64

347 23 7
                                    

•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•

Tramando algo 

•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•

Embora já estivéssemos em casa e em segurança, após o reencontro com meu pai biológico, por mais que tentasse, eu não conseguia parar de pensar naquele homem.

Meu corpo inteiro se arrepiava com a ideia dele estar tão perto assim de mim, da minha família, dos meus amigos, até mesmo os menores conhecidos, e isso me deixava inquieta.

Ele estava tramando algo. Definitivamente estava.

Conseguia sentir pela forma como conversamos, suas atitudes tão frias, mas aquelas palavras quase inaudíveis para o túmulo...

"É nostálgico estar de volta. Nossa filha cresceu bem, você não acha?"

Eu quase era capaz de ser enganada por ele. Por aquela pontada de amargura na voz, como se estivesse arrependido. Ou talvez eu fosse apenas uma idiota.

Não seja tola, Nalu, digo. Foi aquele mesmo homem que matou sua mãe.

O mesmo que tentou tirar a vida de Holden e que, também, odeia você.

- Não deveríamos ter deixado ele ir, Jaebum - disse pensativa, assim que ele saiu do banheiro com uma toalha branca em mãos. - É perigoso, aquele homem é um monstro, e está solto por aí tão deliberadamente...

Se aproximando, ele jogou a toalha em minha direção.

- Enxugue o seu cabelo primeiro, Nalu.

Eu segurei a toalha, olhando-o desacreditada.

- Sério?!

- Sério.

- Você ao menos está me ouvindo?

- Claro que sim. Cada palavra sua.

- Então sabe que meu cabelo não é o importante agora.

- Talvez não para você, mas é para mim. Não quero que pegue uma gripe, Nalu. Não nessa situação que estamos. E se você não sabe ou não quer cuidar de si mesma, eu cuido. Vamos, enxugue-o.

Um sentimento esquisito cresceu em meu estômago. Algo como borboletas, desejando desesperadamente sair. Eu fiquei sem reação por alguns segundos.

- Isso não é justo - falei, aceitando a toalha.

- O quê? - ele parecia um pouco confuso.

- Você sempre faz isso. Pedindo que eu cuide de mim mesma, cuidando de mim mesma quando eu mesma já desisti, mas você ao menos faz o mesmo consigo mesmo, Jaebum?

Me levantando, parei em frente ao segurança, jogando a toalha em suas madeixas molhadas. Eu não era a única encharcada naquele quarto, eu não era a única que precisava se enxugar para evitar uma maldita gripe.

- Você nem percebeu que se molhou, amigão. Então seque o seu cabelo também - continuei. - Porque se você vai me obrigar a ter mais atenção comigo mesma, eu vou fazer o mesmo com você.

O segurança soltou um suspiro impaciente, acenando com a cabeça e tocando minhas mãos, que ainda seguravam a toalha posta em sua cabeça. O toque quente da mão dele contra a minha, fazendo-me relaxar um pouco.

- Sei que seu pai está solto por aí, Nalu. Que deve ser difícil pensar em qualquer coisa, quando um homem perigoso ronda os mesmos locais que você, mas... Não pode deixar que isso destrua você. Estou falando sério, precisa se cuidar mais.

- Eu também estou falando sério. Você também.

- Eu vou.

- Promete para mim?

- Nalu...

- Prometa, Jaebum.

- Apenas se você prometer.

- Não será problema, então.

Eu ergui minhas mãos, para selarmos nossa promessa, e ele sorriu.

- Você... sinceramente...

- Desculpe, mas preciso me assegurar de manter um dos meus homens favoritos vivo - pisquei para ele, ao juntarmos nossas mãos, selando nosso pequeno pacto.

- Um dos? - o sorriso dele cresceu. - Quem são os outros?

- Segredo de estado.

- Então você tem alguns segredos de mim? Um dos seus homens favoritos? - provocou o segurança.

Ele segurou minha cintura, levando-me para mais perto dele.

- Você não tem? - perguntei de volta, sorrindo.

De repente, seu rosto mudou um pouco de expressão. Jaebum ficou um pouco mais sério e o olhar... vazio. Era o mesmo vislumbre que ele tinha quando eu perguntava algo que não queria responder. Aquele incômodo na sua mente, que ele tentava fingir que não existia, mas eu sabia, estava ali. E ultimamente, mais presente do que nunca.

Eu sabia que ele tinha segredos. Lógico que ele possuía.

Só era estranho sempre que tocavámos no assunto, porque sua reação dizia muito mais que suas próprias palavras e, às vezes, isso me deixava insegura e intrigada.

- Você parece pensativo desde que chegamos - disse, mudando de assunto. - E não tente me dizer que não é nada, conheço você, sei que tem algo te preocupando.

Ele demorou alguns segundos para responder, apenas olhando-me em silêncio.

- Você.

- Eu?

- Só estou preocupado com você.

- Você não precisa...

- Lembra de quando estávamos em Miami? Aqueles homens atrás de nós como caçadores famintos? - ele perguntou e acenei com a cabeça, analisando-o. Jaebum pausou sua frase por alguns segundos, pensando em suas próximas palavras, antes de continuar: - Tem um motivo pra isso. E não estou falando que matar alguém é justificável, Nalu. Nós dois sabemos muito bem que não é, mas...

Jaebum parou de falar novamente, passando a mão pelo cabelo molhado. Inquieto, ele se afastou de mim, começando a caminhar de um lado para o outro.

- Jaebum... O que exatamente você quer me dizer?

- Não quero que você me odeie, Nalu.

- Por que eu odiaria você?

- Porque tudo isso que estar acontecendo agora... talvez, seja em parte, culpa minha.

Franzi a sobrancelha, confusa com a situação.

- Do que está falando?

- É complicado.

- Então comece do início.

O segurança encarou a pulseira em minha mão, inquieto. Os lábios se moveram para continuar sua explicação, mas ele foi impedido, quando seu celular tocou.

Retirando ele do bolso, Jaebum fez uma careta, forçando o maxilar, incomodado. Ele olhou para mim com certo receio, antes de dizer:

- Preciso atender. Podemos conversar depois?

Desejei dizer que não, eu não queria conversar depois, mas sim resolver tudo o que precisávamos resolver agora, mas somente acenei, permitindo que ele saísse do quarto.

Por que diabos tudo isso era culpa dele?

Não fazia sequer um pingo de sentido. 

New security ❄ Im JaebumWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu