25. funeral fog

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Alex acordou antes de mim, só acordei depois que a ouvi saindo do banho só com uma camisa do Metallica e calcinha. Era comum que andássemos as vezes sem short ou camisa pela casa, afinal, estávamos em casa. No primeiro dia foi estabelecido a regra que estava tudo bem fazermos isso, mas sem comentários idiotas ou ficar encarando demais. Mesmo assim não me sentia muito feliz com os outros olhando seu corpo assim, tentei afirmar para mim mesma que talvez fosse coisa da minha cabeça, mas os olhares de Øystein em direção à suas pernas quando ela passava era bem nítido.

"Algum problema?", ela perguntou quando percebeu que eu havia acordado, ela estava sentada no chão, procurando por alguma coisa na gaveta do seu guarda-roupas, puxou um par de meias de lã limpas antes de se levantar e as entregar para mim. "Usa isso a noite, seu pé é muito frio", corei com a ideia de ter chutado ela durante a noite, normalmente meu sono é muito leve, então eu acordaria se tivesse feito, mas naquela noite eu dormi como um bebe.

Ela aproximou seu rosto do meu, tocando minha testa com as costas da mão. "Você está doente?", pude sentir um cheiro de morango suave, eu quase pulei da cama para me afastar, com certeza meu rosto deveria estar mais vermelho que antes, tentei me virar de costas para que ela não me visse.

"Estou bem!", ela me olhava com uma cara confusa, mas não falou nada.

De fundo eu ouvia uma conversa abafada, parecia vir da cozinha mas não consegui identificar de quem eram as vozes, por um instante eu a invejei por ter um quarto tão silencioso. As vozes invadiram o silêncio quando ela abriu a porta.

"Alex! Eu tenho...", Øystein começou a falar mas parou assim que me viu sair do quarto, Jørn estava lá também, sendo junto a ele na pequena mesa redonda na cozinha, ele deixou a xícara de café na mesa antes de cobrir o sorriso no rosto com a mão. Aarseth pareceu furioso. "Então eram vocês fodendo ontem?! Porra! Da próxima vez façam mais silêncio, pareciam dois gatos trepando!".

Alex soltou um grunhido enquanto ouvia Øystein reclamar, colocando café na sua xícara. "Não éramos nós, não fizemos nada, eu apenas chamei Pelle para dormir no quarto ao invés de dormir no sofá", ela explicou, literalmente se jogando na cadeira.

"Reclame com Jan, ele trouxa mais uma puta ontem à noite", cruzei os braços, parando perto da mesa, Jørn me olhou com as sobrancelhas levantadas, Alex cuspiu o café de volta na xícara.

"Você trocou o sal com o açúcar de novo?!", ela perguntou. "Que café ruim da porra!", Alex se levantou, provavelmente para fazer outro café, Jørn riu alto olhando para Øystein.

"Você não acordou a tempo! Eu tentei fazer o meu melhor!", ele provavelmente estava achando o café um lixo, mas não iria admitir, ele provavelmente deveria já ter tomado umas 2 xícaras para não ter que admitir, olhei para o copo de Jørn ainda cheio, conhecendo ele, provavelmente fingiu que estava bebendo. Alex resmungava enquanto esquentava a água e preparava algumas torradas para ela. "Mas.. Como eu ia falando, tenho uma novidade", ele deu um gole no café e fez uma cara de arrependimento logo em seguida. "Pelle, pode acordar Jan por favor?".

"Ele não vai levantar agora e nós sabemos disso", eu falei, ele provavelmente estaria de ressaca ou sabe-se lá, mas eu fui até o quarto mesmo assim. Ele parecia ter passado a noite brigando com o lençol dele, estava roncando e o quarto fedia, eu esmurrei a porta do guarda-roupa. "Jan!", praticamente gritei. Ele resmungou algo e se enrolou no lençol, voltei para a mesa, não tão disposto para gastar minhas energias o acordando.

"Qual a novidade?", Alex se sentou na cadeira que ela estava antes.

"Jørn, tambores por favor?", Stubberud imitou o rufar de tambores na mesa. "Teremos um show", essa eu realmente não espera, me animei até ouvir a risada da garota.

"Show?! Mas nem temos onde ensaiar! Sem falar que todas as outras vezes nunca deram certo".

"Calma, pequena Alex, calma!", ela levantou as sobrancelhas. "Nós temos um lugar para ensaiar, e dessa vez vai dar certo", ela se levantou para terminar o café enquanto Øystein continuava. "Jørn lembra dos garotos do Vomit? Infelizmente a banda acabou mas ainda temos o lugar que eles usavam para a gente ensaiar".

"Bom, pelo menos uma notícia boa!", ele jogou o café na pia para pegar o recém preparado por Alex.

"Teremos o show mais maléfico que esse país já viu!", o guitarrista realmente parecia animado, então comecei a entrar na onda.

"Podemos usar aquela ideia da cabeça de porco, pegar algumas no açougue e deixar elas empaladas no palco", os olhos de Øystein brilharam ao ouvir o que eu falei. "Não vejo a hora de espantar aqueles fracos dos shows!".

O lugar de ensaio dos garotos do Vomit era uma escola de Jardim de Infância, mais precisamente o auditório dela, aparentemente eles não usavam mais aquele espaço, já que haviam construído outro auditório mais moderno, então o antigo ficou de depósito e agora como nosso lugar de ensaio. Dava para ver que não tocavam naquele lugar havia algum tempo por conta da poeira, Alex espirrava a cada 2 minutos, foi um pouco difícil ensaiar enquanto ela tinha reação alérgica à poeira, mas o som dos instrumentos cobriam seus espirros.

Começamos a ter ideias para a música que eu havia escrito, chamada "Funeral Fog", era sobre uma vila na Transilvânia onde uma estranha fumaça aparecia e matava seus moradores, Alex estava espirrando tanto que sequer percebeu que a letra era baseada no sonho que ela me contou há alguns meses.

QUARTZ EYES, per ohlin (PT-BR)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ