu pudesse escrever músicas sobre como seus olhos verdes dançavam e olhavam para mim de volta, mas tenho certeza que não lhes faria justiça.

Ele tinha algo como uma inocência angelical.

Tive a impressão de que ele sorriu por trás da máscara algumas vezes, ele sabia exatamente o que eu estava pensando. Ele sabia perfeitamente o porquê de tantas mulheres esperando por uma consulta do lado de fora.

Eu sentia meu coração bater forte e minha pele se arrepiar só com o pensamento da pele dele podendo tocar a minha a qualquer momento.

-Apenas relaxe...

Ele pediu baixinho. Estaria eu excitada ou aterrorizada?

-Estamos finalizando.

Eu gostaria de poder dizer às pessoas o quanto ele era realmente bonito... Quando ele está sobre seus pés ou sentado, bolando alguma explicação sobre seus próximos procedimentos médicos, ou sobre qualquer coisa em geral que o fazia feliz, seus olhos seguravam um certo tipo de luz que me faziam querer nunca desviar o olhar.

O que o fazia feliz? O que ele gostava de fazer quando não vestia aquele uniforme?

-Pronto Ana, você pode se trocar no quarto.

Ele sugeriu já sem as luvas, estendendo a mão para mim. Aceitei a ajuda segurando a camisola com a outra mão, sorrindo em resposta.

Caminhei até o quarto e era como se meu sangue aos poucos voltasse a correr por entre minhas veias. Voltei para a sala principal com meus jeans e o encontrei sério, concentrado, escrevendo com uma caneta dourada.

-Aí está você! -sorriu- Estou anotando algumas observações aqui, mas os resultados detalhados chegarão em vinte e quatro horas no e-mail que você informou lá fora. Ok?
-Muito obrigada.

Sorri de volta.

-Bom... Está se sentindo bem?

Eu derretia por dentro. Fitei minhas pernas e passei as mãos ali, como se quisesse disfarçar alguma coisa.

-Foi a minha primeira consulta com um médico homem, eu fui pega de surpresa então... -respirei- Acho que me saí bem.
-Foi tão ruim assim?

Ele cochichou, um tanto sexy, enquanto fitava disfarçadamente minha boca. Guiei os olhos dele até os meus novamente, sentindo leves fisgadas na alma.

-Não foi..

Harry sorriu sem graça se ajeitando em sua cadeira, me fazendo corar e sorrir quietinha de volta. Talvez amá-lo seria como finalmente ter aquele tipo de amor que eles criavam nos filmes.

-Fico feliz, é a parte mais gratificante do trabalho.

O pequeno sorriso estampado no rosto dele se transferia até o meu, quase como se nós nos sentíssemos da mesma maneira.

-Aqui está o meu cartão com algumas informações caso precise de outras consultas ou alguma coisa.

Os olhos esmeralda esticou a mão direita e me entregou um pequeno cartão com seu e-mail, nome e telefone. Ele fazia o mesmo com as outras pacientes?

Harry levantou primeiro, ele era calmo enquanto o sangue formigava em calor dentro de mim.

-Obrigada por me atender mesmo estando corrido entre você e a outra doutora.

Falei alcançando a porta. Eu podia imaginar uma longa conversa com ele sem nunca ficar entediada.

-Foi um prazer.

Harry sorriu ainda mais doce. Tão fácil de gostar. Simples e direto. Charmoso, doce, essencialmente perfeito.

Eu podia imaginar qualquer coisa com ele.

-Até a próxima.

Ele falou por último, estendendo-me a mão.

Suas mãos passaram pela minha cintura, me mostrando o caminho. Um frio na barriga quase insuportável cresceu dentro de mim no mesmo instante. Um calor, uma sensação boa.

Harry era tão mais alto, suas mãos eram grandes, eu podia sentir. Seu cheiro era sutil. Sutil e doce. Lembrava flores.

-Até.

Harry as my gynecologistWhere stories live. Discover now