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Amigão

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Dentre os três vestidos entregues a mim por Terê, optei pelo mais chamativo. Ele continha uma cor vermelha, alcinhas finas e ia até os meus joelhos, com delicados detalhes de renda em baixo. Não que vestidos até o joelho fossem muitos chamativos, não eram. Bom, pelo menos eu não os considerava tanto. O que realmente me chamou atenção, foi sua bela cor e o modo como ele valorizou meu corpo.

Em seguida, calcei um salto alto de cor nude e coloquei alguns acessórios. Entre eles, estava o colar que papai havia me dado ano passado, quando completei vinte e um anos, e os brincos de pérolas que Jackson havia me obrigado a comprar na última vez que fomos juntos para o shopping e, tenho que admitir que, embora eu tivesse me recusado na hora, agora, olhando-o melhor, ele era realmente belo.

Após finalmente me aprontar, olhei o relógio encima da porta do meu quarto e sorri para mim mesma. Ainda faltavam quinze minutos para às oito, o que significava que eu poderia pegar meu celular e enviar algumas mensagens para os meus amigos, perguntando aonde diabos eles foram parar ontem.

Dúvidava que estivessem acordados, mas ao menos, era provável que me respondessem assim que acordassem.

- Aonde está meu celular? - olhei na cabeceira da cama, local onde eu sempre o deixava, mas não estava lá. Então, caminhei em direção da cama, balançando os lençóis da mesma. Se eu estivesse sorte, o encontraria antes dele ter a oportunidade de cair no chão. Todavia, ele também não estava lá.

A sensação de ter perdido meu celular de repente me fez ficar desesperada, e lutei contra a vontade de surtar.

Eu perdi meu celular. Eu perdi meu celular. Eu perdi meu celular.

Comecei a procura-lo em todo quarto, e a cada partezinha dele que eu passava e não o encontrava, o desespero já aumentando. Por fim, sentei-me no chão, tentando evitar a vontade absurda de chorar.

A única foto que eu tinha da mamãe estava no meu celular. E sei que é burrice deixa-la lá, já que eu poderia simplesmente revelar e colocar em um quadro, mas com tanta correria do dia-a-dia eu nunca lembrava. Ou melhor, até lembrava, mas isso era sempre de madrugada, quando a saudade batia e eu olhava nossa foto juntas. A foto em que seu sorriso iluminava meu mundo e o de papai. A foto em que sua esperança era tão notável, mesmo após um fim trágico.

- Nalu? Faltam exatamente cinco minutos para às... oito. - escutei a voz do meu segurança dizer após a porta ser aberta, mas não o encarei. Eu apenas continuei sentada no chão, sem saber o que fazer. - O que aconteceu? - ele se aproximou, abaixando-se para tentar encarar meus olhos.

- Eu perdi. - murmurei, sem animação alguma. - Eu perdi a única lembrança que eu tinha dela.

Como se estivesse entendido a quem eu me referia, ele tocou meu ombro nú e sua mão gélida causou um leve arrepio em minha pele.

- Você está falando da sua mãe, não está? - perguntou. Era óbvio que ele sabia. Quando mamãe morreu, sua notícia espalhou-se por todo o mundo, já que ela era dona de uma das empresas de maquiagem mais reconhecida e usada entre as mulheres - e homens, por que não? -, do mundo.

Além disso, em seu enterro, fizeram questão de tentar "gravar sua família em um momento de luto", numa tentativa de comover os demais. Então, se ele estivesse me visto chorando em meio às câmeras e sendo levada para o carro as pressas, eu não me surpreenderia. Todo mundo viu.

New security ❄ Im JaebumOnde as histórias ganham vida. Descobre agora